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Cotidiano
Três anos depois do surgimento dos primeiros casos de Covid na cidade de Wuhan, na região central do país, o gigante asiático tenta conter a doença
26/12/2022 às 10:13 atualizado em 26/12/2022 às 10:18
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Muitos hospitais estão lotados, e as farmácias sofrem com a falta de remédios | Reprodução/Nações Unidas/YouTube
Nos primeiros comentários públicos desde que a China relaxou as restrições de combate à Covid, no começo do mês, o líder Xi Jinping pediu nesta segunda-feira (26) às autoridades do país que tomem medidas para "proteger com eficiência" as vidas de seus compatriotas diante do avanço da doença.
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"Deveríamos lançar uma campanha sanitária patriótica de maneira mais afinada", para fortalecer "a prevenção e o controle" da pandemia e "proteger eficazmente a vida, a segurança e a saúde da população", afirmou o dirigente chinês, em declaração citada pela emissora estatal CCTV.
O atual premiê, Li Keqiang, também mencionado pela mídia estatal, desta vez pela agência de notícias Xinhua, destacou ainda que todos os níveis do governo devem intensificar seus esforços para garantir que as demandas por tratamento e suprimentos médicos sejam atendidas.
Três anos depois do surgimento dos primeiros casos de Covid na cidade de Wuhan, na região central do país, o gigante asiático tenta conter uma alta explosiva do número de contaminados pelo vírus.
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Muitos hospitais estão lotados, e as farmácias sofrem com a falta de remédios. Diversos crematórios indicaram à agência de notícias AFP o recebimento de uma cifra elevada de cadáveres. Guangzhou, com 19 milhões de habitantes, havia anunciado que adiaria suas cerimônias fúnebres para depois de 10 de janeiro em razão de um "aumento significativo de demandas" -a justificativa depois foi retirada da nota.
Ainda assim, muitos lotaram os metrôs de Pequim e Xangai, numa atmosfera que contrasta com o cenário na metrópole em abril e maio, quando restrições pesadas foram impostas. "Estou preparado para viver com a pandemia", disse o morador Lin Zixin, 25. "Lockdowns não são uma solução de longo prazo."
Um mercado de Natal montado anualmente em Bund, distrito comercial de Xangai, recebeu muitos visitantes durante o final de semana, assim como multidões encheram a Disneylândia da cidade e o parque da Universal Studios na capital chinesa. O número de viagens para locais turísticos em Guangzhou cresceu 132% desde o último fim de semana, segundo o jornal local The 21st Century Business Herald. "Agora todos voltaram à rotina normal", disse um residente de Pequim de 29 anos e sobrenome Han.
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Até agora, a China só reconheceu oficialmente seis mortos por Covid desde a retirada das restrições. Mas, de acordo com muitos especialistas, esse balanço seria muito inferior ao número real de óbitos, em um país em que uma parte considerável dos idosos não estão vacinados contra o coronavírus.
No domingo (25), a Comissão Nacional de Saúde do país anunciou que deixará de divulgar os dados diários de casos e mortes por Covid, como fazia desde o início de 2020. O órgão, que tem status de ministério, não deu justificativas para a decisão. Dez dias antes, porém, declarou que o rastreamento de casos se tornara praticamente impossível desde a flexibilização das medidas de controle, porque, ao decretar o fim da obrigatoriedade dos testes PCR e a permissão para quarentena domiciliar, os chineses passaram a realizar exames em casa, e a maior parte deles não comunica os resultados às autoridades.
A comissão acrescentou que o Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) chinês publicará informações sobre o surto, mas não especificou que dados serão divulgados e com que frequência. Também o CDC tinha anunciado que não publicaria relatórios diários sobre o coronavírus no início do mês.
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Outra controvérsia que pôs os dados oficiais em xeque foi uma nova metodologia imposta pelo regime. Só as mortes decorridas de pneumonia ou insuficiência respiratória ocasionadas pelo coronavírus são contabilizadas como óbitos relacionados à doença. Desde a suspensão da política de Covid zero, as autoridades só atribuíram seis mortes ao vírus, e a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma não ter recebido nenhum dado sobre novas hospitalizações a partir da data.
Diante do apagão de dados, algumas províncias passaram a divulgar suas próprias estatísticas. É o caso da província de Zhejiang, a cerca de 200 km de Xangai, que conta com cerca de 65 milhões de habitantes.
Segundo as autoridades, os contágios diários hoje superam um milhão, e a quantidade de pacientes que visitaram clínicas aumentou 14 vezes desde a semana passada. Pedidos de internação no centro de emergência da capital local, Hangzhou, mais do que triplicaram em relação à média do ano passado.
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A mudança no curso da polêmica política de Covid zero, que incluía práticas como confinamentos em larga escala e internação sistemática de pessoas contaminadas, vem na esteira de uma série de mobilizações populares realizadas nas principais cidades e universidades do país no final de novembro.
Os protestos foram o desafio público mais forte à liderança de Xi e vieram cerca de um mês após ele ser coroado com um inédito terceiro mandato à frente do regime. Também se inseriram na desaceleração da economia chinesa, com o país registrando a maior queda no fluxo do comércio em dois anos e meio.
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