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Cotidiano
Maior parte é de usuários de drogas de outras regiões da cidade em busca de uma vaga de internação
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Questionado, o diretor não informou o percentual de pacientes oriundos da cracolândia entre as internações | Rovena Rosa/Agência Brasil
Menos da metade dos atendimentos em centro de tratamento para dependentes químicos inaugurado pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) é de frequentadores da cracolândia. A maior parte é de usuários de drogas de outras regiões da cidade em busca de uma vaga de internação.
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Inaugurado no início de abril, o HUB de Cuidados em Crack e Outras Drogas foi anunciado nos primeiros dias do governo em meio a um pacote de medidas para ampliar as taxas de internação das pessoas que frequentam as ruas conhecidas pelo uso de drogas na região central de São Paulo.
De acordo com o diretor do HUB, Quirino Cordeiro Júnior, a inauguração do centro atraiu uma grande demanda reprimida de dependentes químicos de todas as partes da cidade em busca de internação para superar o vício. "Temos uma preocupação específica com as cenas abertas de uso de drogas e estamos fazendo esse trabalho [da busca ativa de usuários], porém, quando nós abrimos o serviço, nos deparamos com a demanda reprimida absurda", disse. "Isso é uma coisa que nós não conseguimos controlar porque a ideia da criação do HUB é um serviço porta aberta", continua.
Ele se refere a moradores de outras regiões da cidade, não necessariamente em situação de rua, que procuraram o serviço após o governo ter anunciado a ampliação de vagas em hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas.
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Na gestão anterior, segundo ele, eram oferecidos apenas acompanhamentos ambulatórios aos usuários de drogas que procuravam o equipamento inaugurado em 2013 como Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas). "Ofertamos o cuidado de acordo com a necessidade dos pacientes, diferente do que acontecia antes, quando as internações não eram oferecidas", disse.
Cordeiro Júnior afirma "não ser um problema" o fato de a maior parte dos pacientes do centro não vir da cracolândia, ponto crítico da cidade que reúne pessoas em graus elevados de dependência química.
"Atendemos quase 3.500 pessoas meio a meio [de fora e de dentro da cracolândia], mas do ponto de vista numérico, o desempenho é bom. Nós atendemos muita gente", disse.
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Dados fornecidos pela secretaria estadual de Saúde apontam que o HUB atende majoritariamente homens (87,6%) com idade entre 26 e 59 anos (85,4%) que consomem crack (71,5%) e são viciados em álcool (77%).
Um percentual menor, 15,1%, afirmou usar canabinoides sintéticos, termo científico para a droga conhecida como K9, K2 ou Spice.
Dos 3.400 atendimentos no pronto-socorro do HUB desde abril, 58,6% resultaram em internação; o número de encaminhamentos é quatro vezes maior do que o registrado na gestão anterior, do tucano Rodrigo Garcia.
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Pouco mais da metade foi para leitos em hospitais psiquiátricos e 43,5% foram para comunidades terapêuticas com convênio com o governo estadual.
Entre os critérios que definem o tipo de tratamento dispensado, o diretor cita a presença de comorbidades psiquiátricas ou clínicas. No caso de quadros psicóticos e com risco de suicídio ou diagnósticos clínicos, como tuberculose, a indicação é encaminhar para hospitais psiquiátricos. "Pacientes que precisam de tratamento em um ambiente protegido e não têm um quadro clínico tão agudo são encaminhados para comunidade terapêutica", diz Quirino Júnior.
Questionado, o diretor não informou o percentual de pacientes oriundos da cracolândia entre as internações.
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Entre os cerca de 880 pacientes encaminhados a comunidades terapêuticas, 86 foram para o Grupo de Assistência a Dependência Química Nova Aurora, localizado em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo). Usuários levados para lá relataram falta de acesso a especialistas e rodas de orações antes das refeições. Procurada, a diretora Dulcineia Paulino disse que encaminha usuários para atendimento na rede pública e que ninguém é obrigado a rezar.
Segundo o diretor do HUB, o prazo de três meses desde o início de funcionamento do equipamento é curto para avaliar a efetividade das internações. "As comunidades terapêuticas têm um período mais longo de internação, então essa avaliação ainda demanda um tempo", diz.
Levantamento semanal feito pela Secretaria da Segurança Pública apontou que 1.106 pessoas frequentam, em média, a cracolândia por dia, com pico de 1.286. O número se mantém estável com tendência de alta desde o início da divulgação dos boletins das cenas abertas de uso de drogas, na segunda quinzena de abril. Uma semana após a inauguração do HUB foram contabilizadas 898 pessoas na cracolândia, com pico de 1.326 no período da tarde.
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