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Cotidiano
Quase um mês após o começo do conflito, Zelenski segue negociação com Moscou
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Presidente ucraniano Volodimir Zelenski | DIVULGAÇÃO/PRESIDÊNCIA DA UCRÂNIA
Às vésperas de completar um mês de guerra na Ucrânia, o presidente Volodimir Zelenski disse em um discurso na noite de terça-feira (22) que as negociações de paz com a Rússia avançam em ritmo lento.
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A invasão determinada por Vladimir Putin fez com que aproximadamente um quarto da população ucraniana deixasse suas casas. Apesar da tensão que transcende o Leste Europeu, a avaliação de analistas é de que as forças russas sofreram perdas significativas e estão paralisadas por pelo menos uma semana na maioria das frentes devido a problemas de abastecimento e à resistência da Ucrânia.
A "operação militar especial", como Moscou quer chamar a guerra, não conseguiu capturar nenhuma das grandes cidades ucranianas, mas tem intensificado a pressão sobre pontos estratégicos, como Mariupol. A região portuária está sob cerco russo e vive uma grave crise humanitária.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viaja à Europa nesta quarta-feira (23). Trata-se da primeira viagem do democrata ao exterior desde o início da guerra, e a expectativa é que dela decorram novas medidas para aumentar a retaliação contra Moscou.
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Biden vai se reunir com líderes europeus e da Otan, a aliança militar ocidental, em Bruxelas, na Bélgica. O americano também deve ir à Polônia, país que faz fronteira com a Ucrânia e para o qual foi a maior parte dos refugiados -2,1 milhões do total de 3,6 milhões contabilizados pela Organização das Nações Unidas.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, adiantou nesta quarta dois temas que devem ser tratados na cúpula: a preparação de novos grupos de batalha na Europa Oriental para impedir a Rússia de atacar qualquer um dos membros da aliança militar e o envio de mais assistência à Ucrânia, incluindo equipamento para "se proteger contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares".
Um resultado mais imediato da articulação de Biden com seus aliados na Europa é esperado nesta quinta-feira (24), com o anúncio de uma nova rodada de sanções contra a Rússia. De acordo com a imprensa americana, o pacote de retaliações dos EUA deve incluir medidas contra parlamentares russos.
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A expectativa da Ucrânia é a de que Putin, que não conseguiu subjugar o vizinho rapidamente como esperava, seja agora obrigado a recuar para negociar um cessar-fogo e a retirada das tropas russas.
"É muito difícil, às vezes conflituoso, mas passo a passo estamos avançando", disse Zelenski.
O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, também disse reconhecer progressos "aparecendo em várias questões-chave". Sem detalhar quais seriam esses avanços, disse que eles são suficientes para encerrar o período de hostilidades. As Nações Unidas, no entanto, dizem não ver sinais de que a Rússia está pronta a se comprometer com o fim do conflito.
Moscou deu mais exemplos disso, na retórica e na prática. Em entrevista à CNN americana, o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a descartar a possibilidade de usar armas nucleares. Segundo ele, esse é um recurso que a Rússia poderia utilizar em caso de uma "ameaça existencial" -o que se entende como uma referência à expansão da Otan em nações do seu entorno. A garantia de que a Ucrânia não integrará a organização está na lista de exigências de Putin para o fim da guerra.
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Na prática, a Rússia intensificou o cerco sobre Mariupol. A tomada da cidade seria estratégica para os interesses de Moscou, uma vez que poderia se tornar uma ponte entre a Crimeia, anexada em 2014, e os territórios separatistas no leste. No início da semana, forças russas deram um ultimato para que a cidade se rendesse -a proposta foi recusada pelas autoridades ucranianas.
Imagens de satélite da empresa americana Maxar mostram a destruição maciça do que já foi uma cidade de mais de 400 mil pessoas, com colunas de fumaça subindo de prédios residenciais em chamas. Apesar de Mariupol ocupar uma posição central no desenrolar do conflito, as informações sobre o cenário local ainda são imprecisas, uma vez que a imprensa tem sido impedida de reportar livremente.
Zelenski acusou as forças russas de bloquear a passagem de um comboio que levaria ajuda humanitária aos civis que permanecem em Mariupol e de sequestrar 15 dos motoristas que conduziam os veículos de assistência. "Estamos tentando organizar corredores humanitários estáveis para os moradores de Mariupol, mas quase todas as nossas tentativas, infelizmente, são frustradas pelos ocupantes russos, por bombardeios ou por terror deliberado", disse.
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Em uma atualização diária de seus serviços de inteligência, o Ministério da Defesa do Reino Unido disse que todo o campo de batalha no norte da Ucrânia -que inclui enormes colunas blindadas que atacaram Kiev anteriormente- agora está "estático", com invasores aparentemente tentando se reorganizar.
Ainda segundo o ministério britânico, os russos tentam ligar as tropas em Mariupol às que estão próximas a Kharkiv na esperança de cercar as forças ucranianas, enquanto no sudoeste do país a tentativa é de contornar a cidade de Mikolaiv para tentar avançar sobre Odessa, o maior porto da Ucrânia.
Houve ainda, segundo autoridades locais, bombardeios esporádicos em outras cidades durante a noite, com dois civis mortos na região de Mikolaiv, uma ponte destruída na região de Tchernihiv e prédios residenciais e um shopping atingidos em dois distritos de Kiev, ferindo pelo menos quatro pessoas.
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Em Kherson, cidade com cerca de 250 mil habitantes e o primeiro grande centro urbano a ser tomado pela Rússia no início do conflito, há sinais de que as forças russas começaram a perder espaço. Imagens de satélite analisadas pelo jornal americano The New York Times mostram que a Rússia havia retirado suas aeronaves do principal aeroporto local.
Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, o aparente recuo indica que Moscou está tendo dificuldades em manter a tomada da cidade. A Ucrânia afirma ter atingido o aeroporto de Kherson duas vezes, destruindo um número indeterminado de helicópteros russos.
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