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Cotidiano
Os acusados se dizem arrependidos e, para serem liberados, pagaram fiança; um deles fez saudação nazista
30/06/2022 às 10:52 atualizado em 30/06/2022 às 11:11
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Torcedor do Boca Júniors reproduzem ato nazista | Arquivo pessoal
Os torcedores argentinos Sebastian Palazzo, que foi flagrado imitando macacos, e Federico José, que fez uma saudação nazista, já estão em liberdade. Eles chegaram a ser detidos, mas na tarde desta quarta-feira (29) foram liberados depois de pagarem fiança. Os atos considerados racistas por testemunhas ocorreram durante a partida entre o Boca Juniors e o Corinthians na noite de terça-feira.
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Um terceiro torcedor, também flagrado imitando macacos em afronta a brasileiros, permanece preso. José Raza não pagou a fiança e por isso e foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na capital paulista.
De acordo com a "TV Globo" e o "ge", torcedores corintianos gravaram vídeos que mostram dois desses argentinos imitando macacos e outro torcedor fazendo a saudação nazista. Assista aos flagrantes abaixo:
Torcedores do Boca Júniors reproduzem atos racistas. - Vídeo: Arquivo pessoal
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Os torcedores que aparecem nas gravações fazendo imitação de macaco foram indiciados pela Polícia Civil por injúria racial. O homem que aparece fazendo uma saudação nazista respondeu pelo crime de racismo. Os três foram detidos pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas, após a partida.
Na audiência de custódia, a Justiça entendeu que é de direito dos três torcedores o pagamento de fiança de R$ 20 mil a fim de responderem ao processo em liberdade.
O delegado Cesar Saad afirmou que os torcedores estão arrependidos. “Assim como no caso do primeiro jogo, eles disseram que esse tipo de conduta na Argentina não tem esse peso todo, essa gravidade toda. Mas a gente conversou, expliquei que aqui é crime gravíssimo, acho que todos nós nos sentimos ofendidos em razão de imitarem macacos. E eles entenderam, pediram desculpas, um deles até se comprometeu a fazer retratação na rede social dele e é isso. Aqui se mostraram totalmente arrependidos.”
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Ainda segundo o agente, a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) será informada sobre o caso, para que outras medidas sejam adotadas.
“Mesmo que voltem [para a Argentina], o processo vai correr aqui normalmente, ainda que sejam julgados e condenados à revelia. Isso tudo tem, sim, um agravamento, uma repercussão uma vez que regressem ao Brasil e, por se tratar de futebol, a gente faz comunicação para a Conmebol para que ajam junto com o clube, no caso o Boca, para que fiquem proibidos de ingressar em estádio, de forma que haja uma pena, ainda que acessória, no país deles.”
Marcelo Carvalho, diretor-executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, argumenta que o combate ao racismo precisa ser mais rígido.
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“Os casos de racismo no futebol têm se repetido muito pela falta de punição, mas também porque as punições que são realizadas hoje são financeiras, multas. Isso o clube paga ou o clube deixa de receber e este valor vai para a caixa da Conmebol. Precisamos pensar em punições diferentes, com perda de pontos, punir com estádio parcialmente fechado ou fechado ou até mesmo com exclusão do campeonato. Estas possibilidades já estão no novo Código de Ética da Conmebol, já é possível punir os clubes, conforme a Conmebol mesmo colocou no seu código disciplinar.", afirma Carvalho.
E conclui: “Precisamos mudar, mas precisamos também pensar no combate ao racismo de outras maneiras que não seja única e exclusivamente a punição. Precisamos entender por que alguns torcedores veem o racismo como algo que pode ser praticado”.
Em 18 de maio o Senado aprovou um projeto de lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, tornando-o imprescritível e inafiançável. Agora, o projeto precisa passar pela Câmara e ser sancionado pelo Executivo.
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