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Cotidiano

Tenente Coimbra explica por que luta pelas escolas cívico-militares

Deputado estadual pelo PSL celebra aprovação de lei que facilita criação de escolas cívico-militares em SP e explica por que acredita no modelo

Bruno Hoffmann

03/03/2021 às 17:30  atualizado em 13/09/2021 às 15:39

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Tenente Coimbra é deputado estadual pelo PSL-SP

Tenente Coimbra é deputado estadual pelo PSL-SP | Divulgação/Alesp

O deputado estadual Tenente Coimbra (PSL) anunciou na última terça-feira (2) que a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou o projeto de lei se sua autoria que institui a implementação das escolas cívico-militares na rede pública estadual de ensino.

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Segundo ele, o projeto detalha como será o processo de conversão das unidades escolares escolhidas e tem como objetivo proporcionar a oportunidade de melhoria no ensino e no ambiente, em escolas localizadas em áreas de vulnerabilidade social e com baixa média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

A Gazeta entrevistou por e-mail o parlamentar sobre o tema, que causa polêmica entre especialistas em educação e a sociedade civil. Na conversa, Coimbra - que é colunista da Gazeta - explica exemplos de onde o estilo de educação, em sua visão, deu certo e rebate críticas ao modelo. Leia abaixo.

Por que, na visão do senhor, a adoção do modelo cívico-militar é melhor caminho em escolas públicas?
Não significa que seja o melhor caminho, mas é um dos caminhos. A disciplina permite, inclusive, que os professores consigam dar aula com plenitude. Os números comprovam que as escolas que implementaram o modelo cívico-militar tiveram aumento em suas médias no Ideb. Isso não significa que pretendemos transformar todas as escolas em gestão compartilhada, mas vejo com bons olhos termos essa opção para mudarmos, inclusive, a cultura escolar.

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É possível dar exemplos de bons resultados pelo Brasil?
Temos diversos exemplos com bons resultados pelo Brasil, como as escolas implantadas em Manaus, Anápolis, Brasília e Goiânia, ambas com acréscimos relevantes em suas notas no Ideb. Na cidade de Anápolis, que em 2011 passou a ter uma escola cívico-militar, por exemplo, a média do Ideb era 4,7 e passou a ser 7,5. Desde então, a escola vem evoluindo cada vez mais.

Os professores, em geral, aprovam o modelo?
Muitos professores aprovam o modelo, mas alguns são contra por questões ideológicas ou pressão de sindicatos e por não entenderem o programa. Contudo, após a explicação e implementação do modelo, a maioria muda sua visão e também passa a aprová-lo.

O que os pais de alunos costumam achar disso?
Os pais geralmente são grandes incentivadores da conversão. Inclusive faz parte do programa a realização de consulta pública, em que os pais estão entre os que precisam aprovar a implementação. Em média, de 70 a 80% deles são a favor.

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Em caso de cenas de violência dentro da escola, tão comuns, como a escola nesse modelo agiria contra o aluno agressor?
A escola cívico-militar tem um regimento próprio. A agressão vai ser coibida logo no ato e, posteriormente, os militares farão a mediação de conflito junto aos pais do aluno. Se necessário, eles acionam o Conselho Tutelar e suspendem, ou até mesmo expulsam, o agressor, seguindo o regimento disciplinar da escola.

Os alunos assistem às aulas fardados nessas instituições? O que muda no cotidiano dos estudantes?
Os alunos assistem às aulas com um uniforme semelhante à farda, mas que não é uma farda propriamente. O que muda é a rotina de civismo, patriotismo, respeito, disciplina e, principalmente, a absorção de bons valores. O programa inclusive tem o “Projeto Valores”, que cultua os símbolos nacionais e cultiva no aluno o sentimento de pertencimento, o que acaba sendo um grande diferencial para a escola.

Uma das críticas ao modelo cívico-militar é que as escolas não deveriam formar pessoas para pensar de uma forma militar, mas de um jeito mais livre. Como vê essa afirmação?
A escola cívico-militar promove o amplo pensamento, até porque o militar não dá aula, ele ajuda somente na parte administrativa e disciplinar. Inclusive existem diversos militantes tanto de esquerda quanto de direita que passaram por colégios e escolas cívico-militares. Disciplina não significa ser de direita ou esquerda, mas sim ter condições de dar e receber o ensinamento.

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Outra crítica propagada é que países desenvolvidos, como Europa e Estados Unidos, não utilizam o modelo. Qual a opinião do sr. sobre o tema?
Cada país tem sua realidade. O ensino oriental, que tem alto nível de qualidade, por exemplo, é mais disciplinado e esse é um grande diferencial deles. Esse é o comparativo que deveria ser utilizado. Eu penso que ter um alto nível de educação passa, inevitavelmente, por esse processo de disciplina, de não transformar as escolas em balbúrdias, dos professores não sofrerem agressões, seja psicológica ou físicas, de alunos não ficarem usando entorpecentes ou vandalizando a escola, por exemplo.

Os críticos também dizem que o modelo costuma dar certo porque tem investimento muito maior do que escolas comuns. É verdade?
Isso é uma grande mentira. Falam que o investimento é três vezes maior, mas a realidade é de um valor apenas de 6 a 7% mais alto, devido somente ao acréscimo de profissionais. Enquanto isso, o aumento na nota do Ideb é de cerca de 20%, ou seja, proporcionalmente, a conversão é válida e positiva. Essa é apenas uma das mentiras que usam para tentar descredibilizar o tema, comparando as escolas cívico-militares com colégios militares que, esses sim, são mais caros. Porém, eles são oriundos das Forças Armadas, tendo inclusive a questão orçamentária sendo responsabilidade da pasta das Forças Armadas.

A que se deve o nível da educação pública no Brasil neste momento, em geral considerado baixo por pais e estudantes?
A baixa qualidade da educação pública vem de vários motivos. Alguns deles são a remuneração inadequada dos professores, falta de equipamentos e estrutura da escola e, por vezes, o comodismo de alguns profissionais do setor público, em uma cultura que favorece cada vez mais a indisciplina e o não aprendizado na escola. O principal problema é cultural, o aluno cada vez mais desrespeita o professor com sua “pseudoliberdade” de que “pode fazer o que quiser”. Nisso ele acaba confundido liberdade com libertinagem e ameaça, agride, usa entorpecentes etc. Infelizmente são recorrentes cenas nas quais os professores são ameaçados e se sentem coagidos dentro da própria sala de aula, local em que são autoridades.

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