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Cotidiano

Tarcísio repete Doria ao buscar ministeriáveis para Governo de SP 

Guedes é sondado para a Secretaria da Fazenda ou para exercer algum cargo consultivo

06/12/2022 às 09:36  atualizado em 06/12/2022 às 09:42

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O nome de Guedes para atuação no governo de Tarcísio veio a público na semana passada

O nome de Guedes para atuação no governo de Tarcísio veio a público na semana passada | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agencia Brasil

O governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) reedita estratégia do ex-governador João Doria (ex-PSDB) ao buscar nomes com status de ministeriáveis para chefiar secretarias de sua futura administração. 

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Tarcísio já anunciou Gilberto Kassab (Secretaria de Governo), presidente do PSD e ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), e também mira titulares do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro (PL), como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Bruno Bianco. 

Guedes é sondado para a Secretaria da Fazenda ou para exercer algum cargo consultivo, como conselheiro do governador. Já Bianco é cotado para a Secretaria de Justiça. 

De acordo com nomes próximos ao ministro da Economia, no entanto, é mais provável que ele atue como um conselheiro de Tarcísio do que aceite ser secretário. 

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Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (5), Tarcísio afirmou que "seria um luxo" ter Guedes como secretário da Fazenda, mas que acha "muito difícil ele aceitar". 

"Daí o secretário será o Samuel Kinoshita, que era da equipe do Guedes, coordenou o plano econômico e conduz a área de economia da transição", disse Tarcísio. 

Outro nome de envergadura é o do coordenador-geral da transição, Guilherme Afif (PSD), que também pode ocupar uma secretaria. Afif foi vice-governador de São Paulo, secretário estadual em duas gestões tucanas, era assessor especial de Guedes no Ministério da Economia e chefiou uma secretaria com status de ministério no governo Dilma. 

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Embora um secretariado com peso de ministério sirva também ao fortalecimento político de Tarcísio para 2026, seus aliados afirmam que sua intenção é cercar-se de pessoas experientes, tarimbadas e que conheçam bem o estado para que a gestão seja eficiente. 

Em 2018, Doria foi pioneiro em federalizar em escala seu secretariado com ex-ministros -aproveitando nomes da gestão Michel Temer (MDB), que se encerrava em Brasília. Integraram o governo dele Rossieli Soares, da Educação, Sérgio Sá Leitão, da Cultura, e Alexandre Baldy, ex-ministro das Cidades, na pasta de Transportes Metropolitanos. Mesmo Kassab foi nomeado para a Casa Civil, mas se afastou ainda em 1º de janeiro de 2019, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal. 

O caso de Henrique Meirelles (União Brasil), que foi ministro da Fazenda de Temer e, depois, secretário da mesma pasta em São Paulo com Doria, é lembrado por aliados de Tarcísio ao argumentarem a favor de que Guedes assuma a secretaria. 

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Desde a montagem do seu secretariado, Doria mirava uma candidatura presidencial. Aliados de Tarcísio se dividem entre os que enxergam nele uma oportunidade para a direita voltar ao poder federal em 2026, enquanto parte defende que ele tente a reeleição no estado. 

Embora Tarcísio e Doria tenham perfis distintos, ambos chegaram ao cargo de governador do estado mais rico do país tendo vivido a maior parte de suas trajetórias fora da política partidária até então. Os nomes de peso, portanto, ajudam a afiançar o governo ao mesmo tempo em que posicionam Tarcísio como alternativa para a Presidência da República.
Assim como Doria, Tarcísio estreia no cargo como potencial presidenciável. Mas no caso do ex-tucano, a aposta naufragou devido ao desgaste de sua imagem pública e ao isolamento político. 

Nesse ponto, aliados de Tarcísio afirmam que há diferença em relação a Doria, já que, além de buscar um time de pesos-pesados, o futuro governador tem dado prioridade à articulação política, algo que faltou com o ex-governador. 

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Nesse sentido, ele alocou Kassab na Secretaria de Governo -o presidente do PSD já tem iniciado contato com prefeitos, vereadores, deputados e outros Poderes. Kassab ainda terá interlocução com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na esfera federal e mantém influência na gestão da capital paulista de Ricardo Nunes (MDB). 

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, Tarcísio tem colocado o bolsonarismo mais radical em banho-maria com algumas de suas escolhas. 

No caso do convite de Guedes, por um lado, a indicação lembra quando Doria chamou Meirelles para chefiar a Fazenda em seu governo, em ato para dar peso à sua gestão. Por outro, acena aos bolsonaristas em momento que eles criticam protagonismo de outras forças políticas, como o PSD de Kassab, no governo. 

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Ao acenar a um nome com quem esse grupo tem uma dívida de gratidão por ter atuado como fiador junto ao mercado, "Tarcísio contempla o bolsonarismo e se blinda de críticas", diz Teixeira. 

Até o momento, o único bolsonarista considerado "raiz" incluído no primeiro escalão é o capitão Capitão Derrite (PL-SP) na pasta da Segurança. 

No entanto, mesmo trazendo ele para equipe, Tarcísio acabou adiando a ideia de retirar as câmeras dos uniformes dos policiais, assim como fez com a bandeira de acabar com a obrigatoriedade de vacinação aos servidores, dois acenos importantes aos mais radicais dados durante a campanha. 

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Nesta segunda, Tarcísio afirmou à CNN que "nunca foi bolsonarista raiz", em mais um revés para os bolsonaristas, que já vinham reclamando da falta de espaço na futura gestão. 

Para o deputado estadual bolsonarista Frederico D'Ávila (PL), que participa da equipe de transição, fora a sondagem a Paulo Guedes, que ele considera um luxo e um exagero, "tudo está na normalidade". 

"Renato Feder [indicado para a Educação] foi escolhido pelo sucesso do ensino no Paraná. Kassab, que fiquei aborrecido quando foi para o governo Dilma, é um grande articulador político, que conversa com todas as correntes. O Bruno Bianco pode andar 50 vezes na avenida São João que ninguém identifica quem é, foi escolhido por ser técnico", avalia. 

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D'Ávila também minimiza efeitos da fala de Tarcísio. "Ele nunca foi militante aguerrido, não tem esse perfil. Ele nunca foi raiz, mas mesmo assim o presidente o escolheu como candidato ao governo no maior estado da nação." 

Por outro lado, além dos medalhões, Tarcísio também tem buscando nomes técnicos, jovens e menos conhecidos na política para compor seu secretariado. Parte deles integram seu núcleo de confiança por terem atuado no Ministério da Infraestrutura sob sua gestão, como Arthur Lima, que ocupará a Casa Civil, e Natália Resende, que será secretária de Infraestrutura, Meio Ambiente e Transportes.

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