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Cotidiano
'Eu me vacinei, vacinei minha família e achava que estava fazendo a coisa certa', disse Tarcísio em sabatina
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Tarcisio Freitas | Charles Sholl/Brazil Photo Press/Folhapress
O ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (5) ter discordado do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a questão da vacina e que se considera paulista em termos de atitude.
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As afirmações foram feitas durante uma das sabatinas realizadas por Folha de S.Paulo e UOL com postulantes ao Palácio dos Bandeirantes.
Tarcísio é o candidato do presidente em São Paulo e está em terceiro lugar na disputa, segundo o Datafolha, alcançando 10% da preferência de votos, empatado no limite da margem de erro com o governador Rodrigo Garcia (PSDB), em 6%. O ex-prefeito paulistano Fernando Haddad lidera a corrida com 29%, seguido por Márcio França, com 20%,
Embora tenha elogiado o presidente e seu governo, Tarcísio de Freitas afirmou discordar de Bolsonaro em relação à questão da vacina contra o coronavírus. Entre outras atitudes, o presidente diversas vezes levantou dúvidas sobre o imunizante e disse não querer ser vacinado.
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"Eu discordava por exemplo de uma determinada posição com relação à vacina. Eu me vacinei, vacinei minha família e achava que estava fazendo a coisa certa", disse Tarcísio.
Ele afirmou, porém, que o governo tomou a atitude correta ao comprar imunizantes. "Eu discordava da linha da narrativa. Eu acho que a gente tomou a atitude correta e fez a narrativa errada", completou.
O ex-ministro criticou o governo João Doria (PSDB) pelo fechamento do comércio durante a pandemia e disse que não teria tomado a mesma atitude. "Se fechou muita coisa de forma desnecessária, sem considerar realmente o perfil da pandemia em cada uma das regiões, sem considerar o perfil de cada um dos negócios".
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Apesar da discordância em relação à vacina, o ex-ministro disse aprender com o presidente. "Não posso me comparar com o presidente porque não tenho os mesmos dons que o presidente. Não tenho a mesma aptidão política do presidente, eu não sou um fenômeno como o presidente é. Eu tenho é que aprender com ele as coisas boas", disse o ex-ministro, que se considera conservador nos costumes e liberal na economia.
Tarcísio não repetiu o tom de Bolsonaro, que faz frequentes ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao sistema eleitoral. No entanto, afirmou que muitas vezes o presidente se defende e isso é considerado um ataque.
O ex-ministro ainda defendeu as motociatas da qual participou com Bolsonaro -no dia 15 de abril, uma delas fechou a rodovia dos Bandeirantes em pleno feriado e custou R$ 1 milhão aos cofres públicos do estado, segundo o governo paulista.
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Ele disse que são atos espontâneos e não são promovidos pelo presidente. "Obviamente gera algum transtorno, mas é o ônus da democracia quando se promovem eventos, manifestações espontâneas".
Atacado por ter nascido no Rio de Janeiro e concorrer ao governo paulista, ele afirmou que considera a questão irrelevante e que tem ligações com a cidade, onde trabalhou e tem família. "Me considero hoje muito paulista em termos de atitude, em termos de estar inserido dentro da cultura do estado de São Paulo", disse.
Questionado sobre seu time, uma provocação que costuma ser feita por rivais, ele inicialmente citou ter carinho pela Portuguesa, mas admitiu ser flamenguista.
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O ex-ministro também falou a respeito de afirmação sua de que o estado paulista fez um pacto com o PCC, o que irritou a polícia paulista. Ele disse ter sido mal interpretado sobre o tema e que fez um registro histórico.
"O que eu falei na verdade é uma reprodução que existe em alguns livros, que narram a ascensão do PCC", disse. Inicialmente, ele não lembrou o nome do livro. Depois, citou "A Guerra: a Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil", de Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias.
O jornalista e pesquisador Bruno Paes Manso nega que a obra cite o pacto apontado pelo ex-ministro.
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"Nós não afirmamos isso no livro em nenhum momento. O que nós dissemos, criticamos e apontamos foram os excessos das políticas públicas e os erros das políticas públicas em São Paulo, como encarceramento massivo sem critério assim como a violência policial acabaram produzindo e fortalecendo as facções", disse à Folha de S.Paulo.
Tarcísio voltou a se dizer contrário às câmeras corporais nos uniformes de policiais, política que, segundo especialistas, ajudou a reduzir a letalidade policial e as mortes de agentes. "Para mim, é um voto desconfiança no policial. Eu acredito na polícia, eu acredito no policial", disse.
Ele também afirmou que o equipamento tira a privacidade do policial e inibiria pessoas a fazer denúncias à polícia. Por isso, ele afirmou que vai reavaliar a política, retirando as câmeras ou dando ao policial o controle da filmagem.
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Entrevistadores lembraram que policiais podem desligar as câmeras ao falar com testemunhas e também na hora de ir ao banheiro, por exemplo.
Questionado sobre as denúncias de corrupção no governo Bolsonaro, ele afirmou que o governo colocou técnicos em posições chave. Sobre o orçamento secreto, ele afirmou que essa lógica foi imposta pelo Congresso, mas que acredita que os próprios parlamentares devem avaliar esse tipo de recurso.
O pré-candidato também se defendeu de críticas sobre a concessão da via Dutra. As reclamações se concentram na previsão de que no novo contrato o trecho fluminense da rodovia, que liga São Paulo ao Rio, tenha mais obras e descontos maiores nos pedágios.
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Tarcísio afirmou que, dos investimentos previstos, metade ocorrerá em São Paulo e metade no Rio. Sobre o pedágio, ele afirmou que se o pedágio tivesse uma redução maior do que a prevista isso poderia atrair motoristas da rodovia Ayrton Senna, o que causaria um desequilíbrio.
O ex-ministro também rebateu crítica do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, por supostamente não ter encaminhado casos de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes quando atuou no órgão. Ele afirmou que o ex-ministro desconhece sua atuação no departamento e que em seu período não houve operações policiais no órgão e que as contas foram julgadas regulares.
Tarcísio atuou no órgão nos governos Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT). Ele criticou a atuação da ex-presidente, afirmando que o governo se perdeu ao misturar "ideologia com aritmética".
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O ex-ministro afirmou ainda que a geração de emprego deve ser a prioridade em um eventual governo seu. Para isso, diz que aposta no agronegócio, finalização de obras e investimento em inovação.
A entrevista com o pré-candidato foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha de S.Paulo Carolina Linhares.
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