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Cotidiano

Tarcísio acelera venda de terra a fazendeiros 'antes que lei caia' e dá desconto de 90%

A legislação foi aprovada pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) em 2022 e sancionada na gestão de Rodrigo Garcia (PSDB)

Natália Brito

26/05/2023 às 10:37  atualizado em 26/05/2023 às 10:40

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) acelerou o processo de regularização de terras devolutas, com desconto de até 90% para os ocupantes e com base em lei questionada por PT e MST.

A legislação foi aprovada pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) em 2022 e sancionada na gestão de Rodrigo Garcia (PSDB). Porém, a gestão de Tarcísio, eleito com apoio do agro, passou a colocar em prática os processos.

As terras devolutas são áreas públicas ocupadas irregularmente que nunca tiveram uma destinação definida pelo poder público e em nenhum momento tiveram um dono particular. O governo, então, inicia uma ação de discriminação desses terrenos, dando preferência a quem os ocupa atualmente.

O órgão responsável é o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo), que já considerou aptos dez processos de regularização com base na lei.

Os imóveis foram avaliados em R$ 64 milhões. O total dos descontos previstos, porém, soma R$ 50 milhões --proprietários teriam que pagar só R$ 14 milhões. Os terrenos somam 3.900 hectares, o equivalente a 25 áreas do parque Ibirapuera.

Há ainda 132 processos que não chegaram nesse estágio.

O PT entrou com ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar a lei. Até o momento, há pareceres favoráveis da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da AGU (Advocacia-Geral da União).

Um vídeo anexado no processo mostra o diretor-executivo do Itesp, Guilherme Piai, orientando agilização de processos antes que a lei caia. Suplente de deputado federal pelo Republicanos, Piai foi cabo eleitoral de Tarcísio e Bolsonaro no Pontal do Paranapanema, região oeste do estado.

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"Agora está acontecendo uma questão política, que também foge da alçada do Itesp, que essa lei tem grandes chances de cair", disse na gravação, citando que é necessário atuar no processo "enquanto a lei está vigente".
Procurado, o Itesp afirmou que o diretor sugere no vídeo que, enquanto a lei possibilitar, seja realizada a instrução processual para os acordos e "enfim, a retomada da segurança jurídica, da paz e do desenvolvimento".

Depois do Itesp, os acordos são enviados à Secretaria de Agricultura para manifestação e a decisão final será da Procuradoria-Geral do Estado. A fundação argumenta que, em vez de perder dinheiro, irá poupar R$ 40 milhões apenas com oito desses imóveis.

"Mais adequado do que se apontar o valor de desconto dado pelo estado a estes particulares, é apontar o valor que o estado deixará de gastar com a continuidade do litígio e a necessidade de pagamento das indenizações por benfeitorias, bem como o quanto arrecadará para investimentos em políticas sociais", diz o Itesp, em nota.

Segundo o órgão, há casos de propriedades aptas a acordo que ainda não foram declaradas devolutas. Só no Pontal do Paranapanema 84 ações discriminam 1,2 milhão de hectares, das quais 29 foram julgadas improcedentes, afirma a fundação.

"Portanto não há certeza de sucesso no ingresso de ações judiciais discriminatórias e o acordo para regularização evita o risco processual", diz o Itesp.

O líder do PT na Alesp, Paulo Fiorilo, afirma esperar que o STF tome uma decisão urgente e que o que já foi realizado seja desfeito.

"A lei tem que ser derrubada porque é um escândalo o que a gente está assistindo com a entrega de terras públicas com preços módicos. Terras públicas que poderiam ser usadas para a reforma agrária, para produção do pequeno agricultor, estão sendo entregues a grandes proprietários por preço de banana", diz.

O MST também faz forte oposição à legislação, apelidada como "lei da grilagem" e vista como um obstáculo a novos assentamentos no estado.

A ação do PT afirma que a lei é inconstitucional. Na peça com pedido de liminar contra a lei, assinada pelo advogado Marcio Calisto Cavalcante e outros, o partido diz que o governo traçou estratégia de instigar as pessoas a acelerar os processos.

A Procuradoria-Geral do Estado de SP sustenta que a regulamentação da lei deixou claro o cumprimento da função social da propriedade rural, ao existir laudo que comprove o "aproveitamento racional e adequado do imóvel".

O parecer do procurador-geral da República, Augusto Aras, por outro lado, foi positivo ao pedido do PT e diz que a lei e o decreto que a regulamenta "parecem invadir competência da União" e violar preceitos que envolvem a compabililização com a reforma agrária.
A AGU afirma que o modelo na lei deixa de preconizar a necessidade de que esse tipo de procedimento cumpra normas da política de reforma agrária. A ação no STF está a cargo da ministra Cármen Lúcia.

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