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Cotidiano
Vereador Mauro Rogério Nascimento de Jesus foi detido na manhã desta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro
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Vereador Maurinho do Paiol foi preso em casa, em um condomínio de Mesquita | Reprodução TV Globo
O vereador Mauro Rogério Nascimento de Jesus (PSD), o Maurinho do Paiol, foi preso na manhã desta quinta-feira (10) sob suspeita de chefiar um grupo miliciano de Nilópolis, município da Baixada Fluminense.
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O político, que é vice-presidente da Câmara de vereadores, já foi policial militar e secretário municipal da Defesa Civil da cidade.
Além do vereador, foram presos até a manhã desta quinta quatro policiais militares. Segundo as investigações, Maurinho é suspeito de liderar um grupo paramilitar que lucra com a prestação de serviços clandestinos, como a exploração de transporte irregular, venda ilegal de botijões de gás e roubo de sinal de TV e Internet – o chamado gatonet.
Todos esses serviços, diz a PF, são impostos à população por meio de ameaças e pagamento de propinas a agentes públicos. Além disso, os milicianos da Baixada também traficavam armas e drogas, firmando parcerias com grupos milicianos da zona oeste do Rio.
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A operação, chamada de Hoste, conta com a participação de cerca de 150 agentes e visa cumprir 19 mandados de prisão preventiva e 29 de busca e apreensão em Nilópolis, Mesquita e no Rio de Janeiro. A ação foi feita em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público).
Folha não localizou a defesa do vereador Maurinho do Paiol. Procurada, a Câmara de Nilópolis ainda não se pronunciou sobre a prisão.
A Baixada Fluminense é uma das regiões do estado que mais sofre com a atuação de milicianos. Além de impor serviços irregulares, os criminosos tentam influenciar a política local coagindo moradores a venderem seus votos.
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Nas localidades dominadas por grupos paramilitares, o controle do voto é realizado de três formas. Primeiro, pela via do assistencialismo, vendendo a imagem de que os milicianos são benfeitores.
Segundo, por meio de ameaças, exigindo que os moradores votem em seus candidatos e conferindo a contagem dos votos na região. Por último, pela proibição de que outros concorrentes façam campanhas nesses territórios.
Assassinatos de candidatos na Baixada durante o período eleitoral são frequentes. A IDMJR (Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial) contabilizou que 12 pessoas que se candidatariam nessas eleições às câmaras municipais foram assassinadas entre 2019 e outubro de 2020.
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No entanto, a execução de políticos da região é frequente em outros períodos. Em outubro do ano passado, o vereador Alexsandro Silva Faria, conhecido como Sandro do Sindicato (Solidariedade), foi assassinado em Duque de Caxias, município da Baixada. Ele foi o terceiro parlamentar da cidade morto em 2021.
Após dominar áreas periféricas, a milícia tenta também expandir seu domínio para bairros de classe média do estado. Em Laranjeiras, zona sul do Rio, um morador relatou que os milicianos explodiram caixas eletrônicos de uma agência após um banco se recusar a aceitar os serviços de segurança do grupo.
Entre 2014 e 2019, as denúncias contra a organização cresceram 87%, segundo levantamento feito pelo Disque Denúncia a pedido do jornal Folha de S.Paulo.
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