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Cotidiano
A mulher, de 47 anos, teve também a roupa cortada por lojistas do Brás que a acusaram pelo crime; vítima nega acusações e diz ter sofrido xenofobia
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| Divulgação Pixabay
Uma mulher paraguaia, de 47 anos, foi xingada, agredida, teve as roupas rasgadas, o cabelo raspado e a palavra "ladra" escrita na testa por um grupo de lojistas, em uma galeria do Brás, na região central da capital paulista, na tarde da última segunda-feira (6).
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Ela estava sendo acusada de furtar roupas do local, conhecido pelo comércio de peças a baixo custo.
A vítima, que pediu para não ter o nome divulgado, diz que também ouviu frases xenófobas, como "volta para seu país" e "você não tem nenhum direito aqui no Brasil".
Ela conta que foi ao Brás comprar peças para revender, já que é sacoleira aqui e no país vizinho, onde vive com o marido e três filhos. Na galeria Top Shop, onde foi agredida, teria apenas perguntado o preço de uma roupa infantil, mas não encontrou o que procurava. Antes, tinha comprado velas e chocolate.
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Quando estava saindo do local, já dentro de um táxi, teria sido abordada por dois seguranças armados, que a fizeram descer. Ainda segundo seu relato, eles a levaram para uma sala no fundo do estabelecimento, onde a sessão de tortura começou, sem ser filmada. Segundo ela, rasparam sua cabeça, enquanto faziam ameaças, como de que a matariam. Ela também teria apanhado com um taco de madeira.
Fora da sala, em um corredor, as agressões continuaram. Um vídeo de dois minutos, gravado por uma das agressoras, mostra o momento: a vítima está com uma mochila e sacolas. Sua cabeça está raspada, e ela leva diversos tapas e socos no rosto dados por ao menos duas mulheres.
Elas xingam a vítima de “otária”, “vaca” e dizem: “Tem que apanhar”. Elas também afirmam que a mulher não teria entregado a amiga, que teria roubado um celular.
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Em seguida, escrevem com uma caneta a palavra "ladra" em seu rosto e, com uma tesoura, cortam sua roupa. No fim do vídeo, a mulher corre nua pela galeria para fugir da agressão. As imagens mostram ao menos cinco pessoas - três mulheres e dois homens.
Depois da agressão, a paraguaia diz que ficou sentada na rua, desorientada. Uma outra mulher teria dado uma nova blusa para que se cobrisse.
Segundo a advogada da vítima, Juliana Valente, ela está no hospital fazendo exames, porque tem um hematoma na cabeça, e está muito abalada com o episódio.
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Por esse motivo, o boletim de ocorrência ainda não foi feito, explica a defensora, que pretende registrar o caso como xenofobia, cárcere privado, tortura e lesão corporal no Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).
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