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Cotidiano

SP joga diariamente 534 mil litros de esgoto sem tratamento em rios e córregos

Levantamento feito com exclusividade para a Gazeta de S.Paulo mostra que até cidades com orçamento irrisório são mais eficientes em termos de saneamento básico

Lara Madeira

25/06/2024 às 15:35  atualizado em 25/06/2024 às 16:02

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Paulistanos despejam diariamente 534,2 mil litros de esgoto sem qualquer tratamento em rios e córregos.

Paulistanos despejam diariamente 534,2 mil litros de esgoto sem qualquer tratamento em rios e córregos. | Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo

Terceiro maior orçamento do País, inferior apenas às arrecadações dos governos Federal e do Estado, o município de São Paulo naufraga num mar de esgoto.

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Cálculos do Instituto Trata Brasil revelados com exclusividade para a Gazeta de S. Paulo mostram que os paulistanos despejam diariamente 534,2 mil litros de esgoto sem qualquer tratamento em rios e córregos.

Segundo o Trata Brasil, isso representa 36,92% dos dejetos produzidos na Cidade. Nesse quesito, a Capital é menos eficiente até que cidades com orçamentos bem menores, incluindo Uberaba em Minas Gerais, Cascavel e Maringá no Paraná, Niterói no Rio de Janeiro, e Limeira, Piracicaba, Jundiaí e Ribeirão Preto em São Paulo.

Além disso, a falta de cuidado com o saneamento básico provocou 2.461 internações por doenças transmitidas pela água na Capital no ano de 2022, segundo o DataSUS.

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No total, 59 paulistanos morreram naquele ano por contraírem doenças como hepatite infecciosa e gastroenterite, uma infecção intestinal marcada por diarreia, cólicas, náuseas, vômitos e febre.

Desigualdade no acesso ao saneamento 

Os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022, divulgados pelo Ministério das Cidades, indicam que 307.557 paulistanos não têm acesso sequer à rede de coleta, quanto mais ao tratamento do esgoto.

Isso representa 2,7% da população da cidade. Essa parcela da população despeja cerca de 195 milhões de litros de esgoto por ano na natureza, o equivalente a 195 milhões de litros de esgoto a cada 12 meses.

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A falta de saneamento básico impacta severamente os mais pobres em São Paulo. Segundo o 16º Ranking do Saneamento do Trata Brasil e a consultoria GO Associados, os moradores sem acesso à coleta e tratamento de esgoto têm uma renda significativamente menor.

Em 2022, eles ganhavam, em média, R$ 2.544,29 por mês, menos da metade dos R$ 5.314,65 recebidos mensalmente pelos moradores das áreas atendidas por serviços completos de saneamento, conforme dados do IBGE.

Bilhões investidos

Entre 2018 e 2022, foram investidos R$ 12,5 bilhões em saneamento básico em São Paulo, conforme dados do Trata Brasil e da GO Associados. Este valor representa o maior investimento no setor em todo o país. No entanto, per capita, isso equivale a apenas R$ 219,20 por residente na cidade, que tem uma população de 11,4 milhões de pessoas.

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Apesar do alto investimento total, São Paulo fica atrás em termos de investimento per capita em comparação com cidades menores. Piracicaba investiu R$ 328,96 por habitante, Aparecida de Goiânia R$ 463,28, e Praia Grande R$ 693,01. Montes Claros, uma cidade de 414 mil habitantes, investiu R$ 278,46 per capita, um valor superior ao da capital paulista, com fundos provenientes da Copasa, controlada pelo Governo de Minas Gerais.

Mas, São Paulo está longe de ser um caso isolado já que apenas seis dos cem maiores municípios brasileiros conseguiram um índice de tratamento de esgoto de 100%. Outros 23 municípios têm índices acima de 80%.

Enquanto isso, a maior metrópole do país trata só 73,08%. Apesar dos números insatisfatórios, São Paulo trata um percentual maior de dejetos que a média de todos os municípios brasileiros. Segundo o SNIS - 2022, a média nacional para o tratamento dos esgotos gerados foi de 52,23%.

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E esse percentual está muito longe da universalização dos serviços prevista no Novo Marco Legal do Saneamento Básico. Aprovada em 15 de julho de 2020, a Lei 14.026/20 estipula o fornecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto a todos os brasileiros até 2033.

Coleta evolui

A rede de coleta de esgoto em São Paulo já alcança 97,31% dos lares, indicando a universalização do serviço segundo os padrões do Novo Marco Legal do Saneamento Básico. Apesar disso, ainda existem 307.557 paulistanos sem acesso à rede de coleta, conforme dados do SNIS de 2022.

Entre os cem municípios mais populosos do país, apenas cinco alcançaram 100% de coleta de esgoto, incluindo Mauá, Santo André, Bauru e Piracicaba em São Paulo, e Belo Horizonte, a única capital nessa lista.

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No total, 35 dos cem municípios mais populosos têm índice de coleta superior a 90%. Esses municípios apresentam um desempenho superior à média nacional de 56% reportada no SNIS.

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