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Cotidiano

SP firma contrato de R$ 76 milhões com empresa ligada a novo secretário

O novo líder da pasta da Educação, Renato Feder, já foi CEO da empresa e atuou no conselho de administração da companhia até o mês passado

28/12/2022 às 14:47  atualizado em 28/12/2022 às 15:23

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A atual gestão da pasta da Educação no Governo paulista (PSDB) afirmou que o contrato é resultado de uma licitação iniciada em maio

A atual gestão da pasta da Educação no Governo paulista (PSDB) afirmou que o contrato é resultado de uma licitação iniciada em maio | Divulgação/Governo de SP

O Governo de São Paulo formalizou no último dia 21 um contrato de R$ 76 milhões para fornecimento de computadores com a empresa Multilaser Industrial S/A. O que chama a atenção no acordo é o fato de que o ex-CEO da companhia é Renato Feder, o novo secretário da Educação no futuro governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). As informações são do portal Metrópoles.

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O contrato tem duração de 1 ano e foi estabelecido diretamente com a Secretaria de Educação. Assim, o próprio Feder é quem vai fiscalizar o fornecimento dos notebooks educacionais ao Estado.

Feder foi CEO da Multilaser por 15 anos, mas até o último dia 30 atuava no conselho de administração da fabricante de produtos eletrônicos. Ele deixou de atuar na firma dez dias após ser confirmado por Tarcísio de Freitas para integrar o governo paulista a partir de 1 de janeiro.

No início deste mês, Feder havia afirmado que “a Multilaser não vai vender nada para o governo de São Paulo” durante sua gestão. Entre os anos de 2021 e 2022, a empresa recebeu do estado de São Paulo R$ 192 milhões em contratos. Neste ano, a empresa já foi multada por atraso de entrega de produtos ao Estado.

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O que diz a atual Secretaria de Educação

A pasta, que atualmente está sob gestão do governador Rodrigo Garcia (PSDB), afirmou que  este contrato de R$ 76 milhões é resultado de uma licitação que teve início em maio deste ano. “Ao todo, quatro empresas, incluindo a citada (Multilaser), foram habilitadas ao fornecimento dos equipamentos. conforme o pregão eletrônico”, afirma o texto.

A nota da secretaria informa ainda que a empresa terá 60 dias para entregar os equipamentos e deverá fornecer garantia aos notebooks por 12 meses.

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O que diz Feder

O futuro secretário da Educação e ex-diretor da Multilaser afirmou que o contrato firmado pela empresa no último dia 21 “não foi assinado na gestão do governador Tarcísio de Freitas” e que o acordo “já estava no plano de compras do estado de São Paulo desde maio de 2022”.

Renato Feder foi confirmado nesta segunda-feira para assumir a Edudação PaulistaEm nota, Feder admitiu que ele mesmo é quem ficará responsável por fiscalizar o contrato com a empresa da qual ele era CEO. Foto: Divulgação/Governo do Paraná
 

A nota diz ainda que o contrato da Secretearia da Educação “contempla todos os principais fornecedores de tecnologia do país, e não apenas a Multilaser”. “É um contrato público, que pode ser consultado por qualquer cidadão”, complementa o texto.

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Feder admite que, na atribuição de secretário durante a vigência do acordo, terá de fiscalizar o contrato com a sua antiga empresa. “Vale ressaltar que a não-entrega dos produtos pode acarretar processos tanto para o Estado quanto para a Multilaser. Todos os equipamentos devem ser entregues nos próximos meses”, completa.

Quem é Renato Feder

Nascido na cidade de São Paulo, Feder é formado em administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP). Ele já atuou como professor, gestor e diretor de escolas.

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Feder ficou conhecido na Educação paranaense porque em sua gestão ocorreu a implantação de escolas cívico-militares. Entre os anos de 2020 e 2022, ao menos 195 escolas estaduais passaram a funcionar sob este modelo, o que é considerada uma das maiores expansões deste conceito em escolas no Brasil.

O empresário ligado à Multilaser foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Educação (MEC), mas recusou o convite por pressão de evangélicos e de apoiadores de Olavo de Carvalho, segundo informações da Folha. Ele chegou a apoiar a ideia de extinção do MEC sob argumento de que a pasta deveria ser transferida para uma agência reguladora.

Defensor de privatização de escolas públicas e também de universidades, segundo o jornal Correio Brasiliense, o paulistano é co-autor de um livro no qual detalha um modelo de gestão da Educação em que as famílias teriam uma espécie de cupom para matricular seus filhos em escolas particulares. As mensalidades, neste esquema, seriam pagas pelo Estado. 

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Sobre as ideias divulgadas no livro, Feder diz que mudou de opinião sobre alguns conceitos e que "gostaria de ser avaliado pelo que eu penso e faço hoje, como um gestor público, ao invés de um livro escrito quinze anos atrás", comentou no Twitter.

Entidades como União Paulista dos Estudantes Secundaristas de São Paulo e o Movimento Escolas em Luta temem que a escolha de Feder para a Educação de SP possa replicar no Estado a militarização de escolas ocorrida no Paraná. A última organização abriu petição online contra a nomeação do empresário.

A equipe de Tarcísio teria se interessado pela gestão de Feder devido ao fato de que o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Paraná apresentou melhora entre os anos de 2017 e 2021. O estado ficou em 1º lugar nacional neste índice sob a gestão dele.

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