Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Leito de UTI no estado de São Paulo | Eduardo Anizelli/Folhapress
O estado de São Paulo vive o momento mais tenso da pandemia do novo coronavírus. Nesta semana o governo paulista afirmou que 53 cidades estão com 100% de ocupação de leitos de UTI dedicados à Covid-19 – sendo seis na Grande São Paulo. Pressionado e sob críticas, o governador João Doria (PSDB) anunciou na quinta-feira (11) medidas ainda mais duras para conter o avanço do vírus, que vitimou quase 64 mil pessoas em São Paulo.
Continua depois da publicidade
Em uma entrevista coletiva nervosa, o governador, o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, e os membros do centro de contingência do novo coronavírus anunciaram que o Estado vai estar entre os dias 15 e 30 de março na fase emergencial, medida nunca tomada, que implanta toque de recolher a partir das 20h, proíbe atendimento presencial mesmo em padarias e suspende o futebol e atividades religiosas coletivas, entre outras medidas (conheça todas as alterações abaixo).
“Não é fácil tomar essa decisão, é uma decisão impopular, difícil, dura. Nenhum governante gosta de parar atividades econômicas de seu estado, eu, principalmente. Entendo o sofrimento de todos. É difícil não poder sair para trabalhar”, disse o governador.
Continua depois da publicidade
Segundo Gorinchteyn, a pandemia está crescendo de forma assustadora. Na última segunda-feira (8), por exemplo, segundo ele, eram 32 municípios com lotação total de leitos de UTI, e no fim da semana já eram 53. “É a velocidade da pandemia no Estado que compromete a assistência à vida”, explicou ele, que contou que agora a doença está atacando de forma mais intensa os mais jovens (leia mais ao abaixo).
Seis cidades da Grande São Paulo estão com 100% dos leitos de UTI com pacientes de Covid-19: Embu das Artes, Arujá, Mairiporã, Poá, Santa Isabel e Francisco Morato, segundo levantamento do portal “G1”. A Capital apresenta ocupação acima de 80%.
Esta semana começou com a notícia de que 11 pacientes morreram esperando por um leito de UTI em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. O município dispõe apenas de leitos de suporte ventilatório e enfermaria instalados na UPA Akira Tada, referência para casos de Covid-19 na cidade.
Continua depois da publicidade
Sob o quadro preocupante, a prefeitura tomou uma série de atitudes, como a suspensão das aulas presenciais nas redes municipal e estadual de ensino enquanto durar a quarentena instituída pelo Plano São Paulo.
Na vizinha Embu das Artes, o prefeito Ney Santos (Republicanos) fez um apelo para a população permanecer em casa o maior tempo possível. “Infelizmente está morrendo uma pessoa a cada 12 horas por conta dessa doença (...) Com muita humildade, pelo amor de Deus evitem sair de casa, façam sua parte”, disse o mandatário.
Em Santo André, no ABC Paulista, a prefeitura anunciou suspensão de cirurgias eletivas. Os leitos serão destinados aos pacientes com quadro clínico suspeito ou confirmado para Covid-19.
Continua depois da publicidade
“Todos os esforços para manter a capacidade de atendimento aos pacientes com Covid-19 e também às urgências e emergências estão mantidos para que nenhum andreense fique sem atendimento médico”, disse o prefeito Paulo Serra (PSDB).
Uma das poucas cidades paulistas que estão conseguindo minimizar os casos da doença é Araraquara, a 285 quilômetros da Capital, que adotou um lockdown intenso em fevereiro após ver colapso do sistema de saúde. Com a medida, o número de novos casos de Covid-19 diagnosticados caiu pela metade, apesar de a taxa de internações e mortes ainda estar em alta.
Capital sem aulas
Durante a campanha eleitoral no ano passado, o prefeito Bruno Covas (PSDB), então candidato à reeleição, minimizou o risco de uma segunda onda da pandemia na cidade, apesar das evidências de aumento de ocupação de UTI. Depois de eleito, ele passou a admitir o risco.
Continua depois da publicidade
Nesta sexta-feira (12), pressionado pela realidade, o tucano ouviu entidades de educação e suspendeu as aulas presenciais na Capital de 17 de março a 1º de abril e anunciou a abertura de 555 novos leitos de UTI e enfermaria voltados à Covid-19 para combater a escalada da pandemia na cidade. As medidas valem para escolas públicas e particulares.
A educação paulistana vive um surto da doença. Segundo Edson Aparecido, secretário de Saúde municipal, na primeira semana da liberação das aulas presenciais, houve 173 surtos de síndrome gripal, quando há dois ou mais casos da Covid-19 em uma sala. Na segunda, 181 surtos de síndrome gripal e, na terceira, última com boletim, 500 surtos. “Por isso, prefeito, a Vigilância Sanitária fez uma nota para suspensão das aulas”, afirmou o secretário.
Os leitos de UTI serão distribuídos para o Hospital M’Boi Mirim (100 leitos), Hospital Guarapiranga (20 leitos) e Hospital São Luiz Gonzaga (10 leitos). Serão 105 leitos de enfermaria para o hospital da Cantareira, 60 para o Hospital Capela do Socorro e mais 20 para o hospital Sorocabana.
Continua depois da publicidade
A Administração também foi criticada por faltar hospitais de campanha neste momento de aumento de casos, após os investimentos feitos no ano passado no estádio do Pacaembu e no Anhembi. Em resposta, a prefeitura afirma que no período investiu em hospitais permanentes.
Fase emergencial
Segundo decreto do governo paulista, entre 15 e 30 de março passam a ser proibidos cultos religiosos coletivos, atividades esportivas coletivas (como o Campeonato Paulista) e outros setores da economia, como lojas de material de construção.
Além disso, o toque de recolher em todo o Estado foi ampliado das 20h às 5h. As escolas só atenderão para fornecer alimentos aos alunos. Não será permitida a entrega de alimentos e produtos ao cliente em estabelecimentos comerciais.
Continua depois da publicidade
Além disso, está proibido o uso de praias e parques do Estado. Haverá também recomendação de escalonamento do horário de entrada no trabalho, para evitar aglomerações no transporte público.
“Nesse período [desde o início da pandemia até hoje] acertamos em muitas coisas, e certamente erramos em outras. Mas tudo é muito novo e muito difícil. Mas, garanto: estamos fazendo o que está ao nosso alcance”, garantiu João Doria, pressionado pelo impacto negativo da medida em parte da população.
Mais jovens atingidos
Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, a pandemia atual é diferente à vista no ano passado, por estar atingindo pessoas mais jovens. . “Em maio do ano passado, nós tínhamos especialmente idosos fazendo parte nesse número de pacientes internados. Hoje, em muitas UTI 50% da sua ocupação já é composta por pessoas com idade menor do que 50 anos”, explicou.
Continua depois da publicidade
A cidade de São Paulo viu disparar o número de internações em UTIs de pacientes com menos de 60 anos. Neste momento, são 424 pessoas não idosas internadas, sendo 21 com até 9 anos de idade. É quase o dobro do pico anterior, em maio. O número total de pessoas internadas no Estado é de 9.184 – 47% maior do que o visto na primeira onda da doença.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade