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Cotidiano
Governo e prefeitura de SP não se entendem sobre posse de terreno e hospital se mantém de portas fechadas durante crise do novo coronavírus
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Hospital Sorocabana , na Lapa, zona oeste de São Paulo | Marlene Bergamo/Folhapress
A chegada da pandemia do novo coronavírus à cidade de São Paulo fez parte da população da zona oeste da cidade relembrar de um tema que persiste há uma década: as campanhas pela reabertura do Hospital Sorocabana, na Lapa, então referência aos moradores da região e que está fechado desde 2010.
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O hospital, que costumava realizar 20 mil atendimentos mensais, encerrou as atividades naquele ano por dificuldades financeiras da sua gestora, a Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana. O terreno pertence ao governo do estado de São Paulo, que concedeu sua posse em 2016 à prefeitura de São Paulo pelo período de 20 anos. Há estudo desde então para a concessão da posse definitiva, mas até hoje as gestões municipal e estadual não se entenderam sobre o tema (leia mais no fim desta matéria).Hoje no local funcionam uma AMA e uma unidade da Rede Hora Certa. Apenas dois dos setes andares estão em funcionamento.
Segundo um levantamento da Rede Nossa São Paulo, a Subprefeitura da Lapa – que reúne bairros como Lapa, Perdizes, Pompeia, Vila Romana, Vila Anglo Brasileira, Barra Funda, Vila Ipojuca, Vila Leopoldina, Jaguaré e Jaguara – não tem sequer um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS). São cerca de 350 mil pessoas que precisam ir para outras regiões da cidade em busca de leitos públicos de UTI. A realidade se repete nas subprefeituras de Parelheiros, Cidade Ademar, Campo Limpo, Aricanduva, Perus e Jaçanã.
Juntas, essas regiões têm 2,3 milhões de pessoas, ou cerca de 20% da população da Capital.
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De acordo com a arquiteta Márcia Crespo, do coletivo Pompeia Sem Medo e do Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana, falta vontade política para a reabertura da instituição de saúde.
“A nossa percepção é que há um jogo de empurra. O governo do Estado não vai investir na reabertura de um hospital que está sob a concessão da prefeitura. A prefeitura, por sua vez, não quer reformar o hospital para daqui a 15 anos o estado tomar dela”.
Segundo ela, os hospitais de campanha montados na Capital – no estádio do Pacaembu, no Complexo do Anhembi e no Complexo Esportivo do Ibirapuera – são importantes, mas faria mais sentido reformar uma estrutura que já existe.
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“O Sorocabana está em um edifício, com parede, com fiação, com tubulação. Os hospitais de campanha começaram do zero. E eles terão o seu tempo de uso, talvez de seis meses, e depois? Para onde vão esses leitos?”, questiona.
No ano passado, houve uma audiência pública para discutir a reforma e reinauguração do hospital. Segundo ela, porém, o secretário municipal da Saúde não apareceu e a secretaria estadual enviou apenas um representante técnico, que não disse nada sobre o Sorocabana ou a região oeste em si.
Outros grupos e personalidades também defendem a reabertura da instituição. O vereador Celso Gianazzi (Psol) cobra entendimento entre as gestões estadual e municipal. “Essa luta é de muitos anos. Venho cobrando uma solução para esse imbróglio entre o governo e a prefeitura de São Paulo. Num momento gravíssimo que estamos vivendo, é a hora do prefeito e governador sentarem e acertarem uma reforma de forma rápida. Esse espaço poderá abrigar 400 leitos”, diz.
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Em um vídeo gravado nesta semana, o ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), se disse favorável ao investimento no local.
“Seria muito importante a reabertura do Sorocabana neste momento especificamente para os casos de Covid-19. O hospital já está todo montado”, afirma.
O deputado estadual Coronel Telhada (PP) também defende que a prioridade deveria ter sido a reforma da instituição em vez da construção dos hospitais de campanha.
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“O Sorocabana era o melhor hospital da zona oeste, e olha agora como está a situação. Esse dinheiro que está se gastando em hospitais de campanha já era para ter sido investido há muito tempo aqui e atender toda a população da zona oeste. Esses hospitais de campanha, ao fim da pandemia, vão ser extintos. É dinheiro jogado fora”, diz Telhada.
PREFEITURA.
Contatada pela Gazeta, a Secretaria Municipal da Saúde alegou que não pode investir na criação do hospital por questões jurídicas.
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“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), esclarece que a área onde se localiza o Hospital Sorocabana pertence ao Governo do Estado. Como há uma ação jurídica envolvendo o terreno, ficam inviabilizados investimentos naquele local, além dos que já foram feitos. O município não é parte do processo”. A SMS informou também que há equipamentos de saúde em funcionamento no local.
A Gazeta também entrou em contato com o Governo de São Paulo, que devolveu a responsabilidade à prefeitura. “Houve cessão do uso da edificação do antigo Hospital Sorocabana pelo município de São Paulo, conforme decreto nº 61.902 de 2016. Informações sobre utilização do espaço devem ser fornecidas pela Prefeitura”.
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