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Cotidiano

Sob encomenda

Bruno Hoffmann

11/02/2020 às 01:00  atualizado em 11/02/2020 às 10:16

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Nilto Tatto
COLABORADOR

Nilto Tatto COLABORADOR | /Divulgação

Uma proposta que libera em território indígena práticas como a mineração, o garimpo e o cultivo de transgênicos é criminosa, do ponto de vista legal; imoral, do ponto de vista ético; entreguista, do ponto de vista político e econômico, além de burra, do ponto de vista da sustentabilidade socioambiental. Ainda assim, e por incrível que possa parecer, este é o teor do projeto de Lei que chegou, na semana passada, ao Congresso Nacional.

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LEGALMENTE, a medida apresenta graves problemas, já que o cultivo de transgênicos em território indígena é proibido desde 2007, assim como o garimpo e a mineração. Além disso, a Constituição Federal prevê a soberania dos povos tradicionais sobre seus territórios, direito que seria flagrantemente desrespeitado;

ETICAMENTE, o governo brasileiro se porta de forma vergonhosa, sem o menor pudor em contrariar os interesses e atentar contra a vida de seu povo, prejudicando especialmente àqueles que mais necessitam da proteção do Estado;

POLITICAMENTE é uma grave ameaça à soberania nacional, quando coloca o território, seu povo, a cultura e toda sua riqueza (na superfície ou no subsolo), à disposição de grupos econômicos internacionais;

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ECONOMICAMENTE, visa apenas garantir privilégios para latifundiários, empresários e investidores, colocando o Estado submisso a interesses alheios ao povo, à geração de empregos ou fomento à economia;

5) SOCIO AMBIENTALMENTE é uma tragédia, considerando a diversidade de povos e espécies que habitam estes territórios, com toda sua riqueza cultural e biológica que estarão ameaçados.

O leitor agora deve estar se perguntando: se o projeto é tão desastroso para o povo brasileiro, por que foi apresentado pelo Executivo? Para atender não os interesse do povo, mas de ruralistas, garimpeiros e mineradoras internacionais, em busca de expansão de suas atividades em solo amazônico, ou em áreas de proteção. Estes são os grupos que hoje dialogam com a presidência da República e pautam projetos como esse.

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*Nilto Tatto é deputado federal pelo PT por São Paulo

 

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