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Cotidiano

Senado: Disputa entre Flávia Arruda e Damares divide bolsonaristas

As duas ex-ministras se lançaram pré-candidatas, num movimento que ameaça dividir o eleitorado bolsonarista no DF e a base política do governador Ibaneis Rocha

Maria Eduarda Guimarães

09/05/2022 às 11:51  atualizado em 09/05/2022 às 12:17

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Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves

Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves | Marcello Casal JrAgência Brasil

A disputa eleitoral pelo Senado no Distrito Federal abriu um racha entre aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), que passaram a se dividir entre as ex-ministras Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos).

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As duas ex-ministras se lançaram pré-candidatas ao Senado, num movimento que ameaça dividir o eleitorado bolsonarista no DF e a base política do governador Ibaneis Rocha (MDB). Ambos partidos apoiam o emedebista, que deve contar ainda com o endosso de Bolsonaro.

Ibaneis declarou apoio a Flávia e busca resolver o impasse, sob pena de a própria candidatura à reeleição ser impactada.

"Eu e Flávia estamos juntos. A Damares é uma questão do Republicanos", disse o governador à Folha. Os dois almoçaram na última semana e reafirmaram a aliança.

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"[O Republicanos é da base] e vai continuar sendo. A questão da suplência [da vaga para o Senado] será tratada pelos partidos da base sentados à mesa. Vou me reunir com eles para tentar conciliar nas próximas semanas. Mas a minha candidata ao senado será a Flávia", prosseguiu.

Integrantes do Republicanos no DF têm cargos no governo local e querem emplacar a primeira suplência de Flávia, o que não será possível caso Damares mantenha sua candidatura. Segundo interlocutores, faltou articulação para contemplar todas as legendas alinhadas a Ibaneis.

Até o início do ano, o acerto na campanha de Bolsonaro era que Flávia seria o nome do bolsonarismo na corrida pelo Senado no DF.
Damares foi lançada como pré-candidata ao Senado no final de março, surpreendendo sua então colega de Esplanada. Antes, ela flertou com candidatura pelo Amapá, mas o projeto foi abandonado.

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Quando anunciou a decisão de tentar ser senadora pelo DF, disse amar sua amiga Flávia. Mas completou que a "cadeira" do Senado era sua.

"O presidente [Bolsonaro] entende que é um direito meu me lançar pré-candidata. O presidente tem agora duas pré-candidatas ao Senado [no DF]. Nós temos a mesma pauta, nós somos muito amigas", disse Damares na ocasião.

O racha vai além do cenário local, porque cada ex-ministra é apoiada por um importante aliado de Bolsonaro no plano nacional: o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, trabalha por sua correligionária, enquanto Damares tem o endosso, nos bastidores, do titular da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

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Interlocutores de Valdemar afirmam que Flávia é a opção de Bolsonaro e que o mandatário deve escolher o nome de quem vai ocupar a suplência da ex-ministra.

Segundo quem trabalha por Flávia, o Republicanos estaria insistindo na candidatura de Damares para ao fim lançá-la a deputada federal, abocanhando também a suplência de Flávia.

Outros aliados de Bolsonaro, porém, garantem que ele expressa apoio a Damares e a incentivou a entrar no páreo.

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A preferência de Ciro Nogueira por Damares ocorre após um desentendimento entre o chefe da Casa Civil e Flávia sobre o pagamento de emendas – responsabilidade da Secretaria de Governo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, não liberou todos os recursos prometidos, abrindo uma crise da articulação política com a base. Flávia foi apontada como uma das responsáveis pela situação.

Outro motivo apontado por aliados é o interesse do PP pela suplência da vaga de Damares.

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O nome que circula hoje para o posto é o do empresário Fernando Marques, dono do laboratório União Química, que tentou emplacar no Brasil a vacina russa Sputnik. À Folha, ele diz ser pré-candidato ao Senado pelo PP e nega conversas sobre suplência, o que chamou de "especulações".

Em 2018, Marques postulou o cargo pelo Solidariedade, mas não se elegeu. Interlocutores de Flávia Arruda dizem que Bolsonaro deve adotar no DF a mesma postura que teve no Rio Grande do Norte, onde dois de seus ministros –Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) – tentaram se viabilizar como candidatos ao Senado.

O presidente determinou que eles se resolvessem. Marinho seguiu com a candidatura, e Faria permaneceu na Esplanada, justamente com o argumento de que não era possível dividir o eleitorado bolsonarista no estado.

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Aliados de Flávia pontuam que hoje ela está à frente nas pesquisas e dão como certa a sua eleição para o Senado.

Enquanto o tema não é resolvido, lideranças no DF estão preocupadas com o imbróglio.

O deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos) defende que o impasse seja superado o quanto antes, sob pena de nenhuma delas ser eleita. "A direita dividida favorece a esquerda, que tem nomes fortes que podem sair ao Senado", diz.

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O ex-governador Rodrigo Rollemberg (DF) é pré-candidato a deputado federal pelo PSB, mas parlamentares do DF não duvidam que, caso a disputa entre as duas perdure, ele tente se lançar ao Senado.

O PT ainda não definiu seu candidato ao Senado no DF. O ex-deputado Geraldo Magela e a sindicalista Rosilene Corrêa almejam disputar o governo da capital, mas, caso não se viabilizem, podem pleitear uma vaga de senador.

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