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Cotidiano

Sem trabalho e sem estudo: a situação do jovem brasileiro

Especialistas comentam a situação do jovem brasileiro

Gladys Magalhães

14/10/2022 às 14:25

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Brasil é o segundo país com a maior proporção de jovens entre 18 e 24 anos, que não trabalham ou estudam

Brasil é o segundo país com a maior proporção de jovens entre 18 e 24 anos, que não trabalham ou estudam | Robson Ventura / Folhapress

Um relatório publicado recentemente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que o Brasil é o segundo país com a maior proporção de jovens entre 18 e 24 anos, que não trabalham ou estudam, a chamada geração ‘nem-nem’.

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De acordo com o relatório, por aqui, 35,9% dos jovens na citada faixa etária se encontram sem trabalho e sem estudo, ficando atrás apenas da África do Sul, cujo percentual é de 46,2%. Dentre os 45 países avaliados, a média geral é de 16,6%.

Para entender como chegamos a tal situação e para onde ela pode nos levar, a Gazeta foi ouvir estudiosos do assunto.

Uma geração sem esperança?
Na avaliação do filósofo Francisco Razzo, professor de Sociologia e Filosofia do Colégio Presbiteriano Mackenzie Higienópolis e autor de “A Imaginação Totalitária”, editora Record, os números da OCDE refletem a falta de perspectiva do jovem brasileiro.

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“Temos dois níveis de problemas, o primeiro é uma falta de perspectiva do jovem, a sociedade não fornece perspectivas para a vida dele. Também falta qualificação”, observa.

Já o sociólogo Maurício Saliba, professor da Estácio, dá algumas razões para tal número. “O desemprego não tem uma causa única. Ele tem causas internacionais, um cenário político instável, aumento da população economicamente ativa, uma mão de obra cada vez mais automatizada que exige mais qualificação, e temos a falta de qualificação e requalificação.”

Para a maior parte dos especialistas, a situação não é nova, mas foi agravada pela pandemia, visto que ela acelerou mudanças no mercado de trabalho e impactou de forma significativa a educação.

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“Após dois anos, mesmo diante do sentimento de volta à normalidade da vida, os efeitos do fechamento das escolas, da redução da atividade econômica e da digitalização das empresas ainda impacta a juventude, sobretudo a que está em situação de maior vulnerabilidade”, analisa o especialista em gestão Oséias Gomes, fundador e CEO da Odonto Excellence e escritor dos best-sellers “Gestão Fácil” e “Negócio Escalável”, ambos da editora Gente.

Ainda para Gomes, no que diz respeito ao mercado de trabalho, os processos de digitalização foram aumentados, em especial no setor de serviços, o que impacta a empregabilidade dos mais novos, à medida que o setor é o maior empregador de jovens no Brasil.

“Com o redesenho do modelo de negócio das empresas para o atendimento em plataformas digitais, caiu a demanda por atendentes de call center, recepcionistas, auxiliares de escritório e caixas de supermercado, principais portas de entrada dos jovens no mercado formal de trabalho. A falta de profissionalização com a inovação e as tecnologias do jovem, a participação dele nesse novo modelo ficou impossibilitada”, diz Gomes.

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Futuro
Muita gente acredita que o fato de ter muitos jovens sem emprego e que foram obrigados a abandonar seus estudos podem prejudicar o Brasil no futuro, tornando cada vez mais complicado o preenchimento de vagas que exijam maior qualificação. Porém, na opinião de Oséias, os problemas já podem ser sentidos atualmente.

“O avanço na digitalização dos negócios e a mudança radical no perfil do trabalhador do século 21, além do descompasso que temos em termos de educação no ensino médio e superior que não consegue suprir as necessidades do mercado do trabalho, mostra que já estamos vivendo um apagão de mão de obra, principalmente na área de tecnologia. A longo prazo, a demanda e a oferta de profissionais qualificados serão ainda mais agravadas por conta do recuo da entrada de estudantes nos cursos de graduação, principalmente em cursos que envolvam na prática a inovação digital ”, observa.

Para Juliana André, professora de MBAs da FGV, a situação é um indício de que governos, empresas e sociedade civil precisam agir rapidamente.

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“Precisamos investir mais na educação em suas diversas esferas e ainda capacitar os jovens por meio de cursos técnicos. As escolas precisam estabelecer parcerias com empresas parceiras, no intuito de promover incentivo ao primeiro emprego e ainda é preciso adequar o propósito das empresas ao propósito dessa nova geração, sem perder a essência”, sugere, entre outras coisas, Juliana.

O caminho das pedras para a nova geração
De acordo com os especialistas, a sociedade precisa capacitar e oferecer oportunidades, mas os jovens também precisam fazer a sua parte.

“O jovem precisa mostrar sua força de vontade, sua predisposição em se dedicar, aprender continuamente”, ressalta Juliana, que lembra ser importante também buscar empresas com propósito de acordo com os princípios do candidato, investir no desenvolvimento de skills, como empatia, aperfeiçoar a adaptabilidade para a resolução de problemas, a rede de relacionamento, além de se mostrar disposto não apenas a aprender, mas a colaborar, cuidar da saúde mental, entre outros.

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Saliba completa com um conselho: “Aos jovens é muito importante que eles se qualifiquem, pois o mercado exige cada vez mais que tenhamos compreensão das tecnologias mais avançadas.”

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