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Cotidiano

Secretário de Nunes chamado de 'negacionista' é exonerado do cargo

Secretário paulistano de Mudanças Climáticas causou revolta na OAB-SP ao dizer que 'planeta se salva sozinho': 'Rosário de besteiras'

Bruno Hoffmann

13/07/2023 às 20:37  atualizado em 13/07/2023 às 21:48

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Antônio Fernando Pinheiro Pedro é exonerado pelo prefeito Ricardo Nunes

Antônio Fernando Pinheiro Pedro é exonerado pelo prefeito Ricardo Nunes | Reprodução

O secretário de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, Antônio Fernando Pinheiro Pedro, pediu demissão e será exonerado do cargo pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). A decisão se deu na tarde desta quinta-feira após o portal “Metrópoles” publicar um vídeo gravado no início de junho, durante um evento na OAB-SP, em que o secretário diz que o planeta “se salva sozinho” do aquecimento global, entre outras falas consideradas negacionistas.

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A mudança será publicada no Diário Oficial do Município desta sexta-feira (14).

O secretário havia sido convidado para falar durante o lançamento do Fórum Permanente de Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil. No evento, no início de junho, ele disse: "O planeta não será salvo por nós. Ninguém salva o planeta Terra. Geralmente, ele se salva sozinho. Ele o faz há 4,3 bilhões de anos. E muda o clima em todo esse período".

O secretário também afirmou: "Nós somos parte do problema para a vida na Terra neste momento, mas nossa solução é muito pequena. Os fatores são de ordem geológica, cósmica e solar”.

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Durante discurso, o secretário foi interrompido pela procuradora federal Georgia Sena Martins, doutora em geociências pela Unicamp, que, aparentemente indignada, o chamou de “negacionista”.

“Desculpa, mas o senhor está negando toda a existência deste fórum, toda a ciência, todos os relatórios do IPCC, todos os estudos feitos até hoje. O senhor é um negacionista”, disse Georgia Sena Martins.

“O que o senhor está falando não tem qualquer fundamento científico. O senhor está falando com base em achismos. Estamos em um fórum de mudanças climáticas e o senhor está negando as mudanças climáticas e falando um rosário de besteiras”, completou ela.

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Ao portal “Metrópoles”, Pinheiro Pedro disse que o posicionamento da procuradora foi "no mínimo, fascista” e que não mudaria “uma vírgula” das declarações que fez no evento.

Ele também afirmou que Leonardo da Vinci foi chamado de negacionista ao questionar valores de sua época, mas negou que estivesse se comparando ao inventor e pintor italiano.

Em nota à imprensa, divulgada nesta quinta, o agora ex-secretário destacou uma série de ações suas no comando da pasta municipal, defendeu Nunes e disse ter sido vítima de difamação.

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"Fui vítima de um crime: DIFAMAÇÃO. Tenho quatro décadas de trabalhos dignos desenvolvidos em prol do meio ambiente de da construção da própria legislação ambiental e do clima. Os loteadores ilegais, o crime organizado, os lacradores, os levianos, foram o alvo de nossa gestão. Espero que com minha saída não vençam", escreveu ele.

Leia a nota na íntegra:

"Caros amigos,

Muito se diz e pouco se faz a respeito da resiliência e adaptação da humanidade em face das mudanças climáticas.

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Na Prefeitura de São Paulo, resolvi FAZER, e obtivemos enormes avanços na área da gestão climática – que tornaram a gestão paradigma internacional.

Sob a batuta do Prefeito Ricardo Nunes, ampliamos a cobertura vegetal da Cidade de São Paulo, de 48% para 54%, em dois anos.

Estamos em vias de entregar uma frota de quase dois mil ônibus elétricos, executando o maior programa de descarbonização do transporte público no continente.

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Embargamos mais de 200 ha de áreas ilegalmente loteadas, em mais de 50 operações de defesa das águas, recuperando terreno num combate sem precedentes contra a especulação imobiliária, levada a cabo pelo crime organizado. 

Implementamos um Plano Climático para a cidade, com resultados mensurados e registrados em relatório, apresentado publicamente na data de ontem, 12 de julho, e já em sua segunda edição anual, envolvendo todas as secretarias e órgãos municipais.

Implantamos pelo segundo ano um Plano Preventivo de Chuvas de Verão, com o menor índice de danos nos últimos 18 anos, enfrentando o pior índice de precipitação de chuvas dos últimos cinco anos. 

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Fazemos, portanto, nossa parte no esforço global de enfrentamento às alterações do clima.

No entanto, fomos surpreendidos pela divulgação de uma gravação, montada fora do contexto, com objetivo difamatório, que busca extrair das declarações feitas conclusões absurdas.

Com efeito, as afirmações em nada se confundem com nossos esforços humanos de sobrevivência e manutenção das condições de clima e temperatura, que permitam resiliência e interação ecossistêmica.

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O fato de declarar que o planeta terra passa por ciclos há quatro bilhões de anos e, por óbvio, sempre se “salvou” sozinho, em nada se confunde com os esforços da humanidade para sobreviver e manter condições de clima e interação ecossistêmica. Há uma sutileza nisso tudo. Nós estamos tentando melhorar nossa resiliência, se falharmos, o planeta seguirá procedendo a seus ciclos, com ou sem nós.

Não somos Deus, não determos poder sobre processos físicos que transcendem nossa capacidade. Essa constatação é de humildade e de alerta – jamais foi uma negação do protagonismo humano nas alterações sofridas na atmosfera do planeta, desde a revolução industrial.  

Nada do que foi dito, se enquadra no contexto “negacionista” impingido de forma difamatória nas redes sociais. Muito menos a ação efetiva da gestão se enquadra nesse conflito artificialmente criado.

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Fui vítima de um crime: DIFAMAÇÃO.  Tenho quatro décadas de trabalhos dignos desenvolvidos em prol do meio ambiente de da construção da própria legislação ambiental e do clima. 

Os loteadores ilegais, o crime organizado, os lacradores, os levianos, foram o alvo de nossa gestão. Espero que com minha saída não vençam. 

A lealdade é a cicatriz no caráter do ser humano. Sou leal e não permitirei que esse lixo difamatório atinja o gabinete do prefeito. Por isso peço minha demissão.

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Obrigado. 

Antonio Fernando Pinheiro Pedro"

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