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Cotidiano
Torcedores também chegaram a invadir o gramado, precisando ser contidos por seguranças do estádio
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Ônibus queimado em Santos | Reprodução
Os torcedores do Santos presentes na Vila Belmiro se revoltaram com o rebaixamento do time para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, sacramentada com a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza.
Assim que soou o apito final, enquanto parte da torcida chorava e lamentava a queda para a Série B, outra parte da arquibancada passou a protestar contra a equipe, com o arremesso de bombas e objetos no gramado e gritos de "vergonha". Torcedores também chegaram a invadir o gramado, precisando ser contidos por seguranças do estádio.
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Os protestos tiveram sequência no entorno da Vila Belmiro, com quebra-quebra e confronto com policiais, que usaram bombas de gás lacrimogêneo. Carros e ônibus foram incendiados nos arredores.
Em campo, vários jogadores se deitaram no gramado ao fim da partida, com muitos deles chorando, incluindo o treinador Marcelo Fernandes. Entrevistas logo depois do término do jogo não foram realizadas por causa da falta de segurança.
Somente o coordenador técnico Alexandre Gallo se pronunciou, mais de uma hora após o resultado que definiu a página mais triste dos 111 anos de história do clube.
"Em um clube com este tamanho, com esta camisa, com este peso, sabemos que isso marca muito. Não esperávamos que fosse acontecer. Fizemos o possível e o impossível para pontuar mais e estar em uma condição melhor. Todas as ações dentro da legalidade nós fizemos, mas não fizemos a pontuação necessária.
Peço desculpas. A mágoa nossa é grande. Além de gostarmos muito do clube, estávamos à frente de um processo difícil", disse o dirigente.
Gallo admitiu falta de qualidade do elenco em diversos momentos e chegou a demonstrar irritação durante o questionamento de um dos jornalistas sobre o vazamento dos problemas disciplinares.
"Se você trabalha em uma empresa televisiva, com certeza tem problemas lá dentro e não externa isso. Tem coisas que não podem vazar. Você quer que um clube ande? No Santos, existe um clube dentro do Santos. Não acontece em outros clubes, esse nível de vazamento vai fazendo com que as ações sejam tomadas de maneira desnecessária", rebateu.
Os principais confrontos e problemas ocorreram no entorno e ruas adjacentes da Vila Belmiro. O gol marcado por Lucero desencadeou os primeiros registros de bombas.
Torcedores que já haviam deixado o estádio antes mesmo do término da partida entraram em conflito com policiais militar nas proximidades dos portões principais, 1 e 2. Imagens nas redes sociais mostram um grupo furtando uma viatura.
Com a saída do estádio, outros grupos atearam fogo em quatro veículos estacionados na rua Tiradentes, uma das que fazem parte do entorno da Vila. Um deles pertencia a familiares do atacante colombiano Stiven Mendoza.
O mesmo aconteceu com ao menos dois ônibus de linhas municipais, também nas imediações. O corpo de bombeiros foi acionado para controlar.
Remanescentes no estádio passaram a utilizar máscaras devido aos efeitos do gás lacrimogêneo. Alguns jornalistas tiveram dificuldades para respirar durante a entrevista coletiva de Alexandre Gallo.
Torcedores atiraram pedras, garrafas, gradis e diversos tipos de objetos contra a estrutura do estádio. Havia ainda outros focos de incêndio no município.
Antes mesmo do jogo, a prefeitura de Santos informou que o esquema de segurança e trânsito no entorno, em dias de jogos, é todo executado pela Polícia Militar.
A autoridade policial, por sua vez, não informou o efetivo para o confronto, mas previu um esquema reforçado, com mais policiais em campo, nas arquibancadas e nas principais ruas de acesso.
A equipe paulista chegou à ultima rodada ainda com chances de se salvar, mas a vitória do Bahia em cima do Atlético-MG e a do Vasco sobre o Bragantino obrigaram o Santos a vencer para evitar a queda, o que não aconteceu.
A agremiação da Vila Belmiro terminou a competição na 17ª posição, com 43 pontos. O Bahia ficou em 16º, com 44 pontos, e o Vasco, em 15º, com 45.
No primeiro ano após a morte do Rei Pelé, com o campeonato recebendo a alcunha de Brasileirão Rei em homenagem ao eterno camisa 10, o time da Vila Belmiro teve uma temporada marcada por fracassos em série dentro e fora de campo.
O ano trágico para a equipe do litoral teve eliminações precoces no Campeonato Paulista, na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil. No Brasileiro, o time da Vila Belmiro ainda sofreu uma goleada de 7 a 1 para o Internacional.
A primeira queda da formação praiana para a Série B entra na conta da gestão do presidente Andres Rueda. Na avaliação dos críticos, faltaram critério e planejamento na contratação de jogadores e treinadores. Desde que o dirigente assumiu o clube, em 2021, nove técnicos passaram pelo banco de reservas.
O último balanço financeiro indica ainda que não é apenas dentro das quatro linhas que a equipe praiana tem sofrido com a má administração. O balancete referente ao segundo trimestre de 2023 mostrou que o clube somava uma dívida de aproximadamente R$ 700 milhões em junho, após apresentar um deficit de R$ 10,2 milhões no período.
O último título foi o Paulista de 2016. E a falta de títulos - uma das principais fontes de receita, com as respectivas premiaçõe - impede que o clube consiga elaborar um plano para equacionar as dívidas. No estadual deste ano, por exemplo, a previsão era de arrecadação de R$ 1,6 milhão, com classificação às finais. A queda precoce, com a 11ª colocação, rendeu aos cofres apenas R$ 180 mil.
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