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Pessoas em situação de rua se concentram no bairro de Santa Cecília na capital paulista. | Arquivo/Agência Brasil
A população em situação de rua no bairro de Santa Cecília, na cidade de São Paulo, é 5 mil vezes maior em relação a do Iguatemi, na zona leste da capital. Os dados são do Mapa da Desigualdade 2022, divulgado pela Rede Nossa São Paulo nesta quarta-feira (23).
De acordo com o estudo, o distrito lidera o cenário na cidade, com 5.006 moradores de rua, enquanto o bairro da zona leste é o que menos tem moradores nessa situação — apenas um.
Segundo informações do portal “R7”, especialistas afirmam que isso acontece em razão da maior oferta de produtos, alimentos, empregos, políticas públicas e relacionamentos na região central.
O coordenador-geral do instituto, Jorge Abrahão, ressalta que o contato com a mobilidade que essas pessoas conseguem ter no centro traz mais condições para procurar trabalhos ou algum outro tipo de assistência.
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“Todos esses fatores juntos contribuem para que, historicamente, se afirme que existem mais serviços nas áreas centrais e elas se tornam pontos mais procurados para quem, de fato, vive a dura realidade das ruas da cidade”, afirma o secretário.
Em distritos mais afastados, como o Iguatemi, a oferta de todos esses fatores é menor. Além disso, o centro tem a especificidade de concentrar grandes viadutos que acabam se tornando uma opção de espaço de “proteção” para pessoas que precisam sobreviver nas ruas.
O estudo demonstra que nos 96 distritos de São Paulo existem cerca de 32 mil pessoas em situação de rua, com média de 339 em cada um deles. A Prefeitura de São Paulo divulgou um censo em janeiro que mostrou que a capital fechou o ano com 31 mil moradores em situação de rua em 2021.
O Mapa da Desigualdade, que é lançado anualmente desde 2012, utiliza fontes públicas e oficiais para identificar as principais necessidades e problemas de cada distrito da capital paulista.
De acordo com Carlos Bezerra Júnior, secretário municipal da Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social), existem três motivos fundamentais para a concentração ocorrer na região da Santa Cecília, assim como em outros bairros do centro expandido, como mostra o Mapa da Desigualdade: mobilidade, maior oferta de trabalho e maiores chances de acesso.
“Para compreendermos isso, é necessário entender a rotina de quem vive em situação de rua e as características urbanas de cada região da cidade”, disse o secretário.
Sobrevivência
Produtos recicláveis são uma das principais fontes de renda de pessoas que vivem nas ruas e, por conta da multidão que passa pela região da Santa Cecília todos os dias e o grande fluxo de serviços, o bairro acaba favorecendo as pessoas que dependem dessa atividade para sobreviver, além de aumentar a possibilidade da prática de mendicância.
“A convivência histórica dessa população com os comerciantes, por exemplo, permite que, durante a noite, a pessoa em situação de rua ocupe a calçada ou a marquise onde esse estabelecimento está instalado”, diz Carlos Bezerra.
A mobilidade na região é muito mais ágil do que nos bairros distantes, além de ter a oferta de todos os tipos de meios de transporte. Logo, especialmente para se deslocar para atividades de trabalho, mesmo que informais ou ilícitas, a região central acaba se tornando uma opção mais viável para as pessoas que têm as ruas como forma de sobrevivência.
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