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Cotidiano
O bolsonarista ficou sem legenda para concorrer depois que o PL, de Valdemar Costa Neto, resolveu apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB)
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O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) resolveu nesta quarta-feira (31) –pela segunda vez– que não vai mais disputar a Prefeitura de São Paulo. Como na outra ocasião, ele disse à Folha de S.Paulo que não desistiu, mas "foi desistido".
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O bolsonarista ficou sem legenda para concorrer depois que o PL, de Valdemar Costa Neto, resolveu apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e não o liberou para deixar o partido e se candidatar por outra sigla mantendo o mandato na Câmara dos Deputados.
Sua segunda opção, o PRD (Partido Renovação Democrática, fusão do Patriota com o PTB) deve lançar o Padre Kelmon, ex-candidato à Presidência da República em 2022.
O que foi determinante para Salles, no entanto, como mostrou a Folha de S.Paulo, foi a decisão de Bolsonaro de apoiar Nunes. A indicação disso veio na live do ex-presidente no domingo (28), quando ele sinalizou que pretende indicar Ricardo Mello Araújo como vice de Nunes.
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"Vamos entrar com bom vice, que tenha boa rota", disse, sem citar o nome de Araújo, que foi chefe da Rota, batalhão especial da Polícia Militar de SP.
Além de Valdemar, outros aliados de Bolsonaro, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o advogado Fabio Wajngarten, defendem a aliança pragmática com Nunes como forma de vencer Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio do presidente Lula (PT). Salles, por sua vez, faz oposição ao emedebista.
"Diante da declaração do Bolsonaro de que vai indicar o vice do Nunes, não há espaço para eu concorrer, pois eu não iria me lançar contra a chapa que ele decidiu apoiar", disse o deputado, que foi ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro.
"Respeito a decisão do [ex-]presidente, mas eu não apoio o Nunes", completou Salles, que deve manter-se neutro na briga da eleição municipal.
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Salles já havia declarado à Folha de S.Paulo que apoia a escolha de Mello Araújo e voltou a disparar contra a gestão de Nunes. "Mello Araújo é um excelente nome, será a melhor escolha [para a vice]. Acho que ele vai prender metade da prefeitura", afirmou.
Bolsonarista, Mello Araújo foi presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e é coronel da reserva da PM.
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Desde o início do ano, Salles vinha aguardando uma manifestação de Bolsonaro a respeito da sua posição na eleição de São Paulo, já que, para o deputado, só faria sentido concorrer com o apoio do ex-presidente.
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Valdemar e Tarcísio já haviam declarado que Bolsonaro iria apoiar Nunes, mas ainda havia dúvida sobre o grau de envolvimento do ex-presidente na campanha emedebista. Caso Bolsonaro demonstrasse neutralidade, haveria espaço para que Salles representasse a direita conservadora na eleição.
A indicação do vice, porém, foi lida entre deputados bolsonaristas como um embarque de Bolsonaro na pré-campanha de Nunes.
Em dezembro passado, Bolsonaro chegou a pedir "Salles prefeito" durante uma entrevista, num gesto em direção ao aliado bolsonarista e de afastamento em relação a Nunes, com quem manteve um vaivém ao longo do ano.
Naquele momento, Salles buscava deixar o PL com uma carta de aval de Valdemar, movimento que enfrentou resistência entre outros deputados da legenda, que defendiam que um suplente assumisse o mandato caso o ex-ministro deixasse o partido.
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Parlamentares bolsonaristas ouvidos pela reportagem dizem que, apesar de preferirem um candidato a prefeito 100% alinhado como o ex-presidente em vez de Nunes, Salles implodiu suas pontes com Valdemar e com Tarcísio por meio de críticas públicas que consideram desnecessárias.
Valdemar foi criticado pelo deputado e associado por ele ao toma lá da cá de cargos e à corrupção do centrão. "Quem com os porcos anda, farelo come", tuitou Salles em junho passado a respeito do líder do PL.
Naquele mês, após uma série de acenos entre Bolsonaro e Nunes, Salles anunciou que havia desistido de concorrer à prefeitura, mas voltou atrás em outubro.
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A avaliação de Valdemar e outros aliados de Bolsonaro é a de que um candidato bolsonarista não teria votos suficientes para vencer Boulos em São Paulo, cidade onde Lula e Fernando Haddad (PT) tiveram mais eleitores do que o ex-presidente e Tarcísio em 2022.
Já na opinião de bolsonaristas, Bolsonaro, que está inelegível e vê a Polícia Federal cercar sua família, está fragilizado politicamente e depende do PL, inclusive financeiramente, o que prejudica sua independência em relação a Valdemar.
Nesta segunda-feira (29), Valdemar se reuniu com Nunes e levou a ele a sugestão de Mello Araújo como vice, nome bancado por Bolsonaro. O prefeito disse ser uma boa opção, mas afirmou que a decisão só será tomada mais adiante.
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O presidente do PL também mencionou os outros nomes que estão credenciados, segundo ele, para ocupar a vice: o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Sonaira Fernandes (Republicanos), e a delegada Raquel Gallinati.
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