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Cotidiano
Nesta sexta, Nunes ficou no palco ao lado de Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas em uma cerimônia militar na capital paulista
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O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) | Jose Cruz/Agência Brasil
O deputado federal Ricardo Salles (PL) criticou o líder de seu partido, Valdemar Costa Neto, por gestos de aproximação com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), seu virtual rival na corrida pela Prefeitura de São Paulo em 2024. Salles vê seu plano de concorrer com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçado.
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Nesta sexta (2), Nunes ficou no palco ao lado de Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em uma cerimônia militar na capital paulista.
Foi a segunda aparição pública do prefeito com o ex-presidente, em meio a dúvidas sobre as chances de a candidatura de Salles vingar. A anterior ocorreu no início do mês passado, durante evento do PL na Assembleia Legislativa. Na ocasião, os dois também participaram de um almoço.
Neste sábado (3), o ex-ministro do Meio Ambiente da gestão Bolsonaro primeiro escreveu em seu perfil no Twitter: "Quem com os porcos anda, farelo come".
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Horas depois, ele voltou a publicar, apontando motivos que estariam por trás da intenção de alas do PL de embarcarem na campanha de Nunes. Salles, que quer se apresentar como representante da direita no pleito, lembrou que o atual prefeito não declarou apoio a Bolsonaro nas eleições de 2022 e já afirmou em uma entrevista que não será o candidato desse campo.
"Vou explicar: Valdemar, através do Dep. Antonio Carlos Rodrigues, ex-ministro da Dilma [Rousseff] e ATUAL elo de ligação do PL com o PT, tem 1 Secretaria e 2 subprefeituras na administração Nunes, que não apoiou Bolsonaro ano passado e ainda disse ao Estadão não querer ser o candidato da direita", afirmou o parlamentar do PL.
O deputado explorou a vinculação de Nunes com a ex-petista Marta Suplicy, secretária municipal de Relações Internacionais, para reforçar a ideia de laços do adversário com a esquerda e o centrão.
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Salles afirmou que o partido do prefeito tem ministérios no governo Lula (PT) e integra a base do presidente no Congresso. Nunes trabalha para se posicionar como uma opção de centro, mais moderada.
"A Prefeitura, de Nunes e Marta, está cheia de petistas. Enfim, para o Centrão é tudo business. Não são conservadores, nem liberais e nem direita. Muito menos oposição. Jamais serão. Serão sempre governo. Não foi para isso que passamos 4 anos lutando contra a esquerda. Vergonha", concluiu.
Também neste sábado, o ex-ministro publicou no Instagram um vídeo com a legenda: "Tão relevante quanto as escolhas ideológicas, a degradação da política brasileira nos impõe, antes de tudo, separar os sérios dos picaretas. Essa história de pragmatismo virou desculpa para justificar apoiar ladrão, vagabundo e mensaleiro".
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Salles enfrenta a resistência de setores do PL, principalmente no âmbito municipal, que são contra sua candidatura e defendem apoio a Nunes.
O ex-ministro do Meio Ambiente, por sua vez, trabalha para assegurar o apoio de Bolsonaro e convencer o partido a lançar sua campanha.
O prefeito redobrou nas últimas semanas os esforços para conseguir uma aliança com a sigla, para a qual reservou, até segunda ordem, a vaga de vice na chapa. Nunes também foi estimulado a se filiar ao PL para disputar a reeleição, o que, na prática, enterraria de vez o projeto de Salles.
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O prefeito procurou dirigentes do PL de São Paulo para filiar sua mulher, Regina Carnovale Nunes, à sigla. A movimentação foi lida como um gesto para tentar atrair o partido para sua coligação.
No pano de fundo está ainda uma competição de Nunes e de Salles pelo apoio de Tarcísio, que até aqui se mantém neutro.
As campanhas de ambos veem como principal adversário a ser batido o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que chegou ao segundo turno em 2020 contra Bruno Covas (PSDB). Também é cogitada a candidatura da deputada federal Tabata Amaral (PSB).
O imbróglio em torno de Salles expôs um embate entre a parcela bolsonarista do PL, que trabalha pela consolidação do nome do ex-ministro, e a ala "raiz", considerada mais política – e que o ex-ministro vincula, de forma crítica, ao centrão.
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Na gestão Nunes, o partido domina a Secretaria do Meio Ambiente. O presidente municipal da sigla, vereador Isac Félix, vocaliza em público a intenção de apoiar a reeleição do atual ocupante da cadeira e diz que o colega de agremiação não pode impor uma candidatura "goela abaixo".
Bolsonaro já teria dito, durante evento da Agrishow, que não deverá embarcar na campanha de Nunes porque não recebeu o apoio dele na disputa com Lula em 2022 e porque o prefeito já declarou não ser de direita, mas de centro, conforme mostrou a coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
Salles vem afirmando que conta com o apoio de Bolsonaro. O ex-presidente, contudo, já disse que a decisão final será da direção municipal do partido e de Valdemar.
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Em meio às disputas, a direção do PL começou a ventilar a possibilidade de lançar o senador Marcos Pontes (PL-SP) como candidato à prefeitura. A avaliação de Valdemar é que um perfil muito à direita não terá sucesso na capital e que um nome como o do ex-astronauta seria mais palatável.
Salles tem usado a CPI do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da qual é relator no Congresso, para ganhar holofotes e se cacifar na disputa. Ele fala em incluir nas investigações o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), que é ligado a Boulos, para fustigar o psolista.
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