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Cotidiano

Saiba como é a experiência de viajar no trem de Paranapiacaba

Repórter da Gazeta embarcou no Expresso para contar como é uma das viagens de trem mais concorridas do estado de São Paulo

Bruno Hoffmann

20/08/2024 às 17:00  atualizado em 09/09/2024 às 17:39

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Chegada de trem à Vila de Paranapiacaba, que faz parte do município de Santo André

Chegada de trem à Vila de Paranapiacaba, que faz parte do município de Santo André | Bruno Hoffmann

Gazeta embarcou no Expresso Paranapiacaba no domingo (11/8), Dia dos Pais, para saber como é fazer uma das viagens de trem mais concorridas do estado de São Paulo. A venda de ingressos abre uma vez por mês e os bilhetes costumam esgotar em menos de uma hora.

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Pela manhã, o repórter Bruno Hoffmann chegou à Estação da Luz com 15 minutos de antecedência para a partida, marcada às 8h30, e seguiu o caminho até a entrada do Expresso. Os funcionários já estavam à espera dos viajantes. E vestidos a caráter.

O uniforme dos atendentes do trem remete a outra época, com terninhos e chapéus clássicos. As atendentes são extremamente atenciosas e auxiliam todos a encontrarem o assento predeterminado. Esqueça o dia a dia de metrôs lotados da CPTM. Nessa viagem todos vão sentados.

CPTM Expresso ParanapiacabaRepórter da Gazeta ao lado de uma das funcionárias do Expresso Paranapiacaba/Divulgação

Os mais ansiosos podem sentir certa "angústia" ao perceberem que o trem anda bem devagar, quase parando. Mas anda. Uma mulher explica pelo sistema de som a história de cada estação. E assim todos ficam sabendo o quão históricas são as paradas Juventus-Mooca, Ipiranga e São Caetano do Sul, por exemplo.

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O serviço de bordo é bem simples, com salgadinhos industrializados, bebidas não-alcoólicas e cafés, mas nada que faça falta. Todos ficam na expectativa de conhecer a cidade.

Duas horas depois, o início da Serra do Mar e a torre em estilo britânico mostram que o trem está chegando ao destino. Momento em que é preciso ter boa disposição para andar e conhecer a vila criada pelos ingleses que trabalhavam na São Paulo Railway Company, em 1860, e que, hoje, tem cerca de mil habitantes.

Logo na entrada do distrito, que faz parte do município de Santo André, o que chama a atenção é a organização e a quantidade de cachorros com aparência saudável que circulam pelas ruas. 

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Cachaças de cambuci são vendidas na Vila de ParanapiacabaCachaças de cambuci são vendidas na Vila de Paranapiacaba

Há ainda, grudado com a estação, um minishopping com artigos, artesanato e delícias da região, onde a estrela é o cambuci, uma frutinha usada pelos locais para fazer de geleia a cachaça. Ela é boa em qualquer formato.

Primeiro campo de futebol do Brasil

Como amante da história do futebol, o repórter da Gazeta seguiu para o primeiro campo de futebol do Brasil com as medidas oficiais, que fica próximo à estação de trem. O local foi reformado recentemente, mas foi fundado por Charles Miller, considerado o precursor do futebol no País. 

Para Hoffmann, é bonito ver o campo sob a serra do mar das arquibancadas apertadas. Ali é a sede do Serrano Atlético Clube, uma equipe de futebol que já venceu muitos jogos por saber jogar sob a neblina tão comum no distrito.

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Pertinho do campo está um pequeno museu sobre a história do futebol e de Charles Miller, um dos funcionários da São Paulo Railway Company. Há bolas e chuteiras antigas, jogos de botão e outros apetrechos que encantam quem ama o esporte. O passeio só está começando.

'Duas cidades'

Paranapiacaba é recomendado para quem tem disposição para subidas, principalmente para quem quiser conhecer o outro lado da cidade, que tem mais influência portuguesa do que inglesa. É comum dizer que o distrito é dividido em “duas cidades”, apesar de sequer ser uma. A linha de trem divide os dois lados.

Do outro lado, após subir uma ladeira íngrime, dá para observar uma capela muito bonita, é a igreja Senhor Bom Jesus de Paranapiacaba, fundada em 1889. Há também uma série de vendedores de cachaças de cambuci, entre outras iguarias. O lugar é bonito, mas o lado inicial chamou mais a atenção do repórter.

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Igreja ParanapiacabaIgreja Senhor Bom Jesus de Paranapiacaba foi fundada em 1889

De volta à origem do passeio, é possível visitar outra espécie de galeria com vendedores locais. A gastronomia dá o tom nesse momento e é irresistível levar muitos doces, salgados e bebidas para a casa. Tudo com preço acessível.

Museu Castelinho

O distrito tem uma série de minimuseus. O que mais chama a atenção, e que não é tão mini assim, é o Museu Castelinho, a antiga casa do engenheiro-chefe da São Paulo Railway Company.

Museu Castelinho, em ParanapiacabaMuseu Castelinho, em Paranapiacaba/Bruno Hoffmann

O espaço tem cômodos temáticos, como a sala de jantar, o local onde o engenheiro desenhava os projetos e um espaço esportivo. Dali dá para ter boa visão da cidade. É possível até enxergar entre a serra o município de Cubatão, já na Baixada Santista.

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A visita tem direito ao acompanhamento de um guia local e é um dos poucos espaços culturais que precisa pagar a entrada. O valor é R$ 10.

Restaurantes

A cidade é cheia de restaurantes bons com preços interessantes para uma região tão turística. É fácil comer bem com menos de R$ 50, seja onde for. Restaurantes por ali não faltam, de veganos àqueles “coma à vontade” por um preço fixo.

Há também uma série de pequenos cafés e lanchonetes. Ou seja, quem for com a intenção de comer bem com preço acessível estará no lugar ideal.

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Uma série de shows gratuitos pelos bares e restaurantes a céu aberto, principalmente de rock e de jazz, animam os visitantes.

Lugar de bruxas

O distrito de Paranapiacaba está envolto em uma série de lendas. Uma delas diz que o mítico serial killer "Jack, o Estripador" fugiu da Inglaterra e se tornou médico na vila.

Já a névoa rotineira do distrito teria surgido após uma mulher operária ter se matado por ser proibida de casar com seu grande amor, um homem filho de um engenheiro.

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Diz a lenda que o véu da mulher teria se transformado na neblina espessa que cobre a vila diariamente.

Hoje, a cidade tem uma série de autodenominadas “bruxas”, ou mulheres que buscam na espiritualidade uma maneira de levar a vida. Há ainda lojinhas de produtos como pedras e ervas.

Não à toa, Paranapiacaba abriga a sede da Associação Brasileira de Bruxaria (ABB) e é palco da Convenção de Bruxas e Magos, principal evento do País nesse segmento.

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A volta para São Paulo

A volta para a Estação da Luz estava marcada para 16h30, e todos chegaram à plataforma um pouco antes do horário. A entrada foi feita em filas organizadas pelos vagões da composição.

Na volta, todos estavam felizes, mas cansados depois de tantas horas de caminhada, compras, almoços, bruxarias e outras atrações tão típicas de Paranapiacaba.

O trem chegou às 18h30 na Estação da Luz. Com a pontualidade que os ingleses gostam.

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Como viajar

Para comprar ingressos acesse o site dos Expressos da CPTM. Há também passeios para Jundiaí e Mogi das Cruzes.

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