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Cotidiano

Rússia acusa Ucrânia de tentar matar Putin em ataque com drone ao Kremlin

A alegação, sem a apresentação de provas, foi refutada por Kiev

03/05/2023 às 21:45

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Segundo a mídia estatal russa, cerca de 40 soldados invadiram as localidades e atiraram nos residentes

Segundo a mídia estatal russa, cerca de 40 soldados invadiram as localidades e atiraram nos residentes | Reprodução/Twitter/Kremelin Rússia

A Rússia acusou a Ucrânia de estar por trás de um suposto ataque com drones ao Kremlin, em Moscou, nesta quarta-feira (3). O objetivo, de acordo com autoridades do país, seria matar Vladimir Putin.

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A alegação, sem a apresentação de provas, foi refutada por Kiev. "Lutamos em nosso território", disse o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, em visita à Finlândia para uma cúpula com países nórdicos.

A guerra de versões não impediu o governo russo de divulgar nota afirmando que "o lado russo se reserva o direito de tomar medidas de retaliação onde e quando considerar adequado". A frase foi encarada como uma indicação de que Moscou pretende usar o episódio, que se dá em meio a rumores de uma aguardada contraofensiva de Kiev na Guerra da Ucrânia, para justificar uma intensificação do conflito.

Assim, o caso gerou suspeitas de uma operação de "bandeira falsa", isto é, quando um país simula um ataque contra si mesmo para iniciar uma guerra, retaliar rivais ou escalar uma situação. Chamou ainda a atenção o comentário do ex-presidente russo Dmitri Medvedev. No Telegram, após chamar a suposta ação de "ataque terrorista", ele afirmou que "não há mais opções, exceto a eliminação física de Zelenski".

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"Nem é preciso assinar o ato de rendição incondicional", disse o atual número 2 do Conselho de Segurança russo e um linha-dura entre os aliados próximos de Putin. "Hitler, como sabem, também não assinou."

Do lado ucraniano, o temor foi ecoado pelo principal assessor de Zelenski, Mikhail Podoliak, que escreveu no Twitter que a "Rússia está claramente preparando um ataque terrorista em larga escala".

Também o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse desconfiar das acusações —para o responsável pela diplomacia americana, qualquer informação vinda do Kremlin tem que ser recebida "com um pé atrás".

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As autoridades russas afirmam que o ataque ocorreu de madrugada, quando dois drones teriam sido lançados em direção à residência de Putin dentro da cidadela fortificada. Os artefatos, segundo o Kremlin, foram interceptados pelos sistemas de defesa antiaérea locais e nenhum dos prédios sofreu danos, embora fragmentos dos equipamentos, ainda na versão russa, tenham sido lançados pela área.

Vídeos nas redes sociais russas mostram o aparente momento do ataque e a fumaça que teria se seguido à suposta ofensiva. A agência de notícias Reuters não conseguiu verificar a autenticidade dos registros.

A agência estatal RIA afirmou que Putin não estava no Kremlin, mas em sua residência oficial, em Novo-Ogariovo, perto da capital, e que ele manteve a agenda de compromissos para o restante da semana.

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O suposto ataque ocorre a dias do chamado Dia da Vitória, que celebra o êxito dos Aliados contra a Alemanha nazista —a rendição fora assinada em 8 de maio, mas como já passava da meia-noite na então União Soviética, ele é comemorado em 9 de maio, neste ano na próxima terça.

A União Soviética foi o maior contribuinte em sangue da Segunda Guerra Mundial: 40% dos 70 milhões de mortos eram soviéticos, e quase 70% das famílias russas perderam algum parente no que lá é chamado de Grande Guerra Patriótica. Putin, no poder há quase 25 anos, reconstruiu a imagem nacional russa calcada no exemplo histórico, levando os desfiles do Dia da Vitória a se tornarem grandiosos.

Em seu encontro regular com a imprensa, o porta-voz do governo, Dmitri Peskov, disse nesta quarta-feira que as paradas do Dia da Vitória foram mantidas, a despeito do suposto atentado. Antes, a Prefeitura da capital Moscou havia anunciado que drones serão proibidos, a não ser que tenham autorização do governo.

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A guerra que Putin iniciou em 24 de fevereiro de 2022 ganhou novo fôlego com a expectativa de uma contraofensiva da Ucrânia. Na sexta-feira passada (28), Moscou realizou seu maior ataque de mísseis sobre o território ucraniano em quase dois meses, matando quase 25 pessoas. Só nesta quarta, novas investidas provocaram a morte de 21 pessoas na região de Kherson, uma das quatro anexadas à Rússia por meio de referendos considerados ilegais e reconquistada pela Ucrânia.

Drones ainda atingiram um prédio na região de Dnipropetrovsk e um reservatório de combustível em Kropivnitskii, no centro do país, causando um grande incêndio, de acordo com autoridades locais.
Enquanto isso, um tanque de petróleo explodiu no vilarejo de Volna, na região de Krasnodar, na Crimeia —península anexada por Moscou na esteira da queda do governo pró-Kremlin da Ucrânia em 2014.

Trata-se do segundo caso do tipo na área em poucos dias: no último sábado (29), um suposto ataque de drone causou um grande incêndio na cidade portuária de Sebastopol.

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Ao responder às acusações do Kremlin sobre o suposto atentado contra Putin, Podoliak alegou —também sem evidências— que esses ataques cada vez mais frequentes dentro do território russo eram produto não de estratagemas de seu país, mas das "atividades de guerrilha das forças de resistência locais".

"A perda de controle sobre o país pelo clã de Putin é óbvia", escreveu ele. "Algo está acontecendo na Rússia, mas definitivamente sem a presença de drones ucranianos sobre o Kremlin."

A intensificação das tensões torna a possibilidade de uma negociação entre as partes cada vez mais distante. Mesmo assim, um passo pode ter sido dado em direção a ela também nesta quarta, com o encontro do papa Francisco com o bispo Antoni de Volokolamsk, número 2 da Igreja Ortodoxa Russa.

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Segundo líder mais poderoso da instituição, atrás do patriarca Cirilo, um apoiador de Putin e da Guerra da Ucrânia, o bispo se sentou em um lugar de destaque na audiência semanal do pontífice, no Vaticano, e foi o primeiro a cumprimentar Francisco ao final da cerimônia.

A reunião sucede uma declaração enigmática de Francisco a jornalistas ao voltar da Hungria, no fim de semana. Na ocasião, questionado se a Igreja Católica poderia ajudar a acelerar o fim do conflito, respondeu que havia uma missão em curso nesse sentido, mas que não era pública. A declaração pareceu pegar Rússia e Ucrânia de surpresa, que disseram não saber de nenhuma iniciativa papal ligada ao tema.

Ainda nesta quarta-feira, os EUA anunciaram seu 37º pacote de ajuda financeira e militar a Kiev. O valor final somará US$ 300 milhões, de acordo com a Casa Branca. Com isso, chega a US$ 35,7 bilhões o montante enviado por Washington aos ucranianos durante a guerra.

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Já nesta quinta-feira (4), espera-se que o ucraniano Volodmir Zelenski faça um discurso em Haia, na Holanda, segundo informou o governo holandês. O presidente deve discursar em um evento com o tema "Não há paz sem Justiça para a Ucrânia".

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