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Cotidiano
Levantamento aponta que São Paulo registrou 39.462 roubos e furtos de motocicletas no ano passado
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Na capital paulista, as ocorrências de roubo saltaram 21%, também entre 2021 e 2022 | Divulgação Polícia Federal
O vídeo de uma moto caída na avenida Luiz Ignácio Anhaia Mello, na zona leste de São Paulo, depois de ter sido abandonada ao ter o alarme disparado, e que circulou no último dia 8, é apenas mais um dos que são publicados quase todos os dias em grupos de WhatsApp de motoboys da capital.
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São veículos que "sumiram" das ruas e entraram para as estatísticas da disparada de roubos e furtos de motocicletas no estado.
Pesquisa da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), em parceria com a empresa de rastreamento Tracker, obtida com exclusividade pela Folha de S.Paulo, aponta que São Paulo registrou 39.462 roubos e furtos de motocicletas no ano passado. O número é 38% maior que o de 2021, com 28.627 registros.
No mesmo período, segundo a Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), a frota paulista de motocicletas cresceu 4%, com cerca de 205 mil veículos a mais.
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Furtos tiveram a maior alta, com 42% a mais de registros em apenas um ano. No caso de roubos, o crescimento foi de 30% no período.
"Sempre roubaram motos, mas como agora nunca vi. Não tem um dia que alguém não compartilhe a foto de uma que sumiu", afirma Gilberto Almeida, 43, diretor-presidente do SindimotoSP (sindicato dos motofretistas de São Paulo) e motoboy há 25 anos.
Na capital paulista, as ocorrências de roubo saltaram 21%, também entre 2021 e 2022. Já as de furto foram 26% superiores.
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Os indicadores do ano passado são maiores que os de 2019, ou seja, antes de a pandemia de Covid colocar nas ruas um exército de entregadores de moto para atender a população trancada em casa.
No caso do estado, a soma de roubos e furtos ficou 28,78% maior em 2022 na comparação com 2019. Na capital, foi 22,6% superior.
Os números foram coletados de boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil e têm algumas divergências na comparação com a pesquisa do ano passado. Segundo a Fecap, elas ocorrem por causa de ajustes na metodologia de tratamento dos dados dos BOs, devido a duplicidade de informações ou classificação incorreta de veículos, entre outros, segundo Erivaldo Costa Vieira, coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da instituição.
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Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), que divulga estatísticas de roubos e furtos de veículos em geral - e não as classifica por tipo, como motos-, diz que o policiamento ostensivo foi intensificado em todo o estado por meio da Operação Impacto.
Entre 11 de janeiro e a última terça (7), afirma a pasta, 1.758 suspeitos foram presos, 39.362 motocicletas vistoriadas, 3.128 motos apreendidas e 154 recuperadas nos municípios paulistas.
Rafael Alcadipani, professor da área de segurança da FGV e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, vê uma explosão de crimes contra o patrimônio em São Paulo.
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Para ele, a distribuição desigual do policiamento ostensivo por parte da PM faz com que a periferia tenha mais ocorrências de roubos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os bairros campeões nesse tipo de crime são Capão Redondo e Santo Amaro, na zona sul, e Itaquera, na zona leste, segundo o boletim Tracker/Fecap.
Já os maiores indicadores de furtos estão em regiões distantes dos extremos periféricos, como Lapa (zona oeste), Bela Vista (centro) e Tatuapé (zona leste).
Segundo Alcadipani, a questão do roubo e furto de motos é difícil de investigar, pois a venda ilegal de peças está espalhada pelo estado inteiro e o crime não abastece apenas o mercado doméstico, mas o país todo.
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"Por isso, é preciso articulação das forças de segurança, das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, para tentar fechar o sistema como um todo", afirma.
A mudança de comportamento, que congestionou o corredor entre os carros com motoboys de mochilas de serviço de entrega nas costas, também impulsionou o comércio ilegal de motopeças, apotam especialistas.
Vitor Corrêa, coordenador de comando de operações do Grupo Tracker, diz acreditar que as falhas na fiscalização de desmanches clandestinos e a falta de consciência da sociedade em exigir a nota fiscal na compra de uma peça usada contribuem para o crescimento constante do mercado ilícito.
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A SSP diz que as ações da Polícia Civil foram intensificadas em desmanches, ferros velhos e locais de comercialização de peças automotivas visando identificação e prisão de integrantes de quadrilhas especializadas em roubos, furtos e receptação de motos.
No último dia 7, afirma a nota, quatro suspeitos foram presos em um comércio de peças na zona leste. Eles foram flagrados com um estoque de 220 peças veiculares diversas sem numeração ou documentos de procedência. Munições também foram apreendidas.
De abril de 2022 até o momento, a Divisão de Investigações sobre Furtos, Roubos e Receptações de Veículos e Cargas (Divecar), do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), já apreendeu 87 motocicletas e 38.590 peças, diz.
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Não é difícil que motos de alta cilindradas sejam escondidas jogadas no meio de matagais enquanto "esfriam" após serem levadas por ladrões. "Se não forem encontradas, essas motos geralmente são usadas para ostentação de fim de semana para depois serem desmanchadas", diz o representante da empresa de rastreamento.
No fim do último dia 9, o piloto de uma BMW G310 GS, ano 2023, avaliada em cerca de R$ 37 mil, foi surpreendido por duas pessoas armadas na Brasilândia, na zona norte da capital, e teve de entregar sua moto.
Graças a um aparelho de rastreamento instalado, ela foi achada duas horas depois, a cerca de 2 km dali, na Vila Itaberaba, parada na rua.
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Essas motos de grande porte são "foguetões para ostentação na comunidade", rotula o sindicalista Gilberto Almeida. "Não adianta só fiscalizar pneu e falta de licenciamento", diz ele, sobre policiamento na periferia.
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