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Cotidiano
Exclusivo: Rosângela revela por que quer ser deputada por SP, reclama de 'parcialidade' da Justiça e garante que será oposição se Lula ganhar
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Rosângela Moro | Divulgação
A advogada Rosângela Moro (União Brasil) é candidata a deputada federal por São Paulo. Essa era a mesma intenção do seu marido Sergio Moro (União Brasil), só que para o cargo de senador. O ex-ministro da Justiça, porém, foi impedido pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) por considerar que Moro não tem vínculos com o Estado. Ele, agora, busca o Senado pelo Paraná.
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"Fica muito claro que utilizaram de métricas diferentes para julgar os nossos casos. É uma contradição eles não serem transparentes e ainda deixarem claro para todos que a depender de quem está sendo julgado, as regras mudam", lamenta Rosângela.
Nesta entrevista à Gazeta, feita por e-mail, a "conja" (apelido que resolveu adotar após críticos a Moro debocharem do fato do ex-juiz pronunciar de maneira incorreta a palavra "cônjuge") explica por que quer concorrer por São Paulo, diz que se expressou mal ao dizer que Moro e o presidente Jair Bolsonaro (PL) eram "uma coisa só" e critica a "parcialidade" da Justiça em decisões contra membros da Operação Lava Jato.
Ela também foi questionada se seria oposição no Congresso em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): "Com absoluta certeza que sim".
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Por que a sra. escolheu São Paulo para concorrer ao Congresso? É uma estratégia para puxar votos para sua legenda no estado?
Eu escolhi São Paulo porque eu moro em São Paulo e adoro o Estado. Assim, eu via que ele merecia uma legítima representante da Lava Jato. Tenho laços familiares e construí também relações profissionais. Não podemos esquecer que São Paulo é o estado que move o País, é também o maior motor econômico e berço de visibilidade para a defesa de grandes causas. É aqui que a Lava Jato tem o seu maior apoio em todo o País, foi aqui que mais de um milhão e meio de pessoas tomaram as ruas da avenida Paulista em apoio à Lava Jato. Resolvi que este era o melhor caminho.
Considera uma contradição o TRE-SP impedir que Sergio Moro concorra por São Paulo mas permitir a senhora?
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Sempre vimos que o julgamento do TRE com relação ao Sergio foi feito com dois pesos e duas medidas, isso porque fica muito claro que utilizaram de métricas diferentes para julgar os nossos casos e, até mesmo, outros de portabilidade do domicílio eleitoral que ocorreram ao longo desse período de janela partidária. É uma contradição eles não serem transparentes e ainda deixarem claro para todos que a depender de quem está sendo julgado, as regras mudam. O que é completamente lamentável.
Como viu a condenação do TCU contra Deltan Dallagnol, Rodrigo Janot e João Vicente na semana passada?
A condenação do TCU é uma verdadeira decisão política, completamente vergonhosa e fora das orientações técnicas. Com toda certeza, é um absurdo ter de assistir todos esses fatos e enxergar parcialidade na forma como se decidem as coisas no Brasil. No entanto, é só mais uma prova de que a Operação Lava Jato alcançou sucesso e suas ações incomodam muita gente. Afinal, não pode ser mera coincidência sempre haver perseguição contra os que estavam à frente da operação.
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Sergio Moro condenou o ex-presidente Lula à prisão e, pouco tempo depois, se tornou ministro do presidente Jair Bolsonaro. A sra. concorda com as críticas de opositores que desconfiam das intenções dele durante a condenação?
De forma alguma. Sergio sempre foi um homem íntegro e que fazia a coisa certa, independente da situação. O caso da condenação teve embasamento, não foi nenhum tipo de carta de intenções para o futuro, muito pelo contrário, enquanto magistrado ele estava atuando de acordo com o que as provas apontavam e com o que a lei dizia. Sua atuação enquanto juiz nunca foi a de burlar regras ou buscar agradar certos nomes dentro da política, ao contrário, o que ele mais fez até hoje foi desagradar a corja política que existe no Brasil – motivo este para, inclusive, para que sua candidatura desagrade muita gente. Suas intenções eram as mais justas possíveis e disso não há do que desconfiar.
Moro e Bolsonaro já haviam se encontrado antes dele receber o convite para ser ministro da Justiça e Segurança Pública?
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A primeira vez em que Bolsonaro e Sergio conversaram foi depois do segundo turno. Depois da eleição estar terminada é que surgiu o convite. Sergio, como uma boa pessoa que luta e acredita em seus ideais, viu o cargo de ministro como uma boa oportunidade de se levantar contra os grandes problemas do País. E de fato ele o fez. Enquanto esteve à frente do ministério trouxe excelentes resultados para o Brasil e quando se viu diante de questões que feriam sua ética e contrariavam a autonomia de seu trabalho, teve coragem de se afastar e não compactuar com o que não achava correto.
Qual sua opinião sobre o presidente Jair Bolsonaro? Errou ao dizer que Moro e Bolsonaro "eram uma coisa só"?
Todos nós enxergávamos um Bolsonaro completamente diferente do que vimos na prática. Ele não se mostrou interessado em combater mesmo à corrupção, mas isso só foi possível ver na prática da presidência, principalmente quando disse orgulhoso ter matado a Lava Jato. Então, sim, eu me expressei mal. Naquele momento, o que eu queria dizer era que o governo era uma time e acabar com narrativas de ciúmes.
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Quais seriam suas prioridades caso se torne deputada por São Paulo?
Caso seja eleita, vou lutar por aquilo que acredito, principalmente para dar continuidade a um legado contra o que atrapalha o combate à corrupção. Quero também contribuir com mais mulheres na política, trabalhando em prol de mais empoderamento político e o fim de certas narrativas contra a capacidade feminina em governar. Ainda, defenderei os interesses da educação e da saúde, levando em consideração todos os esforços que tive durante minha vida no terceiro setor. Quero defender o direito das pessoas com deficiência e levar maior assistência para os que precisam de atenção.
Em quem votará para presidente?
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Em um nome neutro, que tem se mostrado verdadeiramente eficiente e de acordo com o que julgo essencial para a democracia, votarei na senadora Soraya Thronicke do União Brasil. Há opções para o primeiro turno. População pode não seguir a polarização
Caso a sra. e Lula ganhem as eleições, acredita que será oposição ao presidente?
Com absoluta certeza que sim. Se eleita, serei oposição às medidas que se apresentarem como danosas para a população. Cobrarei responsabilidade, acompanharei as decisões e serei pulso firme caso seja necessário lutar contra pautas que não beneficiem a população. Estarei mais forte do que nunca lutando por ideais que acredito e seguindo a ética política que defendo. Podem ter certeza de que estarei de olhos abertos.
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Por fim, qual é a sua avaliação sobre a Operação Lava Jato?
De forma muito rápida, a Lava Jato foi uma das maiores operações no mundo de combate à corrupção. Minha visão sobre ela é a melhor possível. Com a Lava Jato, dinheiro aos cofres públicos foram devolvidos, pessoas suspeitas foram investigadas, os culpados foram presos e todos aqueles que estavam usando do bem público de maneira indevida foram capturados pela investigação e cortados de uma vez por todas do sistema, perderam as mordomias e acordos. Foi um grande sucesso.
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