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Cotidiano

Roberto Jefferson, em prisão domiciliar, é lançado candidato ao Planalto pelo PTB

Partido quer ampliar as opções de eleitores de direita e conter parte dos ataques da esquerda ao presidente Jair Bolsonaro

Maria Eduarda Guimarães

01/08/2022 às 12:37  atualizado em 01/08/2022 às 12:50

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Roberto Jefferson

Roberto Jefferson | Valter Campanato/Agência Brasil

O PTB formalizou nesta segunda-feira (1º) a candidatura do ex-deputado federal Roberto Jefferson, condenado no escândalo do mensalão, à Presidência da República, com a justificativa de ampliar as opções de eleitores de direita e conter parte dos ataques da esquerda ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

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A convenção contou com a participação do deputado federal Daniel Silveira (RJ), lançado pelo partido como candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro, apesar de estar inelegível. Ele discursou no evento.

Jefferson, que cumpre prisão domiciliar, foi aprovado por aclamação na convenção -acompanhada por participantes remotamente e realizada presencialmente num hotel em Brasília.

O local tinha bonecos de papelão do político e frases exaltando o conservadorismo, como "Direita, graças a Deus!".

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O evento foi aberto com a execução do hino nacional. A seguir, o deputado estadual Kennedy Nunes, de Santa Catarina, fez uma oração com menção especial a Jefferson, a quem se referiu como "preso político". "Que o espírito santo possa encorajá-lo, possa confortá-lo", disse.

Jefferson gravou um vídeo de pouco mais de dez minutos no qual lembrou que, nas eleições de 2018, o PTB apoiou Bolsonaro. "Logo no princípio do governo eu disse para ele que o PTB só desejava um cargo no governo, o de presidente da República, e o convidei a integrar o nosso partido, visto que o PSL [legenda que se uniu ao DEM para formar a União Brasil], seu partido, se esvaziara e rachara ao meio", afirmou.

O presidente de honra do PTB disse, na sequência, que Bolsonaro disputa a reeleição "sozinho, contra tudo e contra todos", enquanto a esquerda se apresenta "como um polvo", com múltiplas candidaturas. "O candidato de direita é desconstruído pela ação intensa de uma fauna de candidatos da oposição que se alterna em ataques e reunifica eleitores desgarrados de seu bloco esquerdista", disse o pivô do mensalão.

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No vídeo, defendeu ainda que o PTB tenha um nome na disputa eleitoral. "Nossa ação não se opõe a Bolsonaro. Confronta a abstenção, preenchendo alguns nichos de opção ao eleitorado direitista", afirmou.

"Ofereço meu nome para disputar a eleição", prosseguiu, em declaração aplaudida pelos presentes em Brasília. "Preso fui, preso estou. Sou fã das ideias de Bolsonaro. Ele defende os mesmos valores e bandeiras do nosso PTB", afirmou, antes de acrescentar que o partido foi o mais leal ao presidente no Congresso e na tentativa de frear "o ímpeto golpista" de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Roberto Jefferson foi preso em agosto de 2021 em operação da PF autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito da investigação que apura suposta organização criminosa atuando nas redes sociais para atacar a democracia. Na decisão, Moraes diz que Jefferson divulgou vídeos e mensagens com o "nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao TSE e ao seu presidente". Antes de ser preso, o ex-deputado federal enviou a correligionários um áudio com ameaça a Moraes e afirmando que o STF se tornou uma "organização criminosa".

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Galeria Roberto Jefferson e os ataques às instituições Aliado de Bolsonaro, presidente nacional do PTB é investigado por integrar suposta organização criminosa digital voltada ao ataque às instituições. 

O agora candidato à Presidência foi pivô do escândalo do mensalão. Em junho de 2005, concedeu uma entrevista à Folha na qual delatou o esquema de corrupção organizado pelo PT por meio de pagamentos mensais para corromper parlamentares e garantir apoio ao governo Lula no Congresso em 2003 e 2004.

Ele foi preso em fevereiro de 2014 e condenado a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi liberado em maio de 2015 para cumprir pena em prisão domiciliar. Em março de 2016, o STF concedeu perdão das penas de Jefferson e de mais cinco condenados no mensalão.

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Na convenção realizada nesta segunda, o ex-senador Delcídio do Amaral, preso sob acusação de atrapalhar as investigações da operação Lava Jato e que acabou fazendo acordo de delação premiada, também discursou. "Acho pertinente uma candidatura do ex-deputado Roberto Jefferson", disse. "Roberto Jefferson defendeu mais o presidente Bolsonaro do que os próprios ministros do presidente Bolsonaro."

Em fala de dois minutos, Silveira afirmou que a candidatura de Jefferson era uma estratégia para ajudar Bolsonaro. "O partido é base do presidente Bolsonaro", disse. "Quando as pessoas compreenderem o que o Roberto está buscando fazer em apoio ao presidente Bolsonaro, para que ele possa expor aquilo que Bolsonaro não pode sem ser perseguido... O Roberto já é preso, o que mais tem para fazer? Colocar uma guilhotina de cabeça para baixo, pendurada? Não tem mais o que [o ministro do STF] Alexandre [de Moraes] fazer contra ele. O que ele [Jefferson] vai fazer é um serviço à sociedade, entregando a verdade contra alguns ministros da Suprema Corte", disse.

"Somos apoio direto ao presidente Bolsonaro."

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Em abril, Silveira foi condenado pelo STF a 8 anos e 9 meses de prisão por ofender e ameaçar ministros da corte. Bolsonaro concedeu o benefício da graça ao deputado, livrando-o do cumprimento da sentença. O partido vive uma crise interna. Atualmente, o secretário-geral, Kassyo Ramos, atua como presidente em exercício do PTB. Ele é aliado de Jefferson, que teve desavenças com Graciela Nienov, a quem considerava uma pupila, mas com quem teve desentendimentos quando ela assumiu o comando do PTB, em novembro do ano passado. Em uma reviravolta no início do ano, ela foi destituída do cargo.

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