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Cotidiano
Quantidade de carga horária obrigatória e optativa é um dos destaques entre as mudanças
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Novo Ensino Médio, implementado originalmente em 2021, recebeu uma reformulação após receber críticas | Gabriel Jabur/Agência Brasília
O Novo Ensino Médio, implementado originalmente em 2021, recebeu uma reformulação após receber críticas. Agora, espera pela aprovação do presidente Luís Inácio Lula da Silva. A quantidade de carga horária obrigatória e optativa é um dos destaques entre as mudanças.
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Disciplinas obrigatórias, itinerários formativos (eletivos) e as condições do ensino à distância são outras alterações da primeira proposta do Novo Ensino Médio para a versão reformulada.
Veja mais detalhes do projeto aprovado pela Câmara.
A reformulação implica em mudanças consideráveis no dia a dia escolar, mas qual a opinião dos educadores a respeito do “antigo” novo ensino médio e do “novo” novo ensino médio?
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Para responder a essa pergunta, a Gazeta entrevistou o professor, bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), mestrando em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e pai de duas estudantes do ensino médio, Fernando Martins.
Segundo o educador, o novo ensino médio não impactou as escolas públicas da mesma forma que fez com o ensino privado, influenciando também a opinião dos pais.
"É uma questão de mercado, eles [os pais] estavam preocupados se a escola qualificasse meu filho para entrar em uma universidade e ter contato com uma faculdade de outro país", disse Fernando Martins.
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O professor trouxe os resultados da implantação do novo ensino médio nas escolas brasileiras, sejam públicas ou privadas.
"Antes da virada da lei em 2016, a gente já começou a trabalhar nessas escolas como criar um currículo diferente, com itinerários formativos atraentes que dessem margem para o aluno se desenvolver, criando um Apartheid. O ensino médio na escola privada, hoje, é um ensino que continua sendo uma bolha. Ele tem uma realidade que a gente gostaria de ver na escola pública, mas as escolas que tenho notado não conseguiram, de fato, criar uma estrutura para poder ter uma qualificação profissional", afirma.
Com a reformulação do novo ensino médio, Fernando Martins acredita que agora “dê tempo para se pensar em um ensino médio melhor” e, para isso, o professor pontua a necessidade de dialogar com o passado e o futuro.
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"A gente tem que entender que a escola é um lugar de olhar para a filosofia, sociologia, projetos sociais com interferência na própria comunidade. Então, a gente tem no papel uma ideia muito bonita que eu espero que melhore, com esses cuidados de ouvir a população, qualificar os profissionais", diz.
Martins relata como exemplo a realidade de suas filhas, em que uma está em escola pública e a outra na particular, as duas no ensino médio:
"São dois universos distintos. A que foi para ETEC fala de itinerários que não funcionam. Ela conta que, por exemplo, que há uma série de aulas com o mesmo professor. Então, o professor da Educação Física é o mesmo que dá um projeto de linguagem, dá o projeto de jornalismo etc. Nada contra uma formação, mas é um jeito que a gente não gostaria", pontuou.
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Já na escola particular a realidade é outra, segundo ele. “Na escola da minha outra filha, em Guarulhos, há uma carga horária de 5.000 horas, o que demonstra a disparidade. É outra realidade, não dá para comparar”, comenta.
Para o professor de Filosofia, coordenador do Ensino Médio do Colégio Progresso Bilíngue de Santos e mestre em Educação, Diego Almeida Monsalvo, uma alternativa polêmica para criar uma formação mais integral seria “igualar” a disparidade educacional.
"Isso também aprofunda problemas significativos, como a ideia de parcerias com entidades privadas, que mais do que criar brechas, incentivam que escolas, principalmente da rede pública, firmem acordos com ONGs e empresas, permitindo que o aluno contabilize horas de trabalho como horas de atividade curricular", diz Diego Monsalvo.
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Mesmo sem apoiar a ideia, o professor de Filosofia acredita que a realização de Parcerias Público Privadas (PPP) com escolas públicas podem ocorrer no futuro, “considerando a perspectiva mercadológica e conservadora que predomina em algumas instâncias”.
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