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Ação em defesa da preservação do Quilombo do Saracura, na Bela Vista | Reprodução/Youtube Alma Preta
A Câmara Municipal de São Paulo marcou uma audiência pública na próxima segunda-feira (8) sobre a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) em relação à preservação do Quilombo do Saracura, no bairro da Bela Vista, na região central da cidade. Uma série de entidades e coletivos de defesa da memória da população negra promete pressionar a gestão municipal em relação aos impactos da obra do Metrô na região.
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Descoberto em 2022 durante as escavações da estação 14 Bis da futura linha 6 Laranja do Metrô, o sítio arqueológico Saracura está localizado no terreno onde ficava a quadra de samba da escola Vai-Vai, uma das mais tradicionais da cidade e símbolo da cultura negra paulistana. O bairro abrigou entre os séculos 19 e 20 o quilombo do Saracura, um dos primeiros da Capital.
A área foi cadastrada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que reconheceu sua relevância para a preservação da memória da população negra de São Paulo.
Após as descobertas arqueológicas, diversas entidades passaram a defender que as obras do Metrô preservem vestígios históricos do quilombo, além de pressionar a prefeitura pela defesa de características urbanísticas e culturais do bairro.
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De acordo com Gisele Brito, coordenadora da área de Direito a Cidades Antirracistas do Instituto de Referência Negra Peregum, a discussão com a gestão municipal se trata sobretudo de uma luta contra o racismo.
"A importância é que estamos há quase um ano lutando para que a cidade não perpetue o racismo que a caracteriza. É possível melhorar a vida na cidade, sem que isso custe a vida e a memória do povo negro. Isso é algo que interessa a todos", disse ela, à reportagem da Gazeta.
Conforme texto do coletivo Mobilização Estação Saracura/Vai-Vai, que reúne 150 coletivos, movimentos sociais e organizações, a audiência pública também será um momento importante para a discussão sobre o bairro da Bela Vista.
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"Vamos debater os alagamentos, o barulho na madrugada, o direito de permanência no bairro, o fechamento dos pequenos comércios cujas ruas foram bloqueadas? Vamos! Porque o Metrô é necessário, mas há responsabilidades a serem cumpridas pela empresa e o Estado".
Ainda de acordo com o coletivo, uma série de questões devem ser levantadas para ser respondidas pelas secretarias municipais de Obras, Habitação, Urbanismo e Licenciamento, e pela Secretaria de Transportes Metropolitanos.
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"Onde está o plano de mitigação dos impactos da obra? Que mecanismos a prefeitura vai instituir no Plano Diretor para que a chegada do Metrô - que já desabrigou o Vai-Vai - não signifique uma nova leva de expulsão da população negra e pobre? Onde estão as habitações de interesse social previstas para o bairro, que vive um boom de construção de prédios inacessíveis para quem já vive no Bixiga? Como garantir a preservação do Vai-Vai no pedaço, mantendo a tradição herdeira do Quilombo do Saracura? E a preservação do Sítio Arqueológico Saracura, que também é responsabilidade do município? Quando será cumprida a fiscalização das leis de preservação ambiental e da vegetação na encosta da Rua Almirante Marques Leão?", escreveu o grupo.
A audiência pública é organizada pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal. O encontro, marcado para começar às 19h no Salão Nobre, foi organizado após a comunidade cobrar a atuação do poder público em audiência com o presidente do legislativo paulistano, vereador Milton Leite (DEM). O requerimento foi iniciativa da vereadora Silvia Ferraro (PSOL).
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