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Cotidiano
No segundo trimestre de 2023, quase 171,8 mil domicílios de uma amostra de 211 mil forneceram informações para a Pnad
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O IBGE reconhece que institutos de estatísticas enfrentam "realidade crescente" de aumento de recusas a entrevistas, especialmente depois da pandemia | Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mesmo com a volta das entrevistas presenciais, a pesquisa oficial de emprego e desemprego do Brasil ainda não conseguiu retomar o patamar de respostas do período pré-pandemia.
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É o que aponta um levantamento da LCA Consultores sobre a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Por meio da Pnad, o instituto estima indicadores como taxa de desemprego, número de desempregados e população ocupada com algum tipo de trabalho (formal ou informal).
Conforme a LCA, no segundo trimestre de 2023, quase 171,8 mil domicílios de uma amostra de 211 mil forneceram informações para a Pnad. Isso corresponde a uma taxa de resposta de 81,4%.
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Em igual trimestre de 2019, antes da pandemia, o percentual era de 88,7%, ou 7,3 pontos percentuais a mais. Ainda de acordo com a consultoria, na média do período pré-coronavírus, calculada de 2012 a 2019, a taxa estava em 87,4% - ou 6 pontos percentuais a mais do que o dado mais recente (81,4%).
Segundo a análise da LCA, se algum estrato da amostra, seja por idade, gênero ou localidade, estiver respondendo mais do que outro proporcionalmente, pode gerar "alguma distorção nos números".
Não é possível afirmar, contudo, que tenha ocorrido perda de qualidade nos dados da Pnad devido à redução das respostas, pondera Francisco Pessoa Faria, economista sênior da consultoria.
De acordo com ele, o que a situação exige é uma dose de "cautela" na interpretação dos resultados da pesquisa neste momento.
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"Não tenho dúvidas de que os melhores métodos estatísticos estão sendo utilizados [na Pnad]. A não resposta sempre houve. Toda pesquisa tem", afirma Faria.
"A questão a saber é até que ponto os melhores métodos estatísticos estão conseguindo dar conta de tudo que está acontecendo hoje", acrescenta.
Em nota, o IBGE diz que o tamanho amostral da Pnad Contínua já considera a taxa de não resposta.
"Isso quer dizer que a amostra planejada para a pesquisa é ligeiramente superior à matematicamente necessária", afirma o órgão.
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Segundo Faria, a dificuldade para a coleta de estatísticas após a pandemia não representa um desafio exclusivo do IBGE. Institutos estrangeiros passaram a conviver com obstáculos semelhantes, aponta o economista.
No caso do IBGE, ele lembra que o órgão também encontrou empecilhos para avançar nas entrevistas de outro levantamento, o Censo Demográfico 2022.
Como mostrou a Folha em outubro do ano passado, recenseadores foram alvos de fake news, recusas e até ameaças de parte da população que se negava a fornecer as informações solicitadas. O clima de tensão política à época também foi apontado como uma dificuldade.
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"Uma pesquisa eleitoral, por exemplo, tem margem de erro para cima ou para baixo. Estamos querendo chamar atenção para que se tenha um certo cuidado, porque pode haver uma variação [dos dados] para cima ou para baixo. É para usar a Pnad? É. Não estou falando que não deve ser usada", diz Faria.
O IBGE reconhece que institutos de estatísticas enfrentam "realidade crescente" de aumento de recusas a entrevistas, especialmente depois da pandemia.
Apesar desse quadro, afirma o órgão, a Pnad segue tendo quantidade de respondentes suficiente para garantir as desagregações territoriais e as outras informações sociodemográficas divulgadas regularmente.
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Os questionários da pesquisa foram elaborados para aplicação presencial nos domicílios. Porém, as restrições sanitárias forçadas pela Covid-19 inviabilizaram as visitas das equipes do IBGE aos lares dos entrevistados durante a pandemia. Assim, o órgão precisou recorrer ao uso do telefone.
Em meio a esse cenário, a taxa de resposta da Pnad chegou a cair a 52,3% no primeiro trimestre de 2021, calcula a LCA. O percentual voltou a ficar acima de 80% em 2022, mas ainda segue abaixo do patamar pré-pandemia.
De acordo com o IBGE, as entrevistas presenciais foram retomadas "paulatinamente" a partir de julho de 2021 e hoje representam a forma "majoritária" da pesquisa. O telefone segue em uso na Pnad para resolver demandas específicas, indica o instituto.
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São os casos da confirmação de informações pelos supervisores de coleta, da impossibilidade expressa por moradores em atender presencialmente o IBGE e das áreas com eventos climáticos como enchentes e alagamentos, que comprometem o acesso das equipes de pesquisadores.
Diante dos desafios atuais, o instituto necessita recompor o orçamento e o quadro de servidores, defende Faria. "O IBGE precisa de mais apoio, de mais dinheiro, de mais recursos, de mais funcionários, até para se dedicar a como tratar as mudanças nas pesquisas."
Em março de 2013, o instituto tinha 6.369 funcionários efetivos, segundo a Assibge, que representa os trabalhadores do órgão. Dez anos depois, em março de 2023, o contingente caiu em torno de 37%, para 3.969, conforme o sindicato.
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O IBGE faz parte da lista de órgãos públicos com abertura de vagas autorizada no concurso nacional unificado do governo federal. Há previsão de 895 postos efetivos para o instituto.
O presidente do IBGE, o economista Marcio Pochmann, tomou posse no dia 18 de agosto e, desde a cerimônia, vem prometendo a construção de um "novo" instituto.
Pochmann tem evitado entrevistas à imprensa, priorizando publicações em seu perfil na rede social X, ex-Twitter. No espaço, ele compartilha relatos de viagens e reuniões à frente do IBGE.
Em um deles, o economista indicou que a atual gestão trabalha nos meses de setembro e outubro para o "reposicionamento do instituto no exterior".
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