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Cotidiano

PT e PP negociam aliança que pode virar relação entre Lula e agro na eleição

Líder da bancada ruralista, o deputado federal Neri Geller negocia uma aliança com o PT em Mato Grosso

Maria Eduarda Guimarães

06/07/2022 às 13:33  atualizado em 06/07/2022 às 13:43

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). | Reprodução/Redes Sociais

Um dos principais líderes da bancada ruralista, o deputado federal Neri Geller (PP) negocia uma aliança com o PT em Mato Grosso e pode atuar como ponte entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e setor do agronegócio.

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Geller, que é empresário e produtor rural, definiu que será candidato ao Senado e articula o apoio da federação entre PT, PV e PC do B. Em contrapartida, pode liderar o palanque de Lula em um estado com economia ancorada na agropecuária e viés bolsonarista.

"Eu estou conversando com as lideranças do PT e encaminhando uma aliança no estado. Sempre fui um parlamentar de diálogo, converso com a direita, com a esquerda e com o centro. Não teria dificuldade em caminhar junto", afirmou o deputado à reportagem.

A aliança com os petistas tem o aval do comando nacional do PP e passa pelo ex-governador e produtor rural Blairo Maggi (PP), que é amigo de Geller e tem um histórico de boa relação com o ex-presidente Lula.

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Além do PT, devem se unir a Neri Geller o MDB do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, e o PSD do senador Carlos Fávaro. Também há negociações em curso para um possível apoio do PSDB e Cidadania.

Apesar de alinhado às pautas do presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu mandato na Câmara dos Deputados, Geller já teve relação próxima com o PT e chegou a ocupar o Ministério da Agricultura por oito meses em 2014, no governo da então presidente Dilma Rousseff.

Caso se concretize, parceria entre PT e PP em Mato Grosso será um ponto de virada na relação entre Lula e o agronegócio com vistas às eleições de outubro. O presidente passa a ter aliados de peso em segmento que em sua maioria estará com Bolsonaro e costuma ter forte resistência ao petista.

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"A aliança terá uma simbologia muito grande. São nomes que sinalizam não só para Mato Grosso, mas para todo o agronegócio nacionalmente", afirma o deputado estadual Valdir Barranco, presidente do PT em Mato Grosso.

Ele afirma que a aliança ainda depende de tratativas com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e com o ex-presidente Lula. Mas adianta que o Diretório Estadual do partido deve seguir a estratégia que for mais conveniente para a eleição presidencial.

"O que for melhor para a eleição do presidente Lula em um estado conservador como Mato Grosso, estaremos prontos para fazer. Nossa única condição é que essas alianças sinalizem abertamente apoio a Lula", afirma.

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A reportagem apurou que não há dificuldade em um possível apoio a Lula entre parte do empresariado rural que tem críticas ao governo Jair Bolsonaro (PL), sobretudo em torno da instabilidade econômica criada com medidas como a PEC Kamikaze, com custo de R$ 41 bilhões.

Desde o início do ano, Lula vem intensificando as tratativas com o setor agropecuário em uma estratégia que também passa por Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice-presidente que foi governador de São Paulo por quatro mandatos e tem relação histórica com o agronegócio.

As investidas em favor de Lula, contudo, vinham sendo consideradas tímidas por interlocutores dos ruralistas, que em sua maioria sinalizam apoio a Bolsonaro.

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As negociações para uma aliança entre PP e PT em Mato Grosso acontecem após a decisão do governador Mauro Mendes (União Brasil), que concorre a mais um mandato, de se unir a Bolsonaro.

Em maio, em entrevista à rádio Metrópole FM de Cuiabá, o presidente confirmou que apoiará a reeleição do governador.

"Não tem atrito entre nós, estamos em paz. Mato Grosso é um estado importantíssimo para o Brasil, e harmonia entre mim e o Mauro Mendes interessa não só para Mato Grosso, mas para todo mundo. Então, estamos fechados e vamos tocar o barco aí", afirmou.

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Para selar a parceria, o presidente pediu que aliados locais como o deputado federal José Medeiros (PL) e ao pastor Victório Galli (PTB) baixassem a temperatura nas críticas ao governador.

A aliança resultou na indicação do senador Wellington Fagundes (PL) como candidato à reeleição na chapa liderada pelo governador, o que frustrou os planos de Neri Geller, que queria concorrer ao Senado com o apoio de Mendes e Bolsonaro.

Fagundes foi adversário de Mauro Mendes na eleição para o governo de Mato Grosso em 2018 e, na época, ambos trocaram críticas mútuas.

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Também deve concorrer Senado o produtor rural Antônio Galvan (PTB), presidente licenciado da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) em Mato Grosso e alvo de investigação do Supremo Tribunal Federal sobre atos antidemocráticos.

A federação PT, PC do B e PV também tem nomes para o Senado que devem desistir, caso seja selada a aliança com Neri Geller. Estavam sendo avaliados as candidaturas da ex-vereadora Enelinda Scala (PT) e da primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro (PV).

Há uma negociação para que Márcia Pinheiro seja a suplente de Neri Geller, escolha que contemplaria a federação e o prefeito Emanuel Pinheiro.

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A federação liderada pelos petistas ainda não escolheu candidato ao governo do estado, mas tem dois nomes postos. O PC do B lançou Maria Lúcia Neder, ex-reitora da Universidade Federal de Mato Grosso, e o PT o professor Domingos Garcia.

Outro possível nome da oposição para concorrer ao governo é o ex-prefeito de Rondonópolis Percival Muniz (MDB). 

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