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Cotidiano

PSOL debate pontos para adesão do PT em troca de apoio a Lula no 1º turno

Em setembro passado, o PSOL definiu por 56% a 44% que iria apoiar a campanha do ex-presidente Lula (PT) e não iria lançar candidato próprio ao Planalto

10/02/2022 às 11:20

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Nova urna eletrônica

Nova urna eletrônica | /Divulgação/TSE

O PSOL está preparando uma agenda com 12 pontos que deverão ser levados à discussão programática com o PT. O tema será tratado na primeira reunião da executiva nacional da legenda deste ano, marcada para esta sexta-feira (11). 

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Em um congresso realizado em setembro passado, o PSOL definiu por 56% a 44% que iria apoiar a campanha do ex-presidente Lula (PT) e não iria lançar candidato próprio ao Planalto. Essa decisão ainda deve ser confirmada em uma conferência da legenda prevista para abril. 

A condição para o apoio do PSOL era justamente que o PT adotasse um programa de governo que contemplasse a esquerda. Nesta sexta-feira, serão levantados os temas que deverão ser levados à mesa de discussões com o PT em busca da construção de unidade. 

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Os três principais eixos que deverão ser defendidos pelo PSOL são a revisão do teto de gastos e de reformas promulgadas nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL); políticas ambientais, entre elas a transição energética e o desmatamento zero; e a implementação de uma reforma tributária. 

Membros do partido pregam a taxação de bilionários com o objetivo de financiar um programa de transferência de renda. 

Apesar de o PSOL se declarar contra a formação de uma chapa entre Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB, hoje sem partido), líderes da legenda admitem que o apoio ao petista deve ser mantido de qualquer forma. 

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Outra questão que será tratada na reunião é a viabilidade da formação de uma federação com a Rede. Segundo integrantes do PSOL, havia a expectativa de o aval para a aliança já ser estabelecido no encontro, no entanto, divisões na sigla devem adiar essa decisão. 

Parte do PSOL vê a federação como uma forma de reposicionar o partido, de maneira forçada, mais para o centro. O senador Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), que é um dos articuladores da aliança, defende a chapa Lula-Alckmin. 

Com a chegada da Rede, a ala minoritária do PSOL, que ainda prega uma candidatura própria ao Planalto, tende a perder mais força ainda -e os que defendem uma frente amplíssima ganham aliados de peso. 

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A previsão é que o PSOL encerre a discussão interna sobre a federação na reunião do diretório nacional da legenda, que deverá ser realizada nos próximos 15 dias. 

A definição do programa a ser levado ao PT é minimizada por parlamentares críticos do apoio do partido a Lula –a avaliação é a de que se trata de um jogo de cena e que a aliança com o petista ocorrerá mesmo sem seu compromisso de levar tais pautas adiante. 

Parte dos pontos aventados pelo PSOL já foram, inclusive, propostos dentro do PT, como a revisão da reforma trabalhista. Os psolistas apostam que Lula vai se comprometer a abrir um diálogo sobre o programa, mas sem espantar a centro-direita. 

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Outros temas que também deverão constar na agenda são a política de valorização do salário mínimo e o preço dos combustíveis. Ainda não há consenso se serão incluídas questões que reforcem políticas antirracistas e feministas. 

A partir da aprovação dessa agenda, o PSOL quer estabelecer uma comissão que será responsável por realizar os diálogos com o PT. Juliano Medeiros, presidente da legenda, deve participar dessa composição.
O PSOL também pretende discutir esses pontos com outras legendas e representantes da sociedade civil, entre eles intelectuais, artistas e ONGs. 

À Folha de S.Paulo Medeiros afirma que a proposta é fazer um acordo público entre sociedade e partidos na defesa dessas questões. "Queremos disputar o programa e estabelecer outros padrões de governabilidade", diz. 

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Entre representantes do PSOL, há um clima de otimismo de que essas propostas poderão ser incorporadas pelo PT. 

Já o impasse em torno da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, com a esquerda dividida entre as candidaturas de Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB), não é um item previsto para o encontro, de acordo com membros do partido -o próprio Boulos não participará da reunião. 

A expectativa é que a questão seja tratada mais adiante, quando houver mais clareza sobre viabilidade eleitoral dos nomes colocados e a construção de coligações. 

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No último domingo (6), Boulos se reuniu com França. Segundo a Folha apurou, foi um encontro informal a respeito da conjuntura política. Os dois reforçaram que suas candidaturas estão mantidas. 

Na semana passada, o líder sem-teto se reuniu com Lula. O tema da conversa foi o apoio do PSOL à candidatura do petista ao Planalto, segundo participantes. 

Em entrevista à Rádio Clube Recife, nesta quarta (9), Lula voltou a defender o nome de Haddad e pediu "compreensão" ao PSB e ao PSOL.

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"Eu trabalho com a ideia de que o Haddad vai ser o governador de São Paulo. O Haddad está muito maduro, muito consciente. Acho que haverá compreensão do PSB e de outros partidos políticos, do companheiro do PSOL, e, em algum momento, vamos poder anunciar [Haddad como candidato ao governo paulista]", disse Lula. 

No mesmo dia do encontro entre Boulos e Lula, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que prega uma candidatura própria do partido ao Planalto, também abordou o tema em suas redes sociais. 

"Eu me mantenho firme, à disposição de camaradas que me indicaram para debater o nosso programa, até o momento que acharem necessário", disse. 

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Na opinião do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), a reunião da executiva dará linhas gerais sobre um programa, mas nada definitivo. "Em tese tem uma negociação pela frente. São pontos que o partido quer ver viabilizados pela vitória de Lula", diz à Folha. 

Valente ressalta que o objetivo do PSOL é derrotar Bolsonaro e, ao se unir a Lula, pressionar por "um governo que seja progressista e democrático". "Definir uma agenda democrática e popular é o papel do PSOL", completa. 

Valente lembra que, entre as ideias de programa discutidas pelo PSOL, há propostas menos palatáveis para a candidatura do petista, que acena para o centro. Por exemplo, a garantia de não privatização dos Correios, a taxação de lucros e dividendos e a regulação da mídia. 

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"O PT já conhece as nossas posições, não é novidade. Vamos reafirmá-las. O que o governo [Lula, se eleito] vai fazer depois vai depender da correlação de forças. E tem que ser feito com habilidade política", completa.

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