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Cotidiano
Inaugurado na última segunda, objetivo é gerar informação e propor soluções para as favelas da Grande São Paulo
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Segundo o Mapa da Desigualdade, divulgado em 2022, na cidade de São Paulo o índice de domicílios em comunidades é de 9,4% | Pedro Jackson/Pexels
O primeiro Centro de Estudos da Favela (Cefavela) foi fundado na última segunda-feira (7/10). O núcleo de estudos vai reunir o conhecimento desenvolvido nas universidades com a vivência de moradores das comunidades.
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O objetivo é reunir os dois olhares no sentido de gerar informação e propor soluções para as favelas da Grande São Paulo. O Cefavela é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e funcionará na Universidade Federal do ABC (UFABC).
Segundo o Mapa da Desigualdade, divulgado em 2022, na cidade de São Paulo o índice de domicílios localizados em comunidades é de 9,4%.
Esse percentual, porém, sobe em áreas como o distrito da Vila Andrade, na zona sul, onde 32,7% dos domicílios estão em favelas. Na zona norte, na região da Brasilândia, uma em cada quatro habitações estão em comunidades. No Grande ABC, os domicílios favelados correspondem a 25% do total.
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O primeiro compromisso do Cefavela é desenvolver pesquisas, formar recursos humanos, transferir tecnologia e difundir conhecimentos para a sociedade, em articulação com instituições, organizações e movimentos comprometidos com a agenda territorial das favelas.
Além de revelar o potencial dessas comunidades, o Cefavela dialoga com questões emergentes, como os impactos das mudanças climáticas em favelas e comunidades urbanas assemelhadas (loteamentos precários, palafitas etc.), que abrigam as populações de menor renda, territórios mais vulneráveis e especialmente sujeitos a desastres no contexto da emergência climática global.
“A construção deste centro de estudos é fundamental também para nós, porque chega de sermos apenas objetos das pesquisas. Nós queremos ser parceiros”, disse Benedito Roberto Barbosa, coordenador da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo.
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“O Cefavela reforça o próprio projeto político-pedagógico da Universidade Federal do ABC, que busca a interdisciplinaridade e a articulação de novos conhecimentos com propostas concretas para a solução de problemas contemporâneos, como a desigualdade social, de raça e de gênero, a insustentabilidade e a injustiça ambientais”, afirmou Jeroen Johannes Klink, professor da UFABC e diretor do Centro de Estudos.
Além de dar voz aos moradores das comunidades, o Cefavela contará com 38 pesquisadores associados, sendo 11 em universidades estrangeiras, 15 na UFABC e 12 em outras instituições nacionais de pesquisa.
Esse grupo vai dimensionar e qualificar as múltiplas facetas da precariedade habitacional nas favelas, compreender as novas dinâmicas e transformações sociais, espaciais, econômicas e ambientais nas comunidades contemporâneas, a fim de compreender e aperfeiçoar as políticas públicas e intervenções nesses locais.
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“O Cefavela desenvolverá estudos de casos nacionais e internacionais aprofundados, com destaque para os países da América Latina e em diálogo com experiências na Índia e na África do Sul”, adiantou o diretor do Centro de Estudos.
Também professora da UFABC e vice-diretora do Cefavela, Rosana Denaldi salientou que dificilmente as iniciativas de urbanização de favelas têm alcançado patamares elevados de qualidade, promovido a adequada recuperação ambiental ou solucionado integralmente os problemas existentes.
“Além dos problemas não resolvidos, outros surgem. O território continua sendo transformado pela ação de diferentes atores, incluindo o crime organizado. Muitas favelas urbanizadas passam por intenso processo de adensamento e verticalização, que sobrecarrega a infraestrutura implementada. As áreas de preservação permanente (APPs), áreas livres e espaços de uso público, criados pelos processos de urbanização, têm sido frequentemente reocupados, recriando novas áreas de precariedade e risco”, resumiu a professora.
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A vice-diretora do Cefavela ressaltou ser necessário ampliar o conhecimento sobre a apropriação desse território por diversos agentes:
“Isso inclui compreender melhor o funcionamento do mercado imobiliário nas favelas, a variedade de produtos comercializados e os agentes, assim como os mecanismos de financiamento adotados em cada segmento do mercado”.
Um problema urgente enfrentado pelos moradores das favelas é a permanente ameaça de despejo. “Temos mais de 1,5 milhão de pessoas ameaçadas de despejo e de remoção no Brasil”, informou o coordenador da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo.
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Barbosa contou que os movimentos de moradia estão organizados em 22 estados. E que o último encontro nacional desses grupos deliberou por lutar contra a violência e os despejos. Nessa perspectiva se insere a campanha “Despejo Zero”, liderada pelos movimentos.
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