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Cotidiano

Presidente do Ipea discorda de estudo

07/06/2019 às 01:00

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A participação de Carlos von Doellinger, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), durante o lançamento do Atlas da Violência 2019 -pesquisa elaborada pelo órgão em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública -gerou constrangimento. Presente ao lançamento do estudo, ele afirmou discordar do diagnóstico feito pelos pesquisadores sobre o impacto da flexibilização da posse e do porte de armas por decretos do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

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Carlos von Doellinger foi nomeado para o cargo por indicação do ministro Paulo Guedes (Economia), depois de fazer parte da equipe de transição do governo Bolsonaro. Pesquisador aposentado do Ipea, ele atuou como secretário do Tesouro Nacional durante a ditadura militar e foi secretário-geral adjunto do Ministério da Fazenda no primeiro ano do governo Sarney, sob o comando do ex-governador do Rio Francisco Dornelles (PP).

Sentado lado a lado com Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea e coordenador do Atlas, e Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Doellinger abriu a coletiva de imprensa fazendo uma longa explanação em defesa da posse de armas e criticando o trecho do estudo que aponta o acesso ao armamento como um fator de aumento da violência.

"Na minha posição pessoal, e aqui vou falar como cidadão, não como presidente do Ipea ou economista, mas por uma questão de princípio a mim me incomoda a impossibilidade de o cidadão ter uma arma em defesa de sua integridade física, do seu patrimônio. Acho que esse é um direito que o cidadão deve ter na minha opinião", disse von Doellinger, afirmando discordar da "forma enfática" como o estudo descreve a influência das armas de fogo nos homicídios.

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Para von Doellinger, a posse de armas deve ser permitida ao "cidadão de bem, sem registro criminal". Ele afirma defender a posse, não o porte de armas: "Isso já está muito bem regulamentado e precisa ser restringido", disse.

As declarações provocaram constrangimento nos presentes. Após sua explanação, Carlos von Doellinger deixou a mesa onde era feita a apresentação e sentou-se junto à plateia de jornalistas, na primeira fileira. Porém, deixou o local antes que os pesquisadores terminassem suas apresentações.

Diante das declarações, Cerqueira e Samira negaram interferências da direção do Ipea na elaboração
da pesquisa.

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"Vou ter que abrir meu coração para vocês e dizer o quanto me orgulho de trabalhar no Ipea. O Ipea hoje deu uma aula de democracia. O presidente deu sua opinião sobre um ponto do Atlas, mas em nenhum momento tentou mudar ou interferir", afirmou Cerqueira.

Outros órgãos técnicos do governo responsáveis por levantamento e análise de dados estiveram no centro de polêmicas nos últimos meses. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) enfrenta cortes que devem afetar a elaboração do Censo Demográfico de 2020 -o mais importante levantamento sobre a população brasileira.

Diante das restrições orçamentárias, o ministro Paulo Guedes recomendou que o órgão reduzisse o questionário aplicado durante o recenseamento: "O Brasil é um país pobre e faz 360 perguntas. Custa muito caro e tem muita coisa do nosso ponto de vista (do governo federal) que não é tão importante", disse em entrevista à "GloboNews".
(FP)

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