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Cotidiano
IBGE divulgou que o índice oficial de inflação do país acelerou para 1,62% em março e chegou a 11,30% no acumulado de 12 meses
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto | AGÊNCIA BRASIL
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (11) que a inflação no Brasil está "muito alta" e que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em março foi uma "surpresa" para a autoridade monetária.
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Na última sexta-feira (8), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o índice oficial de inflação do país acelerou para 1,62% em março e chegou a 11,30% no acumulado de 12 meses.
"A gente teve um índice mais recente que foi uma surpresa. A gente estava vendo uma velocidade da passagem do combustível para a bomba mais rápida e, por isso, esse próximo índice seria um pouco maior e o próximo [abril] um pouco menor. Parte foi isso, mas houve outros elementos, como vestuário e alimentação fora do domicílio, que vieram uma surpresa grande", afirmou.
A alta do IPCA foi puxada pelo mega-aumento de combustíveis e pela carestia de alimentos, reflexos econômicos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
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Tratou-se da maior elevação para o mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implementação do real. No acumulado de 12 meses, foi o maior patamar desde outubro de 2003 (13,98%) e a segunda maior alta desde 1999, início do sistema de metas para a inflação.
"A realidade é que nossa inflação está muito alta, os núcleos estão muito altos. A gente tem comunicado com a maior transparência possível o nosso processo de enfrentamento em relação a essa inflação mais alta e mais persistente", afirmou o presidente do BC.
Em dois dígitos, o IPCA encontra-se distante da meta de inflação perseguida pelo BC neste ano. O valor fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2022 é de 3,5% -com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.
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Se as estimativas do mercado forem confirmadas, 2022 será o segundo ano consecutivo de estouro da meta, o que levará Campos Neto a escrever uma nova carta com suas justificativas para o descumprimento do objetivo. A inflação fechou 2021 em 10,06%, maior alta desde 2015.
Em uma tentativa de frear a inflação, a escalada dos juros já completa um ano no Brasil. Em 16 de março, o Copom (Comitê de Política Econômica) do BC elevou a Selic (taxa básica) em 1 ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano.
Para a próxima reunião, em maio, o colegiado sinalizou uma nova alta da mesma magnitude, já mirando o ano de 2023 dada a defasagem dos efeitos da política monetária na economia.
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Em março, o presidente do BC tinha indicado que o próximo ajuste seria a última elevação na taxa de juros, encerrando o ciclo do aperto monetário com a Selic em 12,75% ao ano.
De acordo com Campos Neto, a autoridade monetária "está analisando a surpresa [na inflação] para ver se muda alguma coisa na tendência".
"A gente vai olhar, analisar os fatores que estão gerando essas surpresas inflacionárias e vai comunicar isso num momento que for mais apropriado", disse.
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O ritmo gradual adotado pelo BC para elevar a taxa básica de juros tem sido alvo de críticas no Ministério da Economia diante da escalada da inflação. Na avaliação de um integrante da equipe econômica do governo ouvido pela Folha, na última semana, a autoridade monetária teria sido mais eficaz se tivesse optado por um choque mais duro nos juros.
A Selic permaneceu no patamar mínimo histórico de 2% ao ano entre agosto de 2020 e março de 2021, em resposta do BC à crise provocada pela pandemia da Covid-19. A decisão estimulou o aquecimento da economia, abrindo caminho para aceleração dos preços.
Em evento promovido por Traders Club e Arko, Campos Neto também disse que o fluxo do câmbio, com a apreciação do real, ainda não está totalmente refletido nos preços e índice de inflação no Brasil.
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Mas, na avaliação do presidente do BC, uma aceleração no ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, com intensificação da alta de juros no curto prazo, pode ter efeito sobre os países emergentes e reverter o fluxo de investimentos. Ele lembra ainda que há bastante pressão inflacionária sobre vários países, como Chile e Colômbia.
"Se tiver esse mix de inflação para cima e crescimento para baixo, talvez seja o momento em que os agentes financeiros vão repensar o fluxo do mundo emergente. O maior indicador vão ser os próprios ativos americanos. A gente vai ver uma onda inicial do dólar um pouco mais forte e a gente precisa ver qual vai ser o efeito líquido disso", afirmou.
Segundo Campos Neto, o Brasil se encontra em uma boa posição. Como vantagens, ele listou a surpresa fiscal positiva, a proatividade do BC, a nova realidade de inflação mundial e o fato de as empresas brasileiras operam bem em um ambiente inflacionário.
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