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Cotidiano

Prefeitura pretende multar responsáveis por festival que escondeu estátua da Madrinha Eunice

Palco de evento de cultura geek, na Liberdade, foi montado encostado na escultura em homenagem à sambista Madrinha Eunice; ato foi visto como desrespeito

Maria Eduarda Guimarães

20/09/2023 às 19:33

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Palco foi montado ocultando a estátua de uma das matriarcas do samba de São Paulo

Palco foi montado ocultando a estátua de uma das matriarcas do samba de São Paulo | Reprodução/Redes Sociais

A Prefeitura de São Paulo pretende multar os responsáveis pelo Festival de Cultura Geek, que aconteceu no último domingo (17), na Liberdade, após o palco do evento ser montado encostado na escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice. A atitude provocou protestos por parte de integrantes do Movimento Negro e acusações de racismo pela falta de respeito e preservação da obra. 

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Procurada pela reportagem, a gestão municipal disse ter tomado conhecimento do ocorrido e que segue investigando o caso. “A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, tomou conhecimento sobre a situação, e o caso está sendo investigado para que os envolvidos sejam notificados, multados ou aplicadas as sanções que lhe forem cabíveis. Vale salientar que a SMC entende o episódio como desrespeito à memória da sambista Madrinha Eunice e tomará todas as previdências cabíveis para que episódios como esse não se repitam mais”. 

A estátua fez parte do projeto do Departamento do Patrimônio Histórico da cidade para recuperação da memória e homenagem de personalidades negras da cultura paulistana, e foi instalada no local em abril de 2022. 

No entanto, a obra foi escondida na lateral do palco do evento geek, apoiado pela Subprefeitura da Sé e pelo Metrô, com parte da estrutura em cima da placa que explica quem foi Deolinda Madre. De acordo com o "G1", o evento foi encerrado após um grupo de pessoas protestarem no local.

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Estrutura do evento sobre a placa de identificação  Estrutura do evento sobre a placa de identificação - Reprodução/TV Globo

Já a "Subprefeitura Sé esclarece que autorizou o evento Festival de Cultura Geek, de acordo com a portaria nº 007-PR-SÉ/ GAB/ 2017, que estabelece instruções quanto a solicitações de autorização de uso de bens públicos municipais para realização de eventos. O evento também possuía Alvará de Autorização para Evento Temporário deferido pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL). Os eventos autorizados pela regional na área central podem ser acessados pelo site: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/se/noticias/index.php?p=133839"

A São Paulo Turismo confirmou à Gazeta ter sido contratada para o evento. “A São Paulo Turismo foi contratada para apoiar a infraestrutura do Festival de Cultura Geek. A localização exata do palco foi definida pelo promotor do evento, que foi realizada por meio de emenda parlamentar. Além de montagem do palco, a empresa ofereceu banheiros químicos, grades, equipamentos de som e iluminação, apoio operacional, entre outros serviços”. 

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Em uma postagem oficial na página do evento no Instagram, a equipe da Associação Brasil Nippo, empresa responsável pelo festival, também se manifestou. Veja nota:

"O realizador do Festival da Cultura GEEK vem por meio desta nota pública expressar profunda indignação pelo ocorrido durante o evento "Festival da Cultura Geek", realizado no domingo (17). Reconhecemos que a montagem de parte da estrutura do palco - a cargo de empresa terceirizada através da Prefeitura de São Paulo - próxima à estátua da sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre, conhecida carinhosamente como Madrinha Eunice, foi inapropriada e desrespeitosa. Ressaltamos que em nenhum momento tivemos a intenção de desrespeitar a memória desta ilustre personalidade e da comunidade negra. Assim sendo, a programação de palco foi desativada imediatamente, bem como agilidade na desmontagem do mesmo à Prefeitura de São Paulo. Pedimos sinceras desculpas por qualquer ofensa ou desconforto que tenhamos causado a qualquer pessoa presente no evento, especialmente à comunidade negra e aos familiares e admiradores de Madrinha Eunice". 

Revolta

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O ato desencadeou uma série de críticas de movimentos organizados nas redes sociais. A cantora e deputada estadual Leci Brandão mostrou indignação ao publicar um video em que mostra a localização do palco e da escultura da sambista Madrinha Eunice. "Minha gente, é difícil expressar em palavras a revolta que senti com esta situação", escreveu. "O racismo se expressa de muitas maneiras e o desprezo pela memória do nosso povo é uma delas", completou.

A deputada ainda ressaltou a falta de preservação e cuidado com o monumento histórico. "Quando nós visitamos a estátua de Madrinha Eunice, pouco depois de sua inauguração no ano passado, já era visível a falta de cuidado na própria instalação da obra. Não havia sequer uma placa informativa, proteção ao redor, iluminação, nada que demonstrasse o quanto Madrinha Eunice é importante".

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Quem foi Madrinha Eunice

Conhecida como Madrinha Eunice, Deolinda Madre fundou uma das primeiras escolas de samba de São Paulo, a Lavapés -  hoje Lavapés Pirata Negro -, na década de 30, no bairro do Glicério, no Centro.

A agremiação já foi sete vezes campeã do Grupo Especial nos anos 1950 e 1960. Atualmente, a escola fundada pela Madrinha Eunice, é comandada pelo ator Aílton Graça.

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Instalação da estátua

No dia 2 de abril do ano passado, a Prefeitura de São Paulo inaugurou a segunda estátua em homenagem a personalidades negras da cultura paulistana. A escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, foi instalada no bairro da Liberdade, no Centro.

Na época, a secretária de Cultura, Aline Torres, explicou que o motivo da escolha do bairro da Liberdade para a homenagem. Ela lembrou de Francisco José Chagas, militar negro que morreu na região no século 19.

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"Aqui na Praça da Liberdade, um lugar que pra sociedade é conhecido como um bairro nipônico, mas antes dele ser nipônico ele foi muito importante para a comunidade negra da cidade de São Paulo. Aqui foi a praça da venda de escravos, mas aqui também foi um lugar onde Chagas[soldado Francisco José das Chagas, o "Chaguinha"], foi assassinado", contou. 

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