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Cotidiano

Prefeitura de SP começa remoção de barracas de pessoas em situação de rua

A medida foi tomada após o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) derrubar liminar que proibia a retirada das barracas

Natália Brito

03/04/2023 às 13:18  atualizado em 03/04/2023 às 13:30

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Moradores em situação de rua, cerca de 100 barracas montadas na praça Marechal Deodoro com Avenida São João.

Moradores em situação de rua, cerca de 100 barracas montadas na praça Marechal Deodoro com Avenida São João. | Jorge Araujo/FotosPublicas

A Prefeitura de São Paulo iniciou na manhã desta segunda (3) a remoção de barracas de pessoas em situação de rua de calçadas e vias de diversas regiões da cidade.

A medida foi tomada após o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) derrubar liminar que proibia a retirada das barracas, que havia sido obtida por Guilherme Boulos (PSOL-SP). O deputado federal diz que vai recorrer.

A operação começou pela região da cracolândia, e o ponto escolhido foi a esquina da rua dos Gusmões com a rua Conselheiro Nébias, no centro da capital. Com o início da limpeza, o fluxo - como é chamada a aglomeração de dependentes químicos - se concentrou a poucos metros de distância dali, na esquina das ruas Guaianases e Vitória.

Segundo o inspetor Matias, da Divisão de Operações Especiais da Guarda Civil, até as 11h30 a operação havia removido 18 barracas.

"As barracas não são para proteger as pessoas, são para vender drogas. São as lojinhas deles. A ação ocorre em outros locais, mas a gente vai se concentrar onde tem um fluxo maior. Geralmente se concentram de 500 a 1.000 usuários aqui", explicou o inspetor.

Segundo ele, o objetivo da ação é reorganizar o espaço público.

"Isso aqui é mais uma reorganização do espaço público para tirar o lixo, a sujeira. Quando faz a operação, vêm os caminhões de limpeza, de lavagem. Aqui já fechou banco, lojas, e os comerciantes que pagam impostos ficam à mercê disso e não aguentam mais", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de que barracas voltem a ser montadas no local, ele afirmou que não pode garantir que não o espaço não será ocupado novamente.

"É difícil. A solução eu não tenho. Só a internação compulsória porque esse pessoal não tem mais discernimento, está à mercê do traficante", concluiu.

Uma mulher de 81 anos, moradora da região há 50 anos, acompanhava a operação. Ela, que não quis se identificar, disse que nunca viu a cidade tão abandonada e contou que convive com o medo de ser assaltada. Disse, ainda, que apoia ação da prefeitura desde que seja duradoura.

O comerciante Luis Felipe dos Santos, 22, trabalha há cinco anos em uma loja de motopeças na rua Conselheiro Nébias. Ele disse aguardar uma solução definitiva para a questão da cracolândia.

"Eles tiram os usuários, fazem limpeza, mas depois de cinco minutos volta a mesma coisa", lamentou. "Eles ficam todos em frente à loja. O banco fechou, três lojas fecharam e o estacionamento está para fechar. Nós já estamos querendo sair daqui. O comércio aqui está totalmente desvalorizado, afetou muita gente. Não tem mais condições."

Neste domingo (2), dependentes químicos atearam fogo a sacos de lixo nas ruas do centro. Segundo a Polícia Militar, os incêndios foram provocados em reação a uma abordagem no local horas antes.

"Ontem teve confronto, a gente fica com medo porque nunca sabe quando eles vão entrar na loja. Na região vive tendo assalto, eles não respeitam nem a polícia", continuou Santos.

Outra comerciante, que também não se identificou, disse encarar a operação de remoção das barracas como "palhaçada". Para ela, a prefeitura está apenas lavando "o quarto e a sala" dos usuários, que na sequência voltam a ocupar o espaço.

O trabalho foi acompanhado por agentes de saúde, que tentavam abordar os dependentes químicos para oferecer tratamento.
 

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