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Cotidiano
A medida foi tomada após o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) derrubar liminar que proibia a retirada das barracas
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Moradores em situação de rua, cerca de 100 barracas montadas na praça Marechal Deodoro com Avenida São João. | Jorge Araujo/FotosPublicas
A Prefeitura de São Paulo iniciou na manhã desta segunda (3) a remoção de barracas de pessoas em situação de rua de calçadas e vias de diversas regiões da cidade.
A medida foi tomada após o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) derrubar liminar que proibia a retirada das barracas, que havia sido obtida por Guilherme Boulos (PSOL-SP). O deputado federal diz que vai recorrer.
A operação começou pela região da cracolândia, e o ponto escolhido foi a esquina da rua dos Gusmões com a rua Conselheiro Nébias, no centro da capital. Com o início da limpeza, o fluxo - como é chamada a aglomeração de dependentes químicos - se concentrou a poucos metros de distância dali, na esquina das ruas Guaianases e Vitória.
Segundo o inspetor Matias, da Divisão de Operações Especiais da Guarda Civil, até as 11h30 a operação havia removido 18 barracas.
"As barracas não são para proteger as pessoas, são para vender drogas. São as lojinhas deles. A ação ocorre em outros locais, mas a gente vai se concentrar onde tem um fluxo maior. Geralmente se concentram de 500 a 1.000 usuários aqui", explicou o inspetor.
Segundo ele, o objetivo da ação é reorganizar o espaço público.
"Isso aqui é mais uma reorganização do espaço público para tirar o lixo, a sujeira. Quando faz a operação, vêm os caminhões de limpeza, de lavagem. Aqui já fechou banco, lojas, e os comerciantes que pagam impostos ficam à mercê disso e não aguentam mais", afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de que barracas voltem a ser montadas no local, ele afirmou que não pode garantir que não o espaço não será ocupado novamente.
"É difícil. A solução eu não tenho. Só a internação compulsória porque esse pessoal não tem mais discernimento, está à mercê do traficante", concluiu.
Uma mulher de 81 anos, moradora da região há 50 anos, acompanhava a operação. Ela, que não quis se identificar, disse que nunca viu a cidade tão abandonada e contou que convive com o medo de ser assaltada. Disse, ainda, que apoia ação da prefeitura desde que seja duradoura.
O comerciante Luis Felipe dos Santos, 22, trabalha há cinco anos em uma loja de motopeças na rua Conselheiro Nébias. Ele disse aguardar uma solução definitiva para a questão da cracolândia.
"Eles tiram os usuários, fazem limpeza, mas depois de cinco minutos volta a mesma coisa", lamentou. "Eles ficam todos em frente à loja. O banco fechou, três lojas fecharam e o estacionamento está para fechar. Nós já estamos querendo sair daqui. O comércio aqui está totalmente desvalorizado, afetou muita gente. Não tem mais condições."
Neste domingo (2), dependentes químicos atearam fogo a sacos de lixo nas ruas do centro. Segundo a Polícia Militar, os incêndios foram provocados em reação a uma abordagem no local horas antes.
"Ontem teve confronto, a gente fica com medo porque nunca sabe quando eles vão entrar na loja. Na região vive tendo assalto, eles não respeitam nem a polícia", continuou Santos.
Outra comerciante, que também não se identificou, disse encarar a operação de remoção das barracas como "palhaçada". Para ela, a prefeitura está apenas lavando "o quarto e a sala" dos usuários, que na sequência voltam a ocupar o espaço.
O trabalho foi acompanhado por agentes de saúde, que tentavam abordar os dependentes químicos para oferecer tratamento.
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