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Cotidiano
Foi nesse ambiente que grandes construtoras ergueram torres com até 17 andares a partir da década de 1940
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Prédios tortos da orla de Santos se tornaram cartões postais | Nair Bueno/Diário do Litoral
Imagine um solo que é como uma massa de modelar infantil. Assim é o terreno na Cidade de Santos, formado por areia na superfície e por argila flexível embaixo.
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Foi nesse ambiente que grandes construtoras ergueram torres com até 17 andares a partir da década de 1940.
O motivo para tanto desaprumo é o subsolo santista, formado por areia e argila marinha.
Na definição do engenheiro e professor universitário Juarez Ramos da Silva, esse terreno é uma “maria-mole”.
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Para o engenheiro José Carlos Garcia, o subsolo de Santos é uma “esponja”. Na visão de outros engenheiros experientes, o chão onde hoje são erguidas torres com mais de 20 andares é como a massa de modelar das crianças.
E foi nesse solo que construtoras de São Paulo começaram a erguer torres com mais de dez andares logo após a II Guerra Mundial.
Naqueles dias, levas de turistas “descobriram” Santos, levados à praia pela então recém-inaugurada Via Anchieta. E os balneários e hotéis já não supriam a demanda.
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A primeira torre surgiu na esquina da Rua Ricardo Pinto, na Praia da Aparecida. Depois, veio o Edifício Santo Antônio, construído logo após a inauguração da Igreja de Santo Antônio do Embaré.
Sem conhecimento adequado sobre a geologia do subsolo santista, as fundações eram rasas. As sapatas ultrapassavam a primeira camada de areia, que chega a ter apenas quatro metros de profundidade em alguns pontos, e terminavam já no recorte seguinte, formado por argila marinha.
Mas, as “sapatas rasas” jamais atingiam a camada de rocha, que, no caso de Santos, só ‘aparece’ a cerca de 50 metros de profundidade.
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Essa técnica foi adotada pelas construtoras até o final da década de 1970 para atender o crescente fluxo de veranistas.
Somente a Cidade do México tem um subsolo pior que o de Santos. Mas, nem na maior cidade da América Central há tantos edifícios inclinados como no Litoral Paulista.
Segundo engenheiros consultados pela Gazeta, a capital mexicana foi erguida sobre um antigo lago.
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O reservatório foi drenado pelos espanhóis ainda no tempo da colonização para que suas águas servissem à produção agrícola. Com o uso intensivo, o lago secou. E, sobre ele, a cidade acabou se desenvolvendo.
Resultado: a umidade e a quantidade de matéria orgânica tornam o terreno instável na Cidade do México.
Esse risco às construções mais altas é incrementado pelo risco frequente de terremotos na capital dos mexicanos. Cientes dos riscos, os engenheiros locais adotam técnicas cautelosas.
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O exemplo mais famoso de prédio torto em todo o mundo é a Torre di Pisa. A construção virou atração turística na Itália e atingiu 8% de desaprumo.
Em Santos, o único prédio realinhado até hoje, o Núncio Malzoni, chegou a 4% de inclinação.
O edifício de 17 andares ao lado de uma das principais atrações da Cidade, a Pinacoteca Benedito Calixto, foi realinhado na virada do século, na Praia do Boqueirão.
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Com o custo alto, o trabalho foi conduzido pelos professores Carlos Eduardo Maffei, Heloísa Helena Gonçalves e Paulo Pimenta, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da USP.
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