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Cotidiano
Segundo a concessionária Autoban, há registro de congestionamento na rodovia dos Bandeirantes do km 27 ao km 25, no sentido capital, e do km 56 ao km 50, na altura de Jundiaí
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Povo guarani bloqueia rodovia em São Paulo | Rovena Rosa/Agência Brasil
Indígenas Guaranis bloquearam a rodovia dos Bandeirantes na madrugada desta terça-feira (30) em reação à votação do projeto de lei do marco temporal, o PL 490.
Às 5h30, cerca de 100 indígenas e apoiadores, que fizeram vigília desde a tarde de segunda-feira (29) na Terra Indígena do Jaraguá, em São Paulo, desceram dos fundos da aldeia principal, na altura do Km 20 da rodovia dos Bandeirantes, com faixas contra a PL 490 e material inflamável, interditando a via com pneus em chamas.
Segundo a concessionária Autoban, há registro de congestionamento na rodovia dos Bandeirantes do km 27 ao km 25, no sentido capital, e do km 56 ao km 50, na altura de Jundiaí.
Na rodovia Anhanguera, também no sentido capital, o congestionamento está entre os km 26 e e o km 21, e em Campinas, do km 95 ao km 98.
Na pista, mulheres homens e crianças iniciaram o bloqueio sob cânticos indígenas, formaram cordões com escudos de bambu e estenderam faixas contra a aprovação do projeto. Motoqueiros e um carro da Secretaria da Saúde de São Paulo furaram o bloqueio pelo lateral da pista.
A Polícia Militar chegou com viaturas e motos no local por volta das 6h. Inicialmente, os policiais ainda estava se "inteirando" da situação, como disse um dos agentes.
Após 2h de protesto, as lideranças acordaram com a Polícia Militar Rodoviária de liberar a passagem de motociclistas, ambulâncias e pessoas que eventualmente passam mal por conta da fumaça.
Sob intermediação de advogadas da Comissão Guarani Yvyrupa, que dá suporte no protesto, o diálogo entre lideranças indígenas e agentes policiais resultou, logo em seguida, na liberação de uma das cinco faixas da rodovia.
A líder Ara Poty, das terras do Jaraguá, concordou em liberar parte do tráfego com a condição ser acompanhada pelos policiais até o início da marginal Tietê.
Em nota, a Polícia Militar Rodoviária afirma que os agentes no local buscam identificar lideranças e negociar a liberação da via. "A PM esclarece que todos os meios estão sendo empregados para garantir a segurança da população, a fluidez no trânsito e o direito à livre manifestação", diz a nota.
O protesto da comunidade indígena do Jaraguá é uma reação dos povos originários à votação do projeto de lei do marco temporal, o PL 490. A Câmara dos Deputados pode votar ainda nesta terça o projeto que restringe as terras indígenas às áreas ocupada na data da promulgação da Constituição de 1988.
Após deputados aprovarem a urgência do projeto na última quarta-feira (24), lideranças indígenas cobram resposta do governo federal diante do esvaziamento da política ambiental, que ameaça desmantelar o recém-criado Ministério dos Povos Indígenas.
Lideranças indígenas da Terra Indígena do Jaraguá, em São Paulo, afirmam que o bloqueio da rodovia tem como objetivo chamar atenção para a "mudança na história do Brasil" que a aprovação do PL 490 possivelmente representa. "Se perdermos, vamos, por assim dizer, para o 'tudo ou nada'. A gente pode perder vidas com isso, mas é a guerra que a gente vai lutar", disse a liderança indígena Matheus Werá.
Segundo Werá, Guaranis de outras três aldeias do município de Mongaguá (Baixada Santista) e da Reserva Indígena Gwyra Pepo (Taperí, SP) vieram de ônibus e vans para vigília e o bloqueio.
O marco temporal, se aprovado, acumula nova derrota de Lula nas articulações da pauta ambiental -já prejudicada pelo avanço da medida provisória que reestrutura os ministérios e tira a demarcação de terras do Ministério dos Povos Indígenas.
Em articulações no Congresso Nacional, no dia 24, Lula cedeu perdas ao Ministério do Meio Ambiente para blindar a Casa Civil, responsável pela execução dos projetos mais importantes para o presidente, como o PPI (Programa de Parceria de Investimento).
Em caso de aprovação na Câmara, o projeto do marco temporal vai à votação no Senado, e ainda pode voltar aos deputados federais antes da sanção do presidente Lula.
Ambientalistas e entidades do setor criticam o projeto e veem brechas para permitir garimpo, atividade agropecuária, abertura de rodovias, linhas de transmissão de energia ou instalação de hidrelétricas, além de contratos com a iniciativa privada e não indígena para empreendimentos.
A medida em que a bancada ruralista pressiona o Congresso Nacional pela aprovação do projeto, secretários do governo de São Paulo sinalizam apoio à aprovação. O secretário de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Fábio Prieto, disse em manifestação enviada no último dia 19 ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que o projeto evita ruptura do território nacional.
"O julgamento poderá afetar todo território nacional, inclusive, ou principalmente, a propriedade urbana privada, no estado de São Paulo e em todo país", disse Prieto.
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