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Cotidiano
A informação foi confirmada por policiais civis e por pessoas que convivem diariamente com o fluxo
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Arrastão contra motoristas na região da cracolândia, no centro de São Paulo | Reprodução/Arquivo
Integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que atuam na cracolândia, no centro de São Paulo, baixaram uma ordem proibindo que usuários de drogas furtem ou roubem celulares nas proximidades do fluxo, como é chamada a aglomeração dos dependentes químicos.
A informação foi confirmada à "Folha de S.Paulo" por policiais civis e por pessoas que convivem diariamente com o fluxo. Todos pediram para terem seus nomes preservados. Oficialmente, a Polícia Civil diz desconhecer qualquer determinação do crime organizado.
Policiais civis iniciaram uma investigação sobre o relato.
O foco do veto é a avenida Rio Branco, local em que há uma grande concentração de usuários de crack, no cruzamento com a rua dos Gusmões. A via é uma das principiais ligações entre o centro e a marginal Tietê. É na Rio Branco, por exemplo, onde ficam a praça e o terminal Princesa Isabel e o Hospital da Mulher, além de comércios.
A reportagem apurou que, com a proibição, a facção criminosa pretende evitar ou reduzir as ações policiais na região, especialmente contra o tráfico de drogas.
Policiais civis confirmaram para a Folha que o "salve", nome dado aos comunicados do PCC, passou a circular na quinta-feira (13).
Procurada, a assessoria de imprensa da SSP (Secretaria de Segurança Pública) disse por telefone que a Polícia Civil desconhece, até o momento, essas informações.
Pessoas que atuam na cracolândia também relataram que houve a ordem. Conforme elas, usuários de drogas já foram agredidos após serem flagrados descumprindo a determinação. As agressões servem de exemplo para que outras pessoas não cometam o crime.
Reportagem da Folha mostrou que, diante da atuação constante de ladrões, motoristas e cobradores de ônibus que passam pela avenida Rio Branco estão alertando passageiros sobre os cuidados a serem tomados. Os criminosos atacam, muitas vezes, puxando o aparelho pela janela dos coletivos.
Segundo funcionários das empresas de ônibus, as ações de criminosos são diárias e acontecem a qualquer horário do dia, mas principalmente após conflitos ou alterações na dinâmica da cracolândia, como operações policiais e retirada de usuários para limpeza das ruas pela prefeitura.
Novos locais
Com o impacto negativo para comerciantes e moradores, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) avaliou ao menos dois novos locais para fixar a cracolândia nas últimas semanas. Ainda não há nenhuma decisão oficial sobre o assunto.
Além da ponte Governador Orestes Quércia, conhecida como Estaiadinha, no Bom Retiro, para onde a aglomeração de usuários foi escoltada há dez dias, a gestão municipal cogitou a rua Porto Seguro, no bairro Ponte Pequena, como novo endereço da cracolândia. Os dois locais também ficam na região central da cidade.
A via, uma travessa da avenida Cruzeiro do Sul próxima ao acesso para a marginal Tietê, está localizada em meio a uma série de equipamentos de assistência social do município e quase nenhuma residência ou comércio.
O ponto, porém, foi desconsiderado após autoridades policiais concluírem que o trecho não seria suficiente para receber as cerca de mil pessoas que frequentam a cracolândia diariamente. Desde abril, quando a contagem de frequentadores do fluxo passou a ser divulgada pela Secretaria de Segurança Pública, houve aumento de cerca de 300 novos frequentadores.
A maior alta se deu em relação ao período da manhã. Na primeira semana de abril, foi registrada média de 876 pessoas no fluxo. Contagem mais recente, da primeira semana de julho, chegou a 1.286 indivíduos.
Além disso, o crime organizado voltou a montar barracas e guarda-sóis na rua dos Gusmões, onde está a principal concentração da cracolândia atualmente. Os equipamentos são um indício que o tráfico de drogas segue dominando a região, já que são usados para manter a venda e o consumo de crack escondidos das forças de segurança.
A prefeitura afirmou, em nota, que o fluxo de dependentes tem dinâmica própria "e movimenta-se pelas ruas do centro, especialmente quando observado seu padrão de acomodação ao longo do tempo". A gestão municipal também disse que aumentou o efetivo de GCMs na região central com 400 guardas.
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