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Cotidiano
A vítima é suspeita de aplicar golpes que chegam a R$ 50 milhões
02/09/2021 às 18:57
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Policial militar do estado de São Paulo | Divulgação/PMESP
Dois policiais militares foram presos após tentar matar um suposto golpista, no último dia 9, em Atibaia (64 km de SP). Segundo Ministério Público de São Paulo, o homem teria feito 50 mil vítimas com o crime conhecido como pirâmide financeira, desde 2019. De acordo com a Promotoria o esquema criminoso rendeu R$ 50 milhões ao suspeito e a mais três comparsas.
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Dois outros suspeitos, que não são policiais, também estão presos por suposto envolvimento na tentativa de homicídio. A reportagem entrou em contato com a defesa da dupla, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Além dos policiais, um delegado e um escrivão da capital paulista são investigados pela Corregedoria da Polícia Civil, pois teriam ido com uma viatura do distrito ao local onde os PMs, que estavam de folga na ocasião, tentaram supostamente matar a vítima - descumprindo determinação do governo estadual, que proíbe desde fevereiro a saída de policiais civis da área de cobertura de suas delegacias, sem autorização da seccional responsável.
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O advogado Renato Soares do Nascimento, defensor dos policiais militares Claudemir Alves e Ricardo Botelho de Mota, afirmou à reportagem, nesta quinta-feira (2), que seus clientes atiraram contra o carro do golpista "em legítima defesa".
"O suspeito acelerou o carro para cima de meus clientes, que atiraram para se defender", argumentou.
Foi registrado pela Polícia Civil que Alves e Mota foram até um hotel de luxo, em Atibaia, onde um dos outros envolvidos estava hospedado, para monitorar os passos do suposto estelionatário -que tinha um mandado de prisão em aberto, pela Justiça. Sua defesa não foi localizada.
Este outro envolvido seria amigo dos PMs e, segundo a investigação, teria sido vítima de um golpe aplicado pelo suposto estelionatário, que estava hospedado no hotel.
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"A ideia era somente confirmar que o suspeito estava hospedado no hotel e fazer o mandado de prisão dele ser cumprido", acrescentou o advogado dos PMs.
Ainda segundo registros da Polícia Civil, os PMs teriam se identificado como investigadores, informando a funcionários que iriam prender um hóspede do hotel. Enquanto os policiais argumentavam com o atendente, o suposto golpista fugiu em um carro de luxo blindado, que foi seguido pelos PMs.
Segundo a Polícia Civil, o golpista afirmou que os PMs atiraram contra seu carro quando ele fugia. A perseguição terminou somente após policiais rodoviários abordarem os cinco envolvidos e os prender, logo após os disparos, em uma estrada vicinal de Atibaia. Ninguém se feriu.
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Já os PMs, segundo a defesa, argumentam que o suspeito parou o carro e, por isso, os dois agentes desembarcaram. Porém, o golpista teria acelerado contra os policiais, que atiraram "para se defender".
Os dois policiais militares foram indiciados por tentativa de homicídio e permanecem detidos no presídio militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista. O caso foi relatado à Justiça em agosto, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
"A PM acompanha o andamento processual para a adoção de medidas cabíveis", diz nota da corporação.
O local onde os outros três presos estão detidos, incluindo o estelionatário, não foi informado.
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A SSP disse ainda que a Corregedoria da Polícia Civil investiga a conduta de um delegado e de um escrivão, que foram ao local onde os PMs de folga atiraram contra o golpista. Nenhum detalhe sobre eventuais afastamentos, ou outras medidas, foram dados.
GOLPE DE R$ 50 MILHÕES
O suposto golpista, alvo dos tiros dos policiais em Atibaia, foi denunciado pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) em 23 de setembro de 2020 por ganhar ilicitamente dinheiro mediante "especulações e processos fraudulentos", popularmente conhecidos como pirâmide financeira.
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Ele e um comparsa estão presos e mais dois suspeitos, ligados ao esquema, até o momento estão foragidos, acrescentou a Promotoria. A audiência de instrução e julgamento do bando ainda não foram agendados. A defesa deles não foi encontrada.
Segundo a denúncia, os criminosos ofereciam falsas vantagens para que as vítimas comprassem dinheiro virtual. Tudo era explicado em um site, no qual era sugerido que uma inteligência artificial ajudava nos investimentos.
Para convencer as vítimas, ainda de acordo com a Promotoria, os criminosos chegaram a criar eventos, em que pagavam grandes valores para supostos clientes.
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Cada vítima deveria investir, no mínimo, cerca de R$ 1.500 para ajudar na obtenção dos falsos lucros. Até o momento, o Ministério Público contabilizou cerca de 50 mil vítimas, que teriam rendido por volta de R$ 50 milhões de lucro ao bando. Há registro de pessoas lesionadas até no Paraguai, ainda de acordo com a denúncia do Ministério Público.
O esquema de pirâmide financeira consiste em fazer a vítima acreditar que irá ganhar muito mais dinheiro do que investiu, desde que convite amigos para ingressar no "negócio."
Porém, quando o número de participantes fica grande, saques são feitos pelos estelionatários, desestruturando o dinheiro em caixa, fazendo com que a maioria das pessoas perca o que investiu. Após isso, os criminosos sumiam com a grana, deixando os investidores sem um centavo.
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A TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) não comentou o caso, alegando que ele tramita em segredo de Justiça.
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