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Cotidiano
A pesquisa é um passo em direção a uma melhor preparação para a próxima pandemia
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Dos 16 voluntários, sete permaneceram negativos nos testes | Tomaz Silva/Agência Brasil
Durante a pandemia, uma das principais questões era por que algumas pessoas escapavam da COVID-19, enquanto outras contraíam o vírus várias vezes.
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Por meio de uma colaboração entre o University College London, o Wellcome Sanger Institute e o Imperial College London, no Reino Unido, foi realizado o primeiro “ensaio de desafio” controlado para COVID-19 no mundo, no qual os voluntários foram deliberadamente expostos ao SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19, para que este processo pudesse ser estudado em detalhes.
Voluntários saudáveis não vacinados, sem histórico prévio de COVID-19, foram expostos - por meio de um spray nasal - a uma dose extremamente baixa da cepa original do SARS-CoV-2.
Os voluntários foram monitorados em uma unidade de quarentena, com testes regulares e amostras coletadas para estudar sua resposta ao vírus em um ambiente altamente controlado e seguro.
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Para o estudo mais recente, publicado na revista Nature, foram coletadas amostras de tecido localizado no meio do caminho entre o nariz e a garganta, bem como amostras de sangue de 16 voluntários.
Essas amostras foram coletadas antes de os participantes serem expostos ao vírus, para fornecer uma medição de linha de base, e depois em intervalos regulares.
Em seguida, as amostras foram processadas e analisadas com a tecnologia de sequenciamento de célula única (single-cell sequencing), que nos permitiu extrair e sequenciar o material genético de células individuais.
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Com essa tecnologia, foi possível acompanhar a evolução da doença em detalhes sem precedentes, desde antes da infecção até a recuperação.
Dos 16 voluntários, sete permaneceram negativos nos testes e não desenvolveram nenhum sintoma. Esse foi o “grupo de infecção abortada”. Essa é a primeira confirmação de infecções abortadas, que antes não eram comprovadas.
Por fim, foi identificado um gene específico, chamado HLA-DQA2, que foi expresso (ativado para produzir uma proteína) em um nível muito mais alto nos voluntários que não desenvolveram uma infecção sustentada e, portanto, poderia ser usado como um marcador de proteção.
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Portanto, talvez seja possível usar essas informações e identificar aqueles que provavelmente estarão protegidos contra a COVID-19 grave. Essas descobertas ajudam a preencher algumas lacunas, apresentando um quadro muito mais detalhado sobre como o corpo reage a um novo vírus, especialmente nos primeiros dias de uma infecção, o que é crucial.
Essas informações podem ser usadas para comparar dados dessa pesquisa com outros dados que estão sendo gerados atualmente, especificamente quando “desafiamos” os voluntários a outros vírus e cepas mais recentes da COVID-19.
Diferentemente deste último estudo, essas análises incluirão principalmente voluntários que foram vacinados ou infectados naturalmente, ou seja, pessoas que já têm alguma imunidade. Essa pesquisa tem implicações significativas para futuros tratamentos e desenvolvimento de vacinas.
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Ao comparar esses dados com voluntários que nunca foram expostos ao vírus com aqueles que já têm imunidade, será possível identificar novas formas de induzir a proteção e, ao mesmo tempo, ajudar no desenvolvimento de vacinas mais eficazes para futuras pandemias.
A pesquisa é um passo em direção a uma melhor preparação para a próxima pandemia.
*Texto sob supervisão de Diogo Mesquita
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