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Cotidiano

Pandemia aprofunda dificuldades das mulheres no mercado de trabalho

Segundo estudo, menos de 1% das mulheres que saíram do mercado de trabalho por conta da pandemia, tiveram a oportunidade de uma recolocação

Gladys Magalhães

05/03/2021 às 15:16  atualizado em 13/09/2021 às 15:49

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Juliana de Paula Filleti, uma das responsáveis pelo estudo da Facamp

Juliana de Paula Filleti, uma das responsáveis pelo estudo da Facamp | /ARQUIVO PESSOAL

Na próxima segunda-feira, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, uma data para refletir sobre diversas questões que ainda impactam de modo diferente homens e mulheres. Uma delas é o mercado de trabalho, cujas dificuldades foram acentuadas ainda mais para as mulheres durante a pandemia.

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Um levantamento realizado pelo Núcleo de Pesquisas de Economia e Gênero (NPEGen) da Facamp (Faculdades de Campinas) revela que menos de 1% das mulheres que saíram do mercado de trabalho por conta da pandemia, tiveram a oportunidade de voltar a trabalhar. No período analisado pelo estudo, 9 milhões de pessoas saíram do mercado de trabalho, mas 418 mil conseguiram retornar no último trimestre de 2020, sendo 380 mil homens e apenas 37 mil mulheres. Em São Paulo, uma pesquisa da Fundação Seade mostra que a situação não é diferente. Na região metropolitana, entre as mulheres ocupadas em 2019, 27% não estavam mais trabalhando no final de 2020: 11% foram para o desemprego e 16% para a inatividade

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Juliana de Paula Filleti, uma das responsáveis pelo estudo da Facamp - ARQUIVO PESSOAL

“A mulher sempre teve uma inserção diferenciada no mercado de trabalho, sempre houve um número maior de mulheres disponíveis e um número maior de subocupação. Na pandemia, vimos que os homens voltaram com muito mais força, no terceiro trimestre, do que as mulheres. Provavelmente, o fato das escolas estarem fechadas seja uma das explicações, pois as mulheres não conseguem achar emprego porque estão cuidando de alguém”, explica a economista Juliana de Paula Filleti, uma das responsáveis pelo estudo.

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Afazeres domésticos
Ainda segundo a pesquisa, que se baseia em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres que não figura na chamada força de trabalho (que inclui pessoas que desistiram de procurar emprego ou que, por algum motivo, estão indisponíveis para o mercado, apesar de desejarem trabalhar) é praticamente o dobro do de homens, 50,5 milhões de mulheres contra 28,1 milhões de homens.

Entre os motivos apontados pelas mulheres para estarem fora do mercado de trabalho estão o “cuidar dos afazeres domésticos” (26,3%), “muito idoso ou muito jovem” (21,8%), “outro motivo” (18,4%), “problemas de saúde ou gravidez” (13,3%), “estudar” (11,7%) e “não querer trabalhar” (8,5%).

Entre os homens, por outro lado, os afazeres domésticos foram apontados por apenas 1,8% deles, sendo “outro motivo” (26,2%), a principal razão, seguido por “muito idoso ou muito jovem” (25,3%), “problemas de saúde” (18,1%), “estudar” (18,0%) e “não quer trabalhar” (10,7%).

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Trabalho precário
O levantamento também analisou a questão da subocupação e do trabalho precário, que aumentaram durante a pandemia e, apesar dos percentuais elevados para homens e mulheres, o número de mulheres em trabalhos precários ainda é maior, atingindo 36% da população feminina, contra 25,5% dos homens.

A auxiliar administrativa Lidiane Farias, de 36 anos, é uma dessas mulheres que teve que recorrer a um trabalho precário para sobreviver. “Antes da pandemia, tudo estava bem. Mas, quando a Covid chegou, minha vida virou de cabeça para baixo. Após, 4 anos e 5 meses, a empresa alegou que não iria conseguir pagar meu salário e que infelizmente precisava me dispensar. Estou tentando uma recolocação, mas está muito difícil. As exigências são grandes e há poucas vagas. Por enquanto, eu consegui arrumar um “bico” em um delivery, de sexta, sábado e domingo, mas o valor que ganho nesses dias, mal serve para passar a próxima semana.”

Impactos em todas as classes
Engana-se quem pensa que apenas as mulheres das classes C e D são impactadas pelas questões de gênero. A professora Luciana Lima, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) chama atenção, por exemplo, à sobrecarga das profissionais mais qualificadas durante a pandemia.

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Luciana Lima, professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) - DIVULGAÇÃO

“A pandemia piorou o que já não era bom. Sempre existiu um conjunto de desigualdade pertinente à questão de gênero. Além de trabalhar nos seus empregos, as mulheres ainda são as grandes responsáveis pela jornada de casa. Agora, elas precisam dar conta de todas as atividades ao mesmo tempo (...). No home office, por exemplo, ela está em casa, mas não está usufruindo da dinâmica da casa. Ela está trabalhando de casa, mas como se estivesse na empresa, e isso é muito complicado, pois a pessoa não está na empresa”, finaliza.

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