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Cotidiano
Crise econômica provocada pela pandemia levou famílias e desempregados para as ruas da Capital
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Em 2019, cidade de São Paulo contava com 24,3 mil pessoas vivendo em situação de rua | /Ettore Chiereguini/Gazeta de S.Paulo
A noite da última quinta-feira (22) já não era das mais frias registradas na capital paulista. Dois dias antes, a cidade havia batido recorde de frio com mínima de 5,4 °C. Ainda assim, Maria* (nome fictício), de 16 anos, diz que a baixa temperatura é uma das maiores dificuldades de quem se encontra em situação de rua. Natural de Ilhéus, na Bahia, a adolescente veio para São Paulo em busca de emprego, junto com o filho de apenas sete meses.
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Embora homens sozinhos, que foram parar nas ruas devido às drogas, álcool, separações e conflitos familiares, respondam pela maior parte dos moradores de rua da Capital, rostos como o de Maria já não são tão incomuns. Isso porque a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus tem deixado as pessoas mais pobres, levando muitos que estavam nas classes D e E, por exemplo, para as ruas.
“Nesses tempos de pandemia, é muito fácil na nossa caminhada perceber que existem outros perfis na rua agora. São muitas pessoas que estão nesta situação por pobreza, porque perderam o emprego e a reinserção no mercado de trabalho está difícil. Vemos também um número expressivo de famílias e crianças, o que não era comum”, conta André Soler, co-fundador da ONG SP Invisível, que distribui kits com roupas e itens de higiene para os mais vulneráveis nas ruas de São Paulo.
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Sem números
Não há levantamentos oficiais do quanto a população de rua aumentou depois que o novo coronavírus desembarcou no Brasil. Contudo, quem trabalha com essa população afirma ter notado crescimento na casa de 50%.
A última pesquisa censitária da população em situação de rua da Prefeitura de São Paulo ocorreu em 2019. Na época, a cidade contava com 24,3 mil pessoas vivendo nessa situação, sendo que 60% preferia ficar no centro da Capital, onde o grande fluxo de pessoas facilitava a sobrevivência.
“Uma coisa que a pandemia trouxe foi mais invisibilidade para essa população, perante a sociedade em geral. Além disso, a rua acaba trazendo muitos vícios e isso acaba impactando, por exemplo, aqueles que estão nessa situação porque perderam emprego”, diz Soler.
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Abrigos
De modo geral, em todo o Brasil, a principal medida do poder público para lidar com a população de rua inclui a abertura de vagas em abrigos. Soler ressalta que a medida é importante e deve ser festejada, mas avalia que outras iniciativas deveriam ser implementadas.
“É muito importante a quantidade de vagas em albergues, mas é preciso mudar, por exemplo, a forma de atender nos albergues. Acredito que seria mais produtivo investir em lugares menores, o que facilitaria a higienização e as pessoas conseguiriam ficar mais próximas dos assistentes sociais. Quando se tem menos pessoas, há mais contato, mais relacionamento e mais oportunidade daquele indivíduo sair das ruas.”
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Prefeitura
A Gazeta procurou a Prefeitura de São Paulo para falar sobre o assunto. Em nota, por meio da Secretaria Social de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), a Prefeitura informou que criou 2.273 vagas para pessoas em situação de rua durante a pandemia, sendo 726 em oito equipamentos emergenciais em centros esportivos, 400 em Centros Educacionais Unificados (CEU) e 1.147 em edifícios hoteleiros, distribuídas em 14 hotéis (13 na região central e um na região norte).
“Três dos hotéis foram transformados em Centros de Acolhida Especiais, sendo dois deles exclusivamente para famílias, que juntos totalizam 370 vagas, além de uma unidade para idosos, com total de 207 vagas”, diz a Secretaria. Das vagas criadas, 1.787 ainda estão em funcionamento.
A Prefeitura disse ainda que ampliou a oferta de serviços nos quais as pessoas em situação de rua têm acesso a refeições, banheiros, kits de higiene e orientações.
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Como ajudar
Existem diversas organizações não governamentais que auxiliam pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo. A ONG SP Invisível, por exemplo, surgiu em 2014 e, desde então, conta histórias de pessoas que moram nas ruas e realiza campanhas para auxiliar essa população. Para ajudar bastar acompanhar as redes sociais da entidade (https://www.instagram.com/spinvisivel/) e se informar sobre as campanhas e também sobre outras formas de contribuição, como doações mensais, venda de livro e moletom.
O Projeto Social Life também ajuda pessoas e comunidades carentes, entregando alimentos, cestas básicas e roupas. No Facebook (https://www.facebook.com/projetosocial.life/) da organização é possível obter mais informações sobre como ajudar ou se tornar um voluntário.
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