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Cotidiano

Palco de evento geek na Liberdade gera revolta ao esconder estátua de Madrinha Eunice

Escultura em homenagem à sambista é um patrimônio histórico da capital paulista; atitude do evento causou protestos e acusações de racismo

Maria Eduarda Guimarães

19/09/2023 às 18:37  atualizado em 20/09/2023 às 16:50

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Estátua da sambista negra Madrinha Eunice ficou escondida na lateral de palco de evento no Centro

Estátua da sambista negra Madrinha Eunice ficou escondida na lateral de palco de evento no Centro | Arquivo Pessoal

Um evento da cultura geek, que iria ocorrer no último domingo (17), na Liberdade, centro de São Paulo, gerou polêmica ao montar seu palco encostado na escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice.  A atitude provocou protestos por parte de integrantes do Movimento Negro e acusações de racismo pela falta de respeito e preservação da obra.

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A estátua fez parte do projeto do Departamento do Patrimônio Histórico da cidade para recuperação da memória e homenagem de personalidades negras da cultura paulistana, e foi instalada no local em abril de 2022. 

No entanto, a obra foi escondida na lateral do palco do evento geek, apoiado pela Subprefeitura da Sé e pelo Metrô, com parte da estrutura em cima da placa que explica quem foi Deolinda Madre. De acordo com o "G1", o evento foi encerrado após um grupo de pessoas protestarem no local.

Estrutura do evento sobre a placa de identificação  Estrutura do evento sobre a placa de identificação - Reprodução/TV Globo

O ato desencadeou uma série de críticas de movimentos organizados nas redes sociais. A cantora e deputada estadual Leci Brandão mostrou indignação ao publicar um video em que mostra a localização do palco e da escultura da sambista Madrinha Eunice. "Minha gente, é difícil expressar em palavras a revolta que senti com esta situação", escreveu. "O racismo se expressa de muitas maneiras e o desprezo pela memória do nosso povo é uma delas", completou.

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A deputada ainda ressaltou a falta de preservação e cuidado com o monumento histórico. "Quando nós visitamos a estátua de Madrinha Eunice, pouco depois de sua inauguração no ano passado, já era visível a falta de cuidado na própria instalação da obra. Não havia sequer uma placa informativa, proteção ao redor, iluminação, nada que demonstrasse o quanto Madrinha Eunice é importante".

Posicionamento das autoridades 

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Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Paulo disse ter tomado conhecimento do ocorrido e que segue apurando o caso. “A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, tomou conhecimento sobre a situação, e o caso está sendo investigado para que os envolvidos sejam notificados, multados ou aplicadas as sanções que lhe forem cabíveis. Vale salientar que a SMC entende o episódio como desrespeito à memória da sambista Madrinha Eunice e tomará todas as previdências cabíveis para que episódios como esse não se repitam mais”. 

Já a “Subprefeitura Sé esclarece que autorizou o evento Festival de Cultura Geek, de acordo com a portaria nº 007-PR-SÉ/ GAB/ 2017, que estabelece instruções quanto a solicitações de autorização de uso de bens públicos municipais para realização de eventos. O evento também possuía Alvará de Autorização para Evento Temporário deferido pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL). Os eventos autorizados pela regional na área central podem ser acessados pelo site: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/se/noticias/index.php?p=133839

A São Paulo Turismo confirmou à Gazeta ter sido contratada para o evento. “A São Paulo Turismo foi contratada para apoiar a infraestrutura do Festival de Cultura Geek. A localização exata do palco foi definida pelo promotor do evento, que foi realizada por meio de emenda parlamentar. Além de montagem do palco, a empresa ofereceu banheiros químicos, grades, equipamentos de som e iluminação, apoio operacional, entre outros serviços”. 

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Quem foi Madrinha Eunice

Conhecida como Madrinha Eunice, Deolinda Madre fundou uma das primeiras escolas de samba de São Paulo, a Lavapés -  hoje Lavapés Pirata Negro -, na década de 30, no bairro do Glicério, no Centro.

A agremiação já foi sete vezes campeã do Grupo Especial nos anos 1950 e 1960. Atualmente, a escola fundada pela Madrinha Eunice, é comandada pelo ator Aílton Graça.

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Instalação da estátua

No dia 2 de abril do ano passado, a Prefeitura de São Paulo inaugurou a segunda estátua em homenagem a personalidades negras da cultura paulistana. A escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, foi instalada no bairro da Liberdade, no Centro.

Na época, a secretária de Cultura, Aline Torres, explicou que o motivo da escolha do bairro da Liberdade para a homenagem. Ela lembrou de Francisco José Chagas, militar negro que morreu na região no século 19.

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"Aqui na Praça da Liberdade, um lugar que pra sociedade é conhecido como um bairro nipônico, mas antes dele ser nipônico ele foi muito importante para a comunidade negra da cidade de São Paulo. Aqui foi a praça da venda de escravos, mas aqui também foi um lugar onde Chagas[soldado Francisco José das Chagas, o "Chaguinha"], foi assassinado", contou. 

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