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Cotidiano
Para Professora Bebel, presidente do sindicato dos professores de SP (Apeoesp), caso expõe abandono do Estado com as escolas estaduais
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Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona sul de São Paulo | Reprodução/RecordTV
Mais um caso lamentável e chocante de violência em escola estadual expõe o descaso e o abandono do Estado para com as unidades da rede estadual de ensino de São Paulo.
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Um adolescente invadiu na manhã desta segunda-feira a Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro da Vila Sônia, zona oeste da Capital e esfaqueou cinco pessoas, causando a morte da professora Elisabete Tenreiro. As outras três vítimas, pelas informações disponíveis, não correm risco de morte.
A APEOESP vem há anos realizando pesquisas sobre a questão da violência nas escolas e cobrando da Secretaria Estadual da Educação e demais órgãos do Governo Estadual providências para a redução da incidência dessas ocorrências. Faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar para a conscientização sobre o problema e a busca de soluções.
Este caso, aliás, ocorre exatamente 4 anos depois do massacre ocorrido numa escola estadual em Suzano, que vitimou 8 pessoas. O que foi feito de lá para cá? Com a palavra, a comunidade escolar, nossa juventude, o contribuinte, o povo paulista.
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O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela Secretaria da Educação a partir de proposta da APEOESP - em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar - foi virtualmente abandonado. As consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos.
Nada temos contra a instalação de detector de metais, câmeras nas áreas comuns e adoção de outras medidas preventivas nas escolas, mas elas não surtirão efeito algum se não houver servidores e especialistas para realizar o monitoramento desses equipamentos em tempo real e se não houver medidas que trabalhem a prevenção em seu sentido mais amplo.
Vivemos, lamentavelmente, um período de incentivo ao armamento das pessoas e à banalização da violência e isso afeta fortemente os adolescentes e os jovens. É necessário que existam nas escolas psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens. É verdade que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas. Porém, os professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo.
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É necessário que o Governo do Estado ouça a comunidade e, de imediato, que recomponha o quadro de funcionários das escolas estaduais – não com pessoal terceirizado, mas com servidores selecionados por meio de concurso público – e retome o programa de mediação escolar.
*Maria Izabel Azevedo Noronha - Professora Bebel é presidente da APEOESP e deputada estadual em São Paulo.
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