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Cotidiano

Número de prédios ultrapassa casas pela primeira vez em São Paulo

Conclusão está em nota técnica divulgada pelo Centro de Estudos da Metrópole. Outra pesquisa aponta que os apartamentos já são preferência nacional

Gladys Magalhães

16/07/2021 às 15:32  atualizado em 19/07/2021 às 12:12

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Unidades verticais deram um salto para 1,38 milhão de unidades e 190,4 milhões de m² no período de 20 anos em São Paulo

Unidades verticais deram um salto para 1,38 milhão de unidades e 190,4 milhões de m² no período de 20 anos em São Paulo | /Thiago Neme/Gazeta de S.Paulo

Pela primeira vez, a cidade de São Paulo tem mais prédios do que casas. O dado faz parte de um conjunto de notas técnicas intitulado “Políticas do Urbano, Desigualdades e Planejamento”, divulgado pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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Segundo o levantamento, que não considera as moradias informais, como as favelas, no ano 2000, São Paulo tinha 1,23 milhão de imóveis residenciais horizontais, com 158 milhões de m², enquanto os prédios somavam 767 mil unidades, com 108,7 milhões de m².

Vinte anos depois, as casas passaram para 1,37 milhão de unidades e 183,7 milhões de m² e as unidades verticais deram um salto para 1,38 milhão de unidades e 190,4 milhões de m².

“O estudo mostra um processo de longo prazo, de mudança de padrão do estoque residencial da cidade. É um crescimento estável, em um sentido de verticalização maior, uma tendência que já vinha, inclusive, ocorrendo antes do período analisado, com o estoque residencial passando do padrão horizontal baixo padrão para imóveis verticais de médio padrão (apartamentos em torno de 80 m² a 200 m²). Também observamos um crescimento expressivo de apartamentos de alto padrão (...). Hoje, vemos que temos mais m² de apartamentos alto padrão do que de baixo padrão. Em termos construtivos, a cidade elitizou”, analisa o pesquisador Guilherme Minarelli, do CEM, um dos responsáveis pelo estudo.

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Macaque in the trees
Para Guilherme Minarelli, em termos construtivos, a cidade elitizou - Divulgação

Preferência nacional
Outra pesquisa, dessa vez, realizada pela Brain Inteligência Estratégica, mostra que os apartamentos já são preferência nacional, com 43% das famílias brasileiras preferindo esse tipo de imóvel na busca imobiliária, enquanto as casas de rua são desejadas por 36% e as casas em condomínios por 11%.

O estudo não avaliou os motivos da preferência por apartamento, mas a busca por mais segurança pode ser uma aposta. “Eu cresci em uma cidade calma, no interior e quando me mudei para São Paulo me senti mais segura morando em um apartamento”, conta Viviane Duranti, 22 anos, moradora da Vila Mariana.

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Caroline Meyer, de 25 anos, que mora em Higienópolis, também atribui à sensação de segurança sua escolha por um apartamento quando foi morar sozinha, em 2017. “Sempre morei em casa, mas quando precisei me mudar para perto da faculdade, escolhi um apartamento, pois me sinto muito mais segura. Eu gosto muito de casa, mas acredito que em São Paulo, por conta da violência, prédio é a melhor escolha.”

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Viviane Duranti preferiu morar em um apartamento quando se mudou do interior para São Paulo - Arquivo pessoal

Bom ou ruim?
A verticalização é um fenômeno global que, mesmo após a pandemia e o número significativo de pessoas procurando por mais espaço e até mesmo mudando de cidade, em decorrência da possibilidade do trabalho em home office, não deve se reverter. Ainda assim, ela gera discussões acaloradas sobre o impacto que o maior número de prédios pode trazer para as cidades e para a qualidade de vida.

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“É muito improvável que essa tendência seja revertida, pois a graça das cidades é exatamente a densidade de pessoas. O que pode acontecer é o aumento pela procura por imóveis que tragam mais conforto, inclusive, já podemos ver isso internacionalmente”, diz Minarelli.

“Sobre a verticalização ela não é nem negativa, nem positiva. A questão é como verticalizar. De um lado, você pode sobrecarregar a infraestrutura, fazendo com que a densidade construtiva e habitacional seja muito grande em uma região. Por outro lado, você pode ter uma cidade mais compacta, que usa melhor os espaços, garantindo um acesso melhor para as pessoas”, finaliza o pesquisador.

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Com 170 metros de altura, Mirante do Vale, no centro, inaugura dia 08 de agosto o Sampa Sky, atração inspirada no Sky Deck de Chicago - Divulgação

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Mais alto
Durante boa parte de sua história, a cidade de São Paulo viu seus prédios se concentrarem sobretudo no centro. Entretanto, segundo Minarelli, agora, a verticalização está mais espalhada, com as zonas norte, sul e a região do Tatuapé entrando no radar das construtoras

É no Tatuapé, inclusive, o endereço de dois dos três prédios mais altos da cidade: o Platina 220, que terá salas comerciais e apartamentos residenciais. O prédio será inaugurado em 2022, com 172 metros de altura, superando em dois metros o Mirante do Vale, no centro, que inaugura dia 08 de agosto o Sampa Sky, atração inspirada no Sky Deck de Chicago e que promete ao visitante a sensação de flutuar pela cidade.

O terceiro prédio mais alto da cidade, que leva o título de mais alto residencial, é o Figueira Altos do Tatuapé, com 168 metros de altura, 50 andares, 48 apartamentos de 337 m² cada e preço na casa dos R$ 5 milhões, ele tem inauguração prevista para agosto.

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