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Cotidiano
Dados oficiais do USDA e do IBGE mostram que fome atinge 14 em cada 100 norte-americanos; no Brasil, quatro em cada 100 brasileiros têm pouco alimento
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Quatro em cada 100 brasileiros passaram fome em 2023 | Reprodução/Agência Brasil
Entre todas as missões que terá pela frente nos próximos quatro anos, o presidente eleito Donald Trump precisará combater especialmente a fome, que atinge 47,7 milhões de norte-americanos.
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Dados revelados durante a eleição presidencial pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que a insegurança alimentar atingiu 14 em cada 100 norte-americanos no ano passado. Esse índice foi recorde nos últimos dez anos. Aliás, falhas no combate à fome nos Estados Unidos não foram reconhecidas durante as eleições.
Já o Brasil fez caminho inverso, com redução de quase 75% na quantidade de pessoas com fome. Em 2022, eram 33,1 milhões de brasileiros em restrição alimentar grave. Em 2023, eram ‘apenas’ 8,7 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Aqui, quatro em cada 100 brasileiros passaram fome em 2023. Assim, o cruzamento de dados do USDA e do IBGE indica que a parcela da população com fome nos Estados Unidos é três vezes maior que no Brasil em termos percentuais.
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Em números absolutos, a quantidade de norte-americanos em situação de insegurança alimentar é 448,3% maior que a de brasileiros. E isso em um cenário com população ‘só’ 62% maior que a brasileira.
Presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Santos (Comsea), Renato Prado, credita à retomada do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) a redução da fome no Brasil.
O Consea foi desativado durante o Governo Bolsonaro e retomado no primeiro dia do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
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“As políticas públicas de segurança alimentar e nutricional brasileiras são referência mundial, um caso de sucesso”, relata o presidente do Comsea, que observou a adoção de “múltiplas ações estruturantes desde o início de 2023”.
Dados oficiais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua, revelaram que, em 2022, um contingente formado por 15,5% da população brasileira vivia em situação de insegurança alimentar. No ano passado, esse índice caiu para 4,1%. A PNAD Contínua é realizada pelo IBGE.
Eventos climáticos extremos, como furacões, frio extremo em estados do Norte, e secas e queimadas na Califórnia, têm comprometido o fornecimento de alimentos nos Estados Unidos, o que justifica o recorde na quantidade de norte-americanos com algum nível de dificuldade para garantir todas as refeições dia após dia.
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Mas, o Brasil também enfrentou queimadas e restrições prolongadas de chuva em 2023.
Líder em projetos de implantação e fomento de hortas urbanas, o presidente do Comsea explica que “as políticas públicas de segurança alimentar e nutricional brasileiras são “arrojadas e inovadoras”. E, segundo Renato Prado, essas estratégias “proporcionam resultados significativos e rápidos”.
E parte dessa estratégia brasileira de combate à fome passa por políticas de transferência de renda incentivadas até pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como o Bolsa Família.
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Estudos da Fundação Getúlio Vargas com base na PNAD Contínua, apontam que houve um aumento real de 12,5% na renda domiciliar per capita em 2023. E parte disso se converte em comida.
Pesquisas anteriores da própria FGV publicadas durante o Governo Dilma Rousseff (2011/2016) mostraram que, para cada R$ 1,00 investido no Bolsa Família, houve um aumento de R$ 1,78 no PIB, com um efeito superior ao de todos os demais programas avaliados pelo estudo.
Mas, em 2022, com a proximidade da eleição presidencial e, portanto, após os tempos de pandemia, o ex-presidente Jair Bolsonaro ampliou em 49% o número de beneficiários do Bolsa Família. E aumentou provisoriamente o valor do benefício para R$ 600,00/mês.
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Mesmo assim, o acréscimo não foi suficiente para aplacar a fome no País, que presenciava cenas chocantes de pessoas correndo atrás dos caminhões de lixo. A fila do osso em açougues, Brasil afora, também marcou o Governo Bolsonaro.
A diferença é que, naqueles dias, o desemprego atingia quase 10% da população economicamente ativa. Agora, em outubro apenas seis em cada dez brasileiros estavam sem emprego.
Mas, os Estados Unidos registraram só 4,1% de desemprego e também mantêm programas governamentais de transferência de renda.
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Um desses programas é a Transferência Eletrônica de Benefícios (EBT), que repassa recursos para famílias carentes em momentos críticos para compra de alimentos. E ele vale em todos os estados norte-americanos.
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