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Os cientistas Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice foram os ganhadores do Nobel de Medicina de 2020 pela descoberta do vírus | /CLAUDIO BRESCIANI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Os cientistas Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice foram os ganhadores do Nobel de Medicina de 2020 pela descoberta do vírus da hepatite C, anunciou nesta segunda-feira (5) a Academia Sueca.
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Harvey Alter é americano dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), Michael Houghton, britânico da Universidade de Alberta, e Charles Rice também é americano da Universidade Rockefeller.
Gunilla Karlsson-Hedestam, membro do Comitê do Nobel, lembrou que há, anualmente, 70 milhões de novos casos de hepatites, com 400 mil mortes no mesmo período.
A inflamação do fígado (hepatite) pode acontecer por causa de pelo menos três tipos de vírus, A, B ou C. Em 1976, Baruch S. Blumberg recebeu o mesmo prêmio pela descoberta do vírus da hepatite B. A descoberta de fato aconteceu nos anos 60.
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Tanto a hepatite B quanto a C, transmitidas pelo sangue, podem levar décadas para se estabelecer, causando, em última instância, cirrose e câncer de fígado.
A descoberta do vírus foi motivada pelo fato de que muitas pessoas que recebiam transfusões de sangue desenvolviam hepatites, mesmo que esse material não fosse contaminado pelo vírus da hepatite B. Até então, inflamações do fígado que não eram causadas pelos vírus da hepatite A ou B eram tratadas como hepatite "não A, não B". Ainda não estava bem estabelecido qual seria o agente responsável.
O trabalho de Harvey Alter envolveu uma extensa pesquisa em bancos de sangue a fim de identificar o agente responsável por esses casos de hepatite. Seus trabalhos, desenvolvidos na década de 1970, envolveram o transplante de sangue em chimpanzés a fim de demonstrar que algum agente ali presente era o responsável pelo desenvolvimento da doença crônica.
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Michael Houghton liderou uma colaboração entre o laboratório Chiron e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA responsável por isolar o material genético do vírus da Hepatite C. Posteriormente, a equipe encontrou meios de identificar a ação do vírus, por meio de anticorpos, em resultados publicados em 1989.
Charles Rice, na época na Universidade de Washington em St Louis, identificou uma região do genoma do vírus da hepatite C responsável pela replicação viral, caracterizando o mecanismo pelo qual ela poderia, de fato, causar a patologia - até então, com o desconhecimento desse mecanismo, o que existia era apenas uma forte correlação entre o genoma viral e a ocorrência da hepatite C.
Graças a esse esforço, o vírus da hepatite hoje pode ser rastreado no sangue, e milhões de mortes são evitadas, afirmou Karlsson-Hedestam. Hoje existem drogas capazes de combater especificamente a hepatite C, aumentando as chances de um dia erradicar a doença.
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Hoje em dia fármacos antivirais curam mais de 95% das pessoas com hepatite C, o que reduz o risco de mortes por cirrose e câncer de fígado, embora o acesso ao diagnóstico e ao tratamento ainda seja baixo.
Outros prêmios
Nesta terça (6) e na quarta (7) serão anunciados, respectivamente, os prêmios nas áreas de física e de química. Os dois são distribuídos pela Academia Real Sueca de Ciências.
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O Nobel de Literatura será anunciado na quinta (8). Ele fica a cargo da Academia Sueca, composta por 18 membros, entre escritores, linguistas, acadêmicos, historiadores e juristas.
O Nobel da Paz, dado por um comitê escolhido pelo Parlamento Norueguês será anunciado na sexta (9); o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, apelidado como Nobel de Economia, será anunciado na próxima segunda (12) e também fica a cargo da Academia Real Sueca de Ciências.
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