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Cotidiano
José Mauro Coelho voltou a defender a política de preços dos combustíveis da companhia após queixas do presidente Bolsonaro
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Novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho | Valter Campanato/ Agência Brasil
Após novas reclamações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre os elevados lucros da Petrobras, o presidente da estatal, José Mauro Coelho, voltou a defender nesta sexta-feira (6) a política de preços dos combustíveis da companhia.
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"Não podemos nos desviar da prática de preços de mercado, condição necessária para a geração de riqueza não só para a companhia mas para toda a sociedade brasileira, fundamental para atrair investimentos para o país e para garantir o suprimento de derivados que o Brasil precisa importar", disse.
A declaração foi dada em discurso de abertura de teleconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022, que motivou anúncio de distribuição de R$ 48,5 bilhões em dividendos aos acionistas.
Pouco antes da divulgação do resultado nesta quinta (5), Bolsonaro disse em sua live semanal que os elevados lucros da Petrobras são um "estupro" e que um novo reajuste nos preços dos combustíveis pode quebrar o país.
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"A gente apela para a Petrobras: 'não reajuste o preço dos combustíveis'. Vocês estão tendo um lucro absurdo. Se continuar tendo lucro dessa forma e aumentando o preço dos combustíveis, vai quebrar o Brasil", disse o presidente.
Os elevados lucros da estatal são alvo de críticas tanto no governo quanto na oposição, diante da alta dos preços dos combustíveis no país. Empresas de transporte público, por sua vez, divulgaram nota ameaçando tirar ônibus de circulação fora dos horários de pico no caso de uma nova alta do diesel.
A Petrobras, por outro lado, também é alvo do setor de combustíveis, que reclama da falta de reajustes e consequente defasagem em relação aos preços internacionais. Esse cenário estaria provocando um "racionamento seletivo", ao prejudicar empresas de menor porte, incapacitadas de importar.
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A preocupação com o abastecimento é um dos argumentos que vem sendo repetido por Coelho em defesa da política de preços, desde que ele ainda ocupava um cargo no MME (Ministério de Minas e Energia). Nesta sexta, ele voltou a lembrar que o Brasil depende de diesel e gasolina importados.
O diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da estatal, Rafael Chaves, acrescentou que preços de mercado são "uma forma democrática" de sinalizar a compradores e fornecedores quais as condições do abastecimento, se é preciso aumentar a oferta ou reduzir o consumo, por exemplo.
"A alternativa ao preço de mercado é o preço tabelado. A gente já viu isso no passado no Brasil e muitos vizinhos tentam também, e isso não funciona", afirmou.
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O mercado financeiro espera para breve novos reajustes, principalmente no preço do diesel, que se descolou das cotações internacionais do petróleo.
Nesta sexta (6), segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço médio do combustível nas refinarias brasileiras está R$ 1,27 por litro abaixo da paridade de importação, conceito usado pela Petrobras em sua política de preços.
"Esperamos que a Petrobras ajuste os preços para cima para garantir o abastecimento de combustíveis no Brasil", escreveram, em relatório divulgado nesta sexta, os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos, do UBS BB.
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Coelho foi indicado pelo governo para substituir o general Joaquim Silva e Luna, demitido após os mega-aumentos de preços anunciados em março para acompanhar a escalada do petróleo após o início da Guerra na Ucrânia.
Mas logo na sua posse defendeu a prática de preços internacionais. Nesta sexta, disse que o resultado do primeiro trimestre é "prova inequívoca de que a Petrobras é uma empresa da qual todos os nossos acionistas e brasileiros podem se orgulhar".
O desempenho foi beneficiado pela valorização do petróleo, maiores exportações e melhores margens na venda de diesel. É 3.718% superior aos R$ 1,1 bilhão registrados no mesmo período de 2021, ainda sob forte efeito da queda nos preços e na demanda provocada pela pandemia.
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Vem logo depois do maior lucro anual da história da Petrobras, de R$ 106,6 bilhões, que levou a empresa a distribuir R$ 101,4 bilhões em dividendos.
Apesar das críticas do próprio presidente, a direção da empresa reforçou nesta sexta sua política de dividendos, que prevê a distribuição de 60% da diferença entre a geração de caixa e a previsão de gastos com investimentos.
"Vamos buscar sempre distribuir o máximo possível do que a gente gera de valor", disse Araújo aos analistas do mercado, que elogiaram o desempenho da empresa na teleconferência e em relatórios divulgados esta sexta.
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